TEXTO ÁUREO
"E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!" (Lc 18.24)
As Escrituras não condenam a aquisição honesta de riquezas, e, sim, o amor a elas dispensado.
Leitura bíblica em classe
Lc. 18: 18-24
Na sequência do estudo do Evangelho segundo Lucas, analisaremos hoje como Jesus Se relacionou com
os bens materiais, notadamente, com relação ao dinheiro.
- Jesus, o homem perfeito, era desprendido dos bens materiais.
I – JESUS ERA DESPRENDIDO DOS BENS MATERIAIS
- Temos visto ao longo deste trimestre que o Evangelho segundo Lucas enfatiza a humanidade de Cristo.
Naturalmente, diante deste perfil dado por Lucas ao Senhor Jesus, uma questão que se teria de tratar é o do
relacionamento de Jesus com os bens materiais, pois, sobre a face da Terra, temos necessidade de nos
relacionarmos com os bens, inclusive para que sobrevivamos durante a nossa peregrinação terrena.
- A primeira referência que temos sobre a posição social que teria o Senhor Jesus em Sua vida terrena
é a da localidade onde morava Maria. O anjo Gabriel foi a uma cidade chamada Nazaré, situada na
Galileia (Lc.1:26). Ora, como vimos na lição 2, Nazaré era uma aldeia insignificante, situada perto de
Séforis, capital administrativa da Galileia, a mostrar, de pronto, a origem humilde de Maria. Este é o
primeiro indicador de que a humilhação de Jesus abrangeria, também, a pertença às camadas populares da
sociedade. Vemos, aqui, então, que Lucas enfatiza o ensino de Paulo de que Jesus, sendo rico, por amor de
nós, Se fez pobre para que, pela Sua pobreza, fôssemos enriquecidos (II Co.8:2).
- A pobreza material de Cristo representava um aspecto de Seu despojamento de glória, de Sua
humilhação. Esta circunstância vai ser realçada no nascimento do Senhor Jesus, quando Lucas mostra como
Jesus nasceu em um estábulo, em situação de completo despojamento material, tendo como berço uma
manjedoura (Lc.2:7). Ao mesmo tempo em que um coro angelical louvava a Deus pelo Seu nascimento,
mostrando a Sua divindade, Cristo nascia numa circunstância de extrema pobreza, sendo um menino envolto
em panos, em meio a animais, na manjedoura.
- De pronto, vemos, pois, que há uma vinculação entre a pobreza material demonstrada por Cristo e a Sua
humilhação para vir ao mundo a fim de nos salvar, a nos mostrar que não é possível dissociar a vida
espiritual da vida material, ou seja, que o nosso relacionamento com os bens materiais retrata a nossa própria
situação espiritual. O ser humano é uma unidade e, desta maneira, não pode separar-se entre vida material e
vida espiritual. Jesus veio como um menino na manjedoura para demonstrar, em termos materiais, a Sua
atitude de Se despojar da glória divina para assumir a humanidade e, nesta condição, obter a nossa salvação.
- A manjedoura como primeiro berço de Cristo é um sinal eloquente do Seu desprendimento dos bens
materiais, que ocorreria durante toda a Sua vida terrena e que deve servir de exemplo para nós. Jesus não
deixou de ser Deus, foi louvado pelos anjos nos céus, mas era completamente desprendido dos bens
materiais, abrindo mão de tudo quanto é terreno para nos mostrar que a posse de bens materiais nada
representa no aspecto material e que devemos ter nosso coração nas coisas celestes e não nas coisas
terrestres.
– Esta situação de pobreza material é reafirmada pelo evangelista quando ele descreve o sacrifício de
purificação de Maria, quarenta dias após o nascimento do Senhor Jesus, quando é dito que foi apresentado
para tal sacrifício uma oferta de um par de rolas ou dois pombinhos (Lc.2:24), que era a oferta daqueles que
tinham condições financeiras mínimas (Lv.12:8).
- Sua condição humilde é reafirmada também quando da narrativa de sua pregação na sinagoga de
Nazaré, quando o Senhor Jesus é chamado de “filho de José” (Lc.4:22), expressão cujo significado
entendemos quando cotejamos este texto com Mt.13:55 e Mc.6:3, quando verificamos que Jesus era
conhecido como o carpinteiro e como o filho do carpinteiro. Jesus era conhecido em Nazaré, lugar onde foi
criado, como um trabalhador, um oficial de carpintaria, ou seja, alguém que dependia de seu trabalho para o
seu sustento, um homem humilde, que dependia de si mesmo para sobreviver.
- Por isso mesmo, quando inicia Seu ministério, deixando de exercer Seu trabalho secular, o Senhor Jesus
tinha de ter ajuda financeira para Se manter, como também a Seus discípulos. Com efeito, era costume dos
mestres judeus do tempo de Cristo ter alguma atividade profissional, que era exercida juntamente com seus
discípulos, para se manterem. No entanto, Jesus não tinha uma escola, um local fixo para ministrar, sendo
um pregador itinerante e, deste modo, não Lhe era possível exercer tal atividade. Lucas, então, mostra que
Jesus era sustentado por mulheres, que serviam com suas fazendas ao Senhor, mantendo-O.
- Jesus, portanto, mostra-nos que é necessário que se tenha o dinheiro para a manutenção da obra de
Deus, mas que isto não significa, de modo algum, que tenhamos de nos prender aos bens materiais ou dar
relevância a este aspecto da obra do Senhor. Jesus precisava ser mantido financeiramente em Seu ministério
e a Divina Providência atuou no sentido de criar condições para que Ele pudesse exercer a Sua obra,
fazendo-o através de mulheres, pessoas que tinham uma situação social desfavorável na sociedade de Sua
época. Jesus dá-nos um exemplo de que devemos confiar em Deus para que Sua obra se realize, realização
que depende de recursos materiais, que vêm a partir do momento que confiamos em Deus e compreendemos
que Ele é o dono do ouro e da prata (Ag.2:8).
- Outra amostra do desprendimento de Cristo em relação aos bens materiais encontramos em Lc.9:57,
quando um candidato a discípulo de Cristo disse que O seguiria para onde Ele fosse, certamente querendo,
com tal afirmação, dizer que estava disposto a pertencer à escola de Cristo. No entanto, Jesus mostrou ser
um mestre diferente dos do Seu tempo, ao dizer que não tinha Ele onde reclinar a cabeça, numa situação
inferior à das raposas, que tinham seus covis ou das aves dos céus, que tinham os seus ninhos (Lc.9:58).
Jesus não tinha sequer uma residência fixa, não tinha uma “academia”, era totalmente privado de bens
materiais.
- Como ensina o comentarista bíblico Matthew Henry, ao assim responder o Senhor a este candidato a
discípulo: “…Cristo lhe dá uma advertência necessária, não prometendo grandes coisas no mundo para
aqueles que o seguem, mas, ao contrário, estes devem contar com a pobreza e a insignificância; porque o
Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça, Podemos considerar isto:
(1) Como uma demonstração da
condição muito baixa em que o nosso Senhor Jesus viveu neste mundo. Ele não só não possuía os deleites e
ornamentos que os grandes príncipes geralmente possuíam, mas nem mesmo as acomodações para as meras
necessidades como até mesmo as raposas e as aves do céu têm. Veja a que grau de pobreza o nosso Senhor
Jesus se submeteu por nós, para aumentar o valor e o mérito de seu pagamento, e para comprar para nós uma
grande porção da graça, para que nós, pela sua pobreza, pudéssemos ser ricos, 2 Coríntios 8.9. Ele, que fez
todas as coisas, não fez uma habitação pra si mesmo nesta terra durante a sua missão, nem uma casa que
fosse sua onde pudesse reclinar a sua cabeça; mas estava trabalhando incansavelmente para preparar uma
moradia excelente para os outros. Ele aqui se denomina Filho do Homem, um Filho de Adão, um
participante da carne e do sangue. Ele se gloria na sua condescendência em relação a nós, não só pela
insignificância da nossa natureza, mas pela condição mais inferior nesta natureza, para testificar do seu amor
por nós, e para nos ensinar um desprezo santo por este mundo e pelas coisas grandes nele, e uma
consideração contínua pelo outro mundo.
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Cristo assim era pobre, para santificar e suavizar a pobreza para o seu povo.…” (Comentário bíblico Novo
Testamento Mateus-João edição completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p. 595).
- Este desprendimento vivido por Cristo é por Ele ensinado aos discípulos. Ao mandar os dez apóstolos
à missão, o Senhor ordenou a eles que não levassem com eles para o caminho nem bordões, nem alforje,
nem pão, nem dinheiro, em tivessem dois vestidos (Lc.9:3), dentro da Sua linha de ação em que primeiro
fazia para depois ensinar (At.1:1).
- Ao dar esta orientação aos Seus discípulos, como ensina William Hendriksen, “…o Mestre diz aos Doze
que nessa viagem (…) não devem levar nada além do absolutamente necessário.(…) A conclusão a que se
chega é que Jesus lhes disse: não devem levar consigo uma túnica extra, mais de um par de sandálias, nem
um cajado ou bordão extra.…” (Lucas. Trad. de Válter Graciano Martins, v.1, p. 630).
- Jesus repete esta mesma instrução aos outros setenta, que também manda em missão (Lc.10:4), a indicar
que os bens materiais são necessários, mas devem ser buscados única e exclusivamente para satisfação das
necessidades básicas e, sobretudo, na obra de Deus, devem ser vistos como algo que será fornecido, na
medida do necessário, pelo Senhor, não sendo senão um acréscimo para a realização de algo bem maior, que
é a da pregação do Evangelho, pregação esta que deve ser acompanhada de sinais e maravilhas que
confirmem a Palavra pregada.
- O ministério de Jesus revela-nos, portanto, que há, sim, necessidade de bens materiais, necessidade
de dinheiro para que possamos nos manter sobre a face da Terra, mas que tais bens não podem
ocupar a proeminência nem a ênfase em nossas vidas. Deus nos garante a abastança e devemos, por
intermédio do trabalho, buscar a nossa sobrevivência, sabendo que, para aqueles a quem o Senhor tem
chamado para realizar a Sua obra em tempo integral, há a promessa de que o Senhor providenciará o
necessário, não devendo tais escolhidos se preocuparem com a sua sobrevivência.
- João Crisóstomo (347-407) mostra bem a relevância das coisas espirituais em relação às materiais nesta
ordem de Cristo, pois afirma: “…Depois de se terem fortificado com Seu trato e adquirido a competente
prova de Sua virtude, os enviou. Por isto segue: ‘E os enviou a pregar o reino de Deus’. Com isto não se
confia algo material, como se tinha confiado aos profetas, que ofereciam a terra e as coisas terrenas, mas a
estes o reino dos céus e o quanto ele contém…”
- Quando Lucas narra o episódio de Marta e de Maria, vemos aqui outra lição de Jesus a respeito da
superioridade das coisas espirituais em relação às coisas desta vida. Enquanto Marta estava preocupada em
tratar de assuntos domésticos, de temas materiais, Maria estava a ouvir os ensinamentos de Cristo e o Senhor
disse que a escolha de Maria tinha sido a melhor, pois cuidar prioritariamente das “coisas de cima” (Cf.
Cl.3:1,2) é a que é realmente necessária, “a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lc.10:42).
- Ao contar a parábola do amigo importuno (Lc.11:5-13), o Senhor Jesus mostrou que há, sim,
necessidade dos bens materiais, pois chama de “boas dádivas” aquilo que um pai de família traz para seus
filhos em termos de sustento e manutenção (pão, peixe, ovo). Não se defende, portanto, uma vida de
ociosidade, um “viver da obra”, que é por muitos exploradores da fé dos irmãos defendido nos dias
hodiernos, prática, aliás, que não é nova, pois já presente na igreja de Tessalônica e veementemente
combatida pelo apóstolo Paulo (II Ts.3:6-12). Devem os pais sustentar seus filhos e, ao fazê-lo, fazem-no
bem, somente não se pode dar prioridade a estas coisas durante nossa peregrinação terrena.
- Esta necessidade dos bens materiais é, também, realçada no chamado “sermão da planície”, quando
o Senhor Jesus diz que Seus discípulos devem ser liberais, ajudando os necessitados. O Senhor diz que
devemos emprestar àqueles de quem não devemos esperar que haja o pagamento (Lc.6:35), devendo dar
àqueles que necessitam, sabendo que teremos uma recompensa da parte de Deus (Lc.6:38). O Senhor aqui
ensina que o desprendimento dos bens materiais deve ter o alcance de ganhamos em favor dos que necessitam, sabendo que o dono de todas as coisas é o próprio Deus e que, em
assim agindo, não estaremos nos privando de nossa sobrevivência, pois ela está nas mãos de um Deus que
sempre nos proverá.
OBS: Como afirma Gregório Nazianzeno (330-390): “…O homem deve evitar o zelo que pode prejudicar os outros e não deve exigir do que
carece de riquezas aumentos de ouro e de prata, porque exigiria um fruto de metais, que são estéreis; daí se segue: ‘emprestais sem nada
esperardes’ etc. Se alguém considera como roubo, ou como homicídio, a exagerada exigência dos que emprestam, não pecará. Por que que
diferença há entre possuir um roubo, perfurando a parede, e possuir ilicitamente o que a usura toma aos necessitados?…”
É na resposta a uma pessoa que, na multidão, pede que Jesus interfira no litígio que estava tendo
com seu irmão a respeito da repartição de uma herança (Lc.12:13-15), que Lucas trará o mais longo
ensino de Cristo a respeito de nosso relacionamento com os bens materiais em seu evangelho.
- Jesus, em resposta a este pedido desta pessoa da multidão, esclarece que Sua missão não é a de ser “juiz ou
repartidor entre os homens”. O Senhor mostra, com muita clareza, que Sua missão era sobretudo espiritual e
não tinha qualquer dimensão material, o que, certamente, era algo inusitado dentro do imaginário judeu a
respeito do Messias, que via o Cristo como alguém que, na condição de Rei de Israel, haveria de julgar as
causas do povo. Como afirma John Nelson Darby: “…o Senhor recusa formalmente fazer justiça em Israel.
Não era essa a Sua missão. Dirige-Se às almas e chama a sua atenção para uma vida que virá depois desta.
E, em lugar de repartir a herança entre irmãos, adverte o povo para se manter em guarda contra a avareza,
ensinando-o por meio da parábola do homem rico afastado deste mundo quando enchia a sua mente de
projetos para o futuro… Ou, ainda, segundo William Hendriksen: “…Ele mesmo fora designado para ocupar-se de uma tarefa
muito mais importante e sublime, a saber, buscar e salvar o perdido (19.10).…” (op.cit., v.2, p.179).
- Jesus deixa bem claro, nesta passagem, que não tinha vindo à terra para resolver os problemas decorrentes
do apego das pessoas às coisas terrenas. É interessante que, após responder àquele homem, o Senhor diz que
Seus discípulos deveriam se acautelar e guardar da avareza, pois a vida de qualquer não consiste na
abundância do que possui.
- Jesus ensina-nos, portanto, que buscá-l’O para satisfazer a nossa vontade de ter bens materiais, tê-l’O
como a solução para que adquiramos bens que, a princípio, não nos cabe, pois, é interessante observar, que,
nas leis de herança existentes entre os israelitas, não havia qualquer regra que obrigasse a repartição da
herança por igual entre os irmãos, tendo o primogênito direito a uma porção maior que os demais (Dt.21:17),
é demonstração de avareza, comportamento que é pecaminoso, pois a avareza é idolatria (Cl.3:5).
- Ao dizer que não havia sido constituído como juiz ou repartidor de heranças, o Senhor Jesus, como nos
ensina Teófilo, ensina-nos que “…não devemos nos inclinar às coisas terrenas…” (In: Cátena áurea.
Lc.12:13-15. Ou, como bem diz Ambrósio (337-397): “…Por esta causa dispensa o terreno Aquele
que desceu pelas coisas divinas. Não quer ser juiz dos pleitos, em árbitro das faculdades, sendo juiz dos
vivos e dos mortos e árbitro dos méritos. Por isso há de considerar não o que se pede mas de quem se pede;
ademais, procura não chamar a atenção das coisas de menor importância a atenção de que se ocupa de
outras mais interessantes. Por esta causa é rechaçado com razão aquele irmão que procurava ocupar o
Dispensador das graças celestes em coisas corruptíveis, quando entre irmãos não deve ser o juiz, senão o
afeto, o que medeia na repartição do patrimônio. E os homens têm de olhar mais o patrimônio da
imortalidade do que o das riquezas…” (Cátena áurea, ibid.).
- Trata-se de ensino importantíssimo, notadamente nos dias em que vivemos, onde, lamentavelmente, o
materialismo tem assumido relevância entre os que cristãos se dizem ser, notadamente por força da teologia
da prosperidade, que nada mais é que uma doutrina totalmente contrária ao que Jesus está a ensinar neste
episódio.
- Jesus não tem como missão trazer prosperidade material a quem quer que seja, não tem como
objetivo dar riquezas materiais cobiçadas por alguém. Bem ao contrário, veio a este mundo para nos
ensinar que “a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”. Como afirma Charles Haddon
Spurgeon: “…Seu Mestre, que é muito mais sábio que você, não Se envolveria com as coisas desta vida e,
costumeiramente, a verdadeira sabedoria sugere que nós, também, deveríamos nos manter à parte delas…”
- A posse de bens materiais não representa qualquer demonstração de espiritualidade, ao contrário do
que pensavam os judeus, como se vê claramente na reação que os discípulos tiveram quando o Senhor, após
aquele diálogo com o chamado “mancebo de qualidade”, que Lucas chama de “príncipe”, quando afirmou
que seria difícil para um rico entrar no reino de Deus (Lc.18:26), pois se entendia que os ricos tinham
alguma vantagem no que concerne à vida espiritual, já que, aquinhoados pelo Senhor com bens materiais,
tinham uma oportunidade a mais para desenvolver a piedade.
- Como afirma Nathan Ausubel: “…quando Deus havia dado a riqueza aos abastados, não as havia entregue
em caráter definitivo, nem como recompensa por suas ações ou por qualquer mérito especial. Era somente
para que a retivessem em custódia para os pobres! Os ricos seriam, assim, meros agentes fiscais de Deus,
por assim dizer, em favor dos pobres! Estender a tzedakah [caridade, observação nossa] aos pobres ‘com
todo o coração’ tinha, portanto, a significação intrínseca de um ato de ‘virtude’. Daí ter-se desenvolvido o
axioma que, se os ricos fossem realmente honestos e tementes a Deus, distribuiriam prazerosamente a
riqueza que retinham em custódia de Deus, entre os inúmeros credores de Deus — os pobres, os doentes, os
desamparados, os necessitados etc. Os mestres rabínicos, que eram homens chegados ao povo,
argumentavam que, se essa dívida para com os pobres não fosse paga — sendo desonestamente retida pelos
‘agentes de Deus’ — então os pobres, quando se vissem lançados no desespero pela miséria de sua
condição, tinham todo o direito de elevar suas vozes ao Céu em amarga queixa…”
- Percebe-se, pois, que a riqueza, para os judeus, se constituía numa oportunidade que era dada por
Deus para se exercer a piedade e que somente se não se a exercesse, cairia o rico na reprovação divina.
É, aliás, a imagem que Jesus traz na história do rico e Lázaro (Lc.16:19-31), onde a injustiça do rico é
demonstrada não pela posse e desfrute dos bens materiais, mas, sim, pela indiferença que o rico tem com
relação a Lázaro, que, mesmo estando à porta da casa do rico, nunca fora por ele ajudado.
- No entanto, Jesus mostra um outro lado da riqueza, qual seja, o perigo que têm os ricos de se
apegarem às coisas materiais e, em virtude disto, perderem a salvação de sua alma, já que as riquezas
materiais, quando passam a possuir o nosso coração, constituem-se em obstáculo para a salvação. Assim,
embora a riqueza não seja um mal em si, deve ser considerada como algo secundário, que jamais pode se
sobrepor à nossa busca das coisas celestiais.
- O despojamento de Jesus de todo e qualquer bem material, Sua vinda a este mundo como uma
pessoa pobre é um sinal de que a humanidade perfeita, aquela de acordo com a vontade de Deus,
independe da posse de bens materiais, que são acréscimos necessários, mas que não passam de acréscimos
ao que realmente é essencial na vida humana, que é a busca do reino de Deus (Lc.12:31).
- É importante salientar que o Senhor Jesus não “demoniza” a riqueza. Prova disso é o episódio que
envolve o publicano Zaqueu (Lc.19:1-10). Zaqueu era rico, mas ansiava por ver Jesus. O Senhor o
encontra na figueira brava onde o publicano estava, dizendo que convinha a Ele pousar na casa daquele
homem.
- Ao dizer que convinha a Ele pousar na casa de Zaqueu, Jesus nos mostra que a riqueza não é um mal em si.
Jesus trata igualmente tanto a ricos quanto a pobres e, deste modo, não está a ensinar que devemos ser pobres materialmente para podermos seguir a Cristo. Jesus não ensina uma “teologia da pobreza”, como
defendem alguns por aí. Do mesmo modo que não veio o Senhor para enriquecer materialmente pessoa
alguma, também não veio dizer que as riquezas são um mal em si e que ninguém pode servi-l’O se, antes,
não se despojar de seus bens materiais.
- Neste episódio envolvendo o publicano Zaqueu, vemos, mais uma vez, que o que o Senhor Jesus deseja é
que as pessoas se desprendam dos bens materiais. Os publicanos eram conhecidos como pessoas desonestas,
que se serviam de seu ofício de cobrança de impostos para se enriquecer, sendo, por isso mesmo,
desprezados pelos judeus, que os viam como pessoas ímpias. Publicano era sinônimo de pecador (Mc.2:16;
Lc.5:30; 19:7), um preconceito surgido dentro de um justificado sentimento nacionalista, já que os
publicanos eram os agentes da extrema exploração efetuada pelo governo romano, sendo, assim, verdadeiros
traidores da Pátria, na medida em que eram os principais responsáveis pela servidão política de Israel.
- Quando Zaqueu, certamente tocado pelas palavras proferidas pelo Senhor Jesus em sua casa, resolve dar
metade dos seus bens aos pobres e promete ressarcir aqueles de quem havia indevidamente tomado bens, o
Senhor Jesus diz que a salvação havia chegado àquela casa, ensinando-nos que não há como sermos salvos
se não nos desprendermos dos bens materiais. Observemos que Zaqueu não abriu mão de todo o seu
patrimônio, não fez “voto de pobreza”, mas, pelo simples fato de ter se desprendido de seus bens materiais,
aceitando doar metade aos pobres e ressarcir aqueles que havia prejudicado, foi o suficiente para que
pudesse alcançar a salvação.
- Vemos, pois, que o Senhor Jesus mostra que o nosso relacionamento com os bens materiais expõe a
nossa vida espiritual. Não é o fato de alguém ser rico ou pobre que determinará se ele serve, ou não, a
Deus, mas, sim, o seu comportamento com relação aos bens materiais. Se for desprendido deles, se eles
forem vistos como acréscimos, isto é sinal de que a pessoa serve efetivamente ao Senhor; caso contrário,
mesmo que não tenha bens, estará comprometendo a sua eternidade, visto que tem seu coração preso às
coisas desta vida, pois de nada adiante ajuntar tesouros e não ser rico para com Deus (Lc.12:21).
II – OS ENSINOS DE JESUS SOBRE A POSSE DE BENS MATERIAIS: A PARÁBOLA DO RICO
INSENSATO
- No contexto da reação de Cristo ao pedido de intervenção num litígio sobre herança, Lucas traz dois
ensinos do Senhor que sintetizam a Sua doutrina sobre o nosso relacionamento com as coisas
materiais: a parábola do rico insensato (Lc.12:13-21) e o discurso sobre a solicitude da vida (Lc.12:22-
34).
- A parábola do rico insensato tem o objetivo de mostrar que a vida não consiste na abundância do
que se possui. Jesus fala da herdade de um homem rico que tinha produzido em abundância e cuja
preocupação era a de não tinha onde recolher os seus frutos.
- De pronto, percebemos que o homem já era rico quando ocorreu a produção abundante. Ao dizer que o
homem já era rico, Jesus nos mostra, com nitidez, que a riqueza em si não é nenhuma demonstração de
espiritualidade ou de bênção divina, como defende a teologia da prosperidade.
- Aquele homem era rico, mas, quando teve produção em abundância, em momento algum pensou ser um
“devedor de Deus”, dentro da conceituação judaica. Tratava-se de um homem avarento, que pensava
somente em si. Em vez de observar que a produção em abundância era uma oportunidade para repartir o que
tinha com os que necessitavam, sua preocupação foi a de que não tinha onde recolher todos os frutos. Era
uma pessoa ensimesmada que não conseguia enxergar o próximo nem tampouco as suas necessidades.
OBS: “…Que havia de errado com esse agricultor? O fato de ser bem-sucedido? Por certo que não. Em nenhum lugar da Escritura se condena
o êxito ou a riqueza como tal. Deus nunca repreendeu às seguintes pessoas por serem ricas: Abraão, Salomão, Jó, José de Arimateia (veja
Gn13.2; lRs 3.10-13; Jó 42.12; Mt 27.57). E então? Teria ele adquirido sua riqueza por meios desonestos? Não há nada no texto que indique
isso. Ao contrário, nos fica a clara impressão de que esse homem tinha enriquecido por que Deus havia abençoado o trabalho de suas mãos, e fez
com que seu campo fosse tão fértil a ponto de produzir uma colheita abundante.(…) Em primeiro lugar, o homem rico revela que não se
conhece. Não compreende que seu corpo é mortal e necessariamente não viverá ‘muitos anos’. Além disso, não leva em conta o fato de que a ‘abundância de bens’ em que está se regozijando não pode satisfazer a alma. Sua alma não tem nada! Em segundo lugar, não leva em conta as
necessidades dos demais. É totalmente egoísta. No original grego, as palavras eu, meu e minha ocorrem um total de doze vezes nesse parágrafo.
Há oito eu e quatro meu e/ou minha. Deveria ter levado em conta que havia outras pessoas que eram carentes de parte desse grão. Não nutria
alegria de dar generosamente. Só conseguia pensar em derrubar os velhos celeiros ou depósitos a fim de construir outros maiores nos quais
pudesse armazenar seu grão para si etc.…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., v.2, pp.180-1).
- Este comportamento egoístico é estimulado pela teologia da prosperidade. Quando vemos os vários
“testemunhos” veiculados pela mídia por parte dos apologetas desta falsa doutrina, jamais vemos qualquer
preocupação com o próximo. As pessoas dizem ter enriquecido, terem bens em demasia, mas, em momento
algum, dizem que, com esta abundância material, começaram a ajudar o próximo, a cuidar daquele que
necessita. Pelo contrário, o discurso é que as pessoas que nada têm, que estão precisando de ajuda, são
pessoas despidas de fé em Deus, pessoas que não servem verdadeiramente ao Senhor. Que diferença daquilo
que Jesus nos ensina!
- A posse de bens materiais, embora não seja um mal em si, é um chamariz para este egoísmo, para
esta atitude que em tudo contraria o homem perfeito mostrado em Cristo Jesus pelo médico amado. O
homem perfeito volta-se para o próximo, é compassivo, procura sentir o que os outros estão sentidos. Este
homem da parábola, no entanto, apenas pensava em si, era completamente indiferente ao outro e, por isso,
diante de uma produção em abundância, certamente uma bênção divina, não só não pensou sequer em
agradecer a Deus, como também não pensou um momento sequer no próximo, tendo tido como reação
apenas a dificuldade de armazenamento de tantos frutos.
- Diante desta “dificuldade”, o rico pensou apenas em derribar seus celeiros e edificar outros maiores, a fim
de que pudesse reconhecer as suas novidades e os seus bens. Temos aqui o retrato do homem que confia em
suas riquezas: ele entende que tudo quanto possui é seu, que é realmente o dono de todas as coisas e, mais
do que isto, apresenta-se como ganancioso, cobiçoso de querer mais e mais. Seu objetivo era construir
celeiros ainda maiores, para poder abrigar tudo quanto produziu e ter condições de, em havendo ainda maior
produção, pudesse usufruir ainda mais do que possuía. Para ele, a vida resumia-se única e exclusivamente no
possuir. É exatamente o raciocínio defendido e propagado pela teologia da prosperidade. Como bem diz o
pregador: “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará
da renda; também isso é vaidade” (Ec.5:10).
OBS: “…A princípio a pessoa não fez nada de mau. Diante de todo o mundo ele se apresenta como cidadão sábio, sendo muito laborioso,
eficiente e bem-sucedido em sua profissão, mas não deixa de ser um tolo perante Deus. O agricultor diz a si mesmo: “Meus produtos, meu
armazém, meus bens, minha alma”, como se tudo isso pertencesse unicamente a ele, como se ele pudesse dispor apenas por si só e por decisão
própria. – Ele perceberá que tudo isso não lhe pertence. Igualmente são bem característicos os seis “eu” do agricultor: que farei eu – não tenho –
onde eu – hei de – eu quero – eu direi.…
- Na mente deste homem mesquinho, que tinha uma visão voltada única e exclusivamente para as coisas
desta vida, após a construção dos novos celeiros, poderia dizer à sua alma que ela poderia ter em depósito
muitos bens para muitos anos, podendo, então, descansar, comer, beber e folgar.
- Tal mentalidade é totalmente equivocada. Por primeiro, porque a alma não pode viver única e
exclusivamente das coisas desta vida, pois ela é imortal, imaterial e, portanto, não pode jamais se saciar
com bens materiais. A alma, pela sua própria natureza, inclina-se para as coisas celestiais, para as coisas de
Deus, para as coisas eternas. Como diz o salmista, ela tem sede de Deus (Sl.42:2), necessidade de entrar em
comunhão com o Senhor.
- A proposta materialista, tão em voga em nossos dias, procura satisfazer a alma, que é a sede de nossa
vontade, razão e sentimentos, com as coisas deste mundo, o que é absolutamente impossível, visto que a
alma somente se satisfaz em Deus.
- Por segundo, aquele homem disse que teria muitos anos de vida, mas quem poderia garantir isto para
ele? Quem disse que aquele homem viveria ainda muitos anos após a construção dos novos celeiros?
Tratava-se de uma presunção imensa. Aquele homem somente viveria se Deus quisesse, mas ele havia
retirado Deus de sua vida, não levava Deus em consideração. Sua tolice era tanta que, na parábola, é dito
que, naquele mesmo momento, Deus lhe diz e diz que, naquela mesma noite, sua alma seria pedida e, portanto, tudo quanto planejara tinha sido em vão. Não podemos ter jamais esta presunção, mas, como
ensina Tiago, o irmão do Senhor, sempre devemos fazer nossos projetos lembrando que os mesmos somente
se realizarão se o Senhor quiser (Tg.4:13-17).
- Por terceiro, aquele homem considerou que o objetivo da vida é descansar, comer, beber e folgar.
Trata-se de uma visão inadmissível da vida, que entende a vida apenas como uma realidade horizontal, como
algo ligado única e exclusivamente à nossa peregrinação terrena, num total desprezo a respeito da
eternidade. Esta visão de vida, lamentavelmente, é a visão que muitos que cristãos se dizem ser têm na
atualidade. Entretanto, diz o apóstolo Paulo que quem espera em Cristo apenas para as coisas desta vida é o
mais miserável de todos os homens (I Co.15:19). A vida nesta Terra é passageira, é apenas um pequeno
instante. Há toda uma eternidade a nos esperar e não podemos reduzir nossa existência a este momento
passageiro que passamos aqui neste planeta.
- Este homem, por causa desta equivocada mentalidade, é chamado na parábola de “louco” pelo
próprio Deus. Ter, pois, uma visão materialista, prender-se às coisas desta vida e às riquezas, portanto,
trata-se de um loucura, de uma insensatez, comportamento que devemos evitar a todo custo.
- Jesus conclui, portanto, ao contar esta parábola que prender-se aos bens materiais, ter seu coração nas
riquezas é uma loucura e todos quantos ajuntam tesouros e não são ricos para com Deus são espiritualmente
loucos e insensatos, pessoas que, se não se arrependerem desta conduta, estarão eternamente perdidos. Que
Deus nos guarde!
III – OS ENSINOS DE JESUS SOBRE A POSSE DE BENS MATERIAIS: O DISCURSO SOBRE A
SOLICITUDE DA VIDA
- Mas, depois de ter contado a parábola do rico insensato, Jesus continua a ensinar a respeito da posse de
bens materiais, através do chamado discurso sobre a solicitude da vida, que se encontra em Lc.12:22-34.
- Este discurso, que Lucas coloca logo após a parábola do rico insensato, continua a falar sobre o perigo de
nos prendermos às coisas materiais, de colocarmos nosso coração nas riquezas. Como afirma Teofilato:
“…O Senhor se eleva pouco a pouco a uma doutrina mais perfeita. Ensinou antes que deve evitar-se a
avareza e acrescentou a parábola do rico, demonstrando, por ela, que é um néscio quem tem apetite pelas
coisas supérfluas. Depois, continuando o Seu discurso, não permite que nos ocupemos com afã nem das
coisas que nos são necessárias, arrancando a raiz da avareza. Por isso acrescenta: ‘Portanto vos digo, não
estejais apreensivos pela vossa vida’, como dizendo que se trata de um néscio o que se promete uma vida
longa e, por isso, se torna ambicioso.
- É interessante que o discurso é voltado para os discípulos, a mostrar que se trata de um assunto
importante para quem serve a Jesus, evocando-se aqui, uma vez mais, um ensino do apóstolo Paulo, que
nos alerta que o amor ao dinheiro é um fator que pode nos desviar da fé (I Tm.6:9,10), uma realidade
que temos vivenciado, com tristeza, em nossos dias, dias em que muitos que cristãos se dizem ser têm se
desviado da fé por causa do dinheiro, como, aliás, foi profetizado por Pedro (II Pe.2:1-3).
- Como afirma William Hendriksen: “…Em outros termos, a preocupação com o que comer e com o que
vestir não se coaduna com uma pessoa que compreende que sua vida e seu corpo estão sob o cuidado
constante de Deus, e que Deus, e tão somente ele, é quem determina o limite da duração da vida de qualquer
pessoa (veja vs. 6, 7, 20). Além do mais, quem proporcionou o maior, isto é, a vida e o corpo, não dará
também o menor, isto é, o alimento e o vestuário?…” (op.cit., v.2, p.183).
- Como afirma Matthew Henry: “…O Senhor os exorta a não ficarem apreensivos com os cuidados
perturbadores e desconcertantes pelas coisas necessárias para a manutenção da vida: Não estejais
apreensivos pela vossa vida, v. 22. Na parábola anterior, Ele havia nos dado aviso contra o ramo da avareza do qual os ricos estão em maior perigo; ou seja, uma complacência sensual quanto à abundância dos bens
deste mundo. Agora os seus discípulos poderiam pensar que não estavam correndo este risco, pois eles não
tinham fartura nem variedade em que pudessem se gloriar. Portanto, o Senhor aqui os adverte contra um
outro ramo da avareza, ao qual eles estão mais sujeitos à tentação, o de terem apenas um pouco neste mundo
(que, na melhor hipótese, era o caso dos discípulos, muito mais agora que haviam deixado tudo para seguir a
Cristo), sentindo uma ansiosa solicitude pelas coisas que são necessárias para a manutenção da vida…”
(op.cit., p.625).
- O desapego aos bens materiais é uma demonstração da nossa fé em Deus e da compreensão do que é
verdadeiramente prioritário nesta vida. Somente quem considera como prioridade o reino de Deus, como
o essencial o nosso relacionamento com Deus, como o mais importante a eternidade é que pode se
desprender das coisas materiais e confiar em Deus, que garante que teremos o necessário, o suficiente para a
nossa sobrevivência durante a nossa peregrinação terrena.
- Jesus mostra que Deus sustenta toda a criação, dá o sustento a todos os seres, que são inferiores ao
homem, e, portanto, diante de tal demonstração, por que haveríamos de ficar preocupados com a
nossa sobrevivência, nós que somos mais importantes que o restante da criação terrena? Ante tais
fatos, como podemos deixar de confiar em Deus e crer que Ele nos sustentará? Logicamente que esta
Providência Divina não nos dispensa do trabalho, mas tem de ser suficiente para que demos prioridade ao
que é realmente importante, que é o reino de Deus. As coisas materiais devem ser vistas tão somente como
acréscimos.
OBS: A não dispensa do trabalho fica evidenciada neste comentário de João Crisóstomo: “ Quando diz: não andeis solícitos não quer dizer não
trabalheis, senão que não absorvam nossa alma as coisas deste mundo, pois podemos trabalhar sem quem nos turbe a inquietude” (In Matthaeum
hom.22. I - “…O empenho maior pelo reino de Deus pode ter certeza de seu sucesso. Os discípulos, como herdeiros
desse reinado, não devem ter medo diante do poder hostil deste mundo, mas tampouco preocupar-se com os
bens terrenos. Visto que no futuro esse reino alcançará plena concretude e manifestação, o Senhor demanda
uma prontidão permanente para acolher o Rei que retorna. Em decorrência, a busca verdadeira pelo reino de
Deus consiste na confiança que crê e espera pela revelação do desígnio divino de graça e permanece em
permanente prontidão pela volta do Senhor. Em consequência, a busca correta é deixar-se encher
permanentemente com toda a riqueza do eterno reino glorioso vindouro de Deus. - No término deste discurso, Jesus fala a respeito da necessidade que temos de dar esmolas, mostrando, com
tal atitude, que somos desapegados dos bens terrenos e que estamos a buscar as coisas celestiais, como prova
de que não queremos ajuntar tesouros na terra, mas única e exclusivamente no céu.
- “…Nos vv. 32-34 chegamos a um tema de vital importância no evangelho de Lucas. Embora de certo
modo haja um paralelismo com Mateus 6:19-21, Lucas 12:32,33a e passagem singular nesse evangelho. Os
discípulos devem estar prontos e dispostos a dar esmolas aos pobres, porque a vosso Pai agradou dar-vos o
reino. O reino de Deus tem valor superlativo, sobrepuja a tudo. Nada deve permanecer no caminho do reino,
nada deve prejudicar o avanço do reino. Se o crente tiver uma perspectiva apropriada quanto a seus bens
terrenos, acumulara riquezas celestiais. Os tesouros guardados no céu não serão perdidos, dados a outrem,
como aconteceu ao rico insensato. Nos céus, as bolsas não terão buracos por onde se escoa seu conteúdo e
se perde; o ladrão não chega para roubar no céu,tampouco a traça consome tudo. A essência do princípio
está sumarizada
no v. 34. Seja como for o seu coração, e nele que a pessoa deposita seu tesouro. As pessoas colocam seu
tempo, suas energias e recursos naquilo a que atribuem valor, as coisas que lhes são caras ao coração. Se
investimos recursos materiais em coisas materiais, isso seria um sinal de que valorizamos o mundo material
e não o reino de Deus. Entretanto, o crente que usa seus recursos pessoais para ajudar as pessoas
necessitadas, e para dar progresso aos trabalhos do reino de Deus, demonstra ter um coração voltado para a obra de Deus.…”
- Precisamos dos bens materiais enquanto aqui estivermos na Terra, mas não podemos nos prender a eles,
mas, sim, crermos que Deus nos dará o suficiente, desde que demos prioridade ao que realmente é
importante, que é o reino de Deus.
Que aprendamos esta importante lição do Salvador para que não
percamos a vida eterna.
Meu sincero desejo de que esta Lição possa mudar muito de seus conceitos e até de sua fé.
Viva vencendo, enquanto pode adquirir conhecimento!!!
Seu irmão menor.
Abraços.
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