TEXTO ÁUREO
Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim
como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa pascoa, foi sacrificado por nos.
( 1 Cor 5.7 )
VERDADE
PRATICA:
A Pascoa comemorava a libertação do Egito. A Ceia do Senhor celebra a
libertação do pecado.
LEITURA
BÍBLICA:
Lucas 2.27-20
A
narrativa da paixão de Cristo inicia-se em Lucas 22. Nos primeiros 38
versículos o leitor lê sobre a traição contra Jesus, a ceia da páscoa e as
instruções finais a seus discípulos, antes de sua prisão. A maior parte do
texto de Lucas é originária de Marcos 14:1-31, podendo ser dividida nas
seguintes partes: (1) a conspiração dos líderes religiosos (vv. 1,2); (2) Judas
trai a Jesus (vv. 3-6); (3) os preparativos para a páscoa (vv. 7-14); (4) a
ceia do Senhor (vv. 15-23); (5) o ensino a respeito de grandeza no reino (vv.
24-30); (6) predição da negação de Pedro (vv. 3 1-34) e (7) palavras de Jesus
sobre as duas espadas (vv. 35-38).
22:1,2
/Uma das razões por que os principais sacerdotes e os escribas queriam renovar
seus esforços no sentido de eliminar a Jesus na época da páscoa (v. a nota
abaixo) era que Jesus, à semelhança de muitos outros judeus, estaria presente
em Jerusalém para a celebração dessa festa, o que proporcionaria às autoridades
religiosas a melhor oportunidade para prendê-lo. Se demorassem em tomar
providências, Jesus poderia sair de Jerusalém, escapando de suas mãos. Outra
razão talvez se relacionasse à própria festividade.
Durante a
páscoa os sentimentos políticos estavam exacerbados, pois os habitantes da
cidade e os peregrinos refletiam sobre o ato salvífico de Deus que libertara
seus ancestrais da escravidão do Egito. Tais reflexões com freqüência
estimulavam esperanças messiânicas a respeito da libertação do jugo opressivo
da Roma imperial. Como revelou a entrada triunfal (19:28-40), Jesus havia
adquirido “status” messiânico (quer o povo o houvesse entendido, quer não),
pelo menos na mente de uma parte do povo. Tal fato dificilmente passaria
despercebido pelas autoridades religiosas, particularmente os saduceus, a
classe sacerdotal aristocrática, que temia as conseqüências sociais e
econômicas oriundas de uma insurreição.
No
entanto, prender a Jesus abertamente poderia desencadear a tal insurreição que
os saduceus tanto temiam. Portanto, era necessário que se encontrasse um meio
de eliminar Jesus silenciosamente. Por isso é que a traição proposta e
executada por Judas era tão importante para as autoridades.
22:3-6
/Lucas omite o relato de Marcos a respeito da unção de Jesus emBetânia (Marcos
14:3-9), talvez porque o evangelistajá havia falado de um incidente semelhante
(v. Lucas 7:36-38), e revela forte tendência para evitar repetições. Lucas sai
de imediato de sua informação sobre as autoridades religiosas que tentam
eliminar a Jesus de modo secreto, e inicia o relato da traição perpetrada por
Judas. Dos evangelistas sinóticos, só Lucas informa que Satanás entrou em Judas
(cf. João 13:2,27).
Fitzmyer
(p. 1374) mostra que o terceiro evangelista ficou “perplexo, não sabendo bem
como explicar a sinistra traição de Jesus por um dos seus discípulos” e não
consegue encontrar outra explicação senão essa, a da influência satânica. Pode
ter sido assim, mas o fato de a mesma idéia aparecer também no quarto evangelho
sugere que a idéia de Satanás entrar em Judas fazia parte da tradição da paixão
de Cristo. Lucas achou que isso explicava melhor o comportamento de Judas, que,
de outra forma, é inexplicável.
Judas foi
oferecer às autoridades religiosas a oportunidade exata que estavam procurando.
Visto ter sido ele um dos doze, sabia onde o grupo se reunia à noite, quando
então todos estariam a sós. Consolidada a perversa transação, Judas começou a
buscar oportunidade para lhes entregar Jesus, sem a multidão saber.
22:7-14 /
Tendo como pano de fundo a sinistra conspiração entre Judas e as autoridades
religiosas, Jesus e seus discípulos iniciam os preparativos para a ceia de
páscoa. Lucas observa que Jesus enviou Pedro e João (Marcos 14:13 diz apenas
“dois de seus discípulos”) a Jerusalém a fim de encontrar-se com um homem
levando um cântaro de água (tarefa usualmente executada pelas mulheres), a quem
entregariam o recado do Mestre. O dono da casa, dizo Senhor aos dois discípulos,
vos mostrará um grande cenáculo mobiliado.É ali que os discípulos deverão
fazeros preparativos. É provável que Lucas não tencione que seus leitores
entendam serem essas coisas miraculosas, mas apenas que, em mais uma situação,
Jesus está controlando tudo com firmeza. Jesus com muita deliberação executa os
pormenores finais de seu ministério.
22:15-23/A
solene declaração de Jesus no v. 15 revela quanto estivera aguardando aquela
última ceia de páscoa. Ele a antevia com fervor, não porque estivesse aguardando
a própria morte (v. o v. 42), mas porque poderá celebrar uma Nova Aliança em
seu sangue. No v. 16 Jesus declara que não mais a comerá [a páscoa] de novo até
que ela se cumpra no reino de Deus. O sentido exato dessa declaração é incerto,
mas provavelmente faz paralelocom o voto de Jesus no v. 18. O Senhor não comerá
da páscoa nem beberá do vinho até que venha o reino de Deus. (O cálice bebido
no v. 20 não constitui violação desse voto, porque este entra em vigor só
depois da ceia de páscoa.)
O relato
de Lucas é inusitado por causa da menção do cálice em primeiro lugar (v. 17),
seguido da tradicional seqüência pão/cálice, dos vv. 19 e 20. Alguns
manuscritos gregos omitem metade do v. 19 e todo o v. 20. Alguns comentaristas
acreditam que essa forma mais curta é original, tendo os vv. 1 9h e 20 sido
acrescentados a fim de restaurar a seqüência tradicional pão/cálice. Igualmente
plausível, no entanto, é a teoria segundo a qual alguns escribas cristãos
primitivos decidiram omitir os vv. 1 9h e 20, a fim de eliminar o segundo
cálice (ou então a omissão não foi proposital).
Nada há de
inusitado na menção de um segundo cálice, visto que numa refeição pascal havia
quatro cálices para ser bebidos (v. m. Pesahi,n 10.1-7). O cálice mencionado no
v. 17 pode ter sido o primeiro cálice, junto com o qual se bendizia o nome de
Deus por sua dádiva do vinho; ou o segundo cálice, em que se levanta o
significado da páscoa, o que suscita uma resposta do pai ou, no contexto do
evangelho, de Jesus. O que Jesus declara nos vv. 1 7b e 18 pode muito bem ser
um resumo de sua explicação do significado da páscoa no que ele próprio está
envolvido. Em vez de olhar para trás, para o Êxodo, Jesus está olhando para a
frente, para o reino de Deus.
Nos vv. 19
e 20 a “instituição” da ceia do Senhor é feita para todos os cristãos. pão é
partido, e Jesus o descreve como o seu corpo, que por vós [os discípulos] é
dado. Todos os cristãos devem participar desse ritual em memória de mim
[Jesus], De modo semelhante, Jesus distribuiu um cálice (o terceiro cálice, o
“Cálice da Bênção”), que o Senhor descreve como o cálice da Nova Aliança no meu
sangue derramado por vós, isto é, pelos seus discípulos de todas as épocas
(Marcos 14:24: “Isto é o meu sangue... que é derramado por muitos”). Jesus vai
derramar seu sangue (talvez como alusão a Isaías 53:12) a fim de estabelecer
nova aliança.
Essa nova
aliança sem dúvida deve ser entendida sob o aspecto da aliança mencionada em
Jeremias 31:31, a “nova aliança” que está escrita não em tábuas de pedra, mas
nos corações (cf. 2 Coríntios 3:3,6).
A ceia
termina com a declaração de Jesus de que a mão do traidor está comigo [com
Jesus] à mesa. As coisas deverão ser assim mesmo, porque o Filho do homem vai
segundo o que está determinado. Jesus declara assim que seu destino é
inevitável, e parte desse caminho inevitável é a traição. No entanto, essa
traição será terrível para aquele por intermédio de quem [Jesus] é traído.
Embora o destino de Jesus faça parte do plano de Deus, nãohá desculpa para o
traidor. Os discípulos estão chocados e começaram a perguntar entre si qual
deles seria o que havia de fazer isto. Tão grande deslealdade era
incompreensível para eles.
22:24-30 /
A conversa muda de repente para a questão de qual deles parecia ser o maior.
Estando essa passagem onde está, constitui fato singular em Lucas. Marcos não
nos fala de mais alguma conversa na mesa.
O texto de
Lucas parece nova fusão de textos a respeito de uma discussão semelhante
registrada em Marcos 10:42-45, trecho que Lucas omitiu (cf. Marcos 10:32-52 com
Lucas 18:31-43; ninguém repara que Lucas omite Marcos 10:35-45). De vez em
quando Lucas insere algumas minúcias, trechos desse texto omitido (v. Lucas
12:50) em novos contextos. Essa passagem poder ser novo exemplo disso. Alguém
poderia questionar a lógica de colocar esse diálogo imediatamente depois da
declaração de Jesus de que vai ser traído nos vv. 21 e 22. Fitzmyer (p. 1412)
provavelmente tem razão ao propor que, se o pior discípulo é aquele que vai
trair seu Senhor, quem dentre eles é o maior?
Essa
passagem compreende na verdade duas partes: a discussão a respeito de quem é o
maior (vv. 24-27) e o pronunciamento de Jesus de que seus discípulos um dia
governarão a seu lado (vv. 28-30), sendo essa segunda parte uma unidade bem
distinta (provavelmente saiu da fonte original de enunciados de Jesus; cf.
Mateus 19:28). A maior parte das pessoas deseja exercer poder sobre outras
pessoas; é isso que as pessoas julgam torná-las grandes.
Entretanto,
para os seguidores de Jesus não é esse o caminho.
O maior
entre vós, isto é,o maior entre os discípulos de Jesus seja como o menor (ou “o
mais insignificante”). O cristão quegoverna seja como quem serve. No v. 27
Jesus formula uma pergunta a respeito de convenções sociais; a resposta é
óbvia:
Quem está
à mesa sem dúvida é maior do que aquele que serve. Quem está sentado é o
senhor, e quem está servindo ao senhor é o servo. Entretanto, entre os
cristãos, seguidores de Jesus, não deve ser assim, pois o próprio Jesus deu o
exemplo (v. João 13:4-17).
Jesus
explica nos vv. 28-30 que virá uma época de vingança e de exaltação para seus
servos fiéis. Visto que eles permaneceram fiéis durante todas as tentações de
Jesus, podem ter certeza de que vão participar do governo do reino (eu o confio
a vós; v. a nota abaixo). Essa declaração pode parecer estranha à luz da
deserção dos discípulos no momento em que Jesus é preso. Entretanto, esse
pormenor é omitido por Lucas. Embora Lucas mantenha a tradição da negação de
Pedro (22:54-62), na predição dessafalha do apóstolo, que vem a seguir, Lucas
registra também a profecia do arrependimento e da restauração deste apóstolo (v.32).
22:31-34 /
Os vv. 31 e 32 são singulares em Lucas; os vv. 33 e 34 parecem ser modificações
de Marcos 14:29-31. Embora o que ele tenha de dizer se aplique a todos os
discípulos, Jesus fala a Simão (Pedro), que é o porta-voz deles. Na parte que é
singular a Lucas (vv. 31,32) Pedro é advertido de que Satanás vos pediu para
vos peneirar como trigo. Em outras palavras, Satanás deseja testar severamente
os discípulos com o propósito de destruir- lhes a fé. Esse perigo não pode ser
encarado levianamente. É tão grave, que Jesus assegura a Pedro ter orado por
ele (eu roguei por ti) para que a fé não desfaleça.
À luz da
negação de Pedro, que logo acontecerá, esse desfalecimento da fé diz respeito a
algo muito mais grave do que esse lapso temporário. É provável que a idéia
prevalecente seja que depois da negação Pedro fosse tentado a abandonar de vez
sua fé em Jesus. Entretanto, isso não acontecerá por causa da oração
intercessória de Jesus. Pedro sofrerá uma queda momentânea, mas se recuperará e
voltará a Jesus, e a seguir estará apto a fortalecer seus irmãos (como se vê
dramaticamente em Atos l—5, em que Pedro se transforma no ousado porta-voz e
líder da igreja nascente).
No
entanto, Pedro deseja afirmar sua lealdade ao Mestre (v. 33). Ele está pronto,
declara Pedro, a ir contigo {com Jesus] para a prisão e para a morte. Há ironia
nessa declaração bem-intencionada, porque na verdade Pedro vai sofrer
encarceramento (Atos 5:1 8; 12:3) e martírio (de acordo com uma antiga tradição
da igreja); no entanto, naquela hora escura sua fé estremecerá. É quando Jesus
profetiza que não cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me
conheces.
22:35-38 /
Esses versículos não encontram paralelismos fora de Lucas, pelo que em geral se
julga terem derivado de uma fonte especial do evangelista. Os vv. 35 e 36a
pressupõem o envio dos doze em 9:1-6 e dos setenta (e dois?) em 10:1-12. Os
apóstolos nessas ocasiões viajaram sem bagagem (sem bolsas, objetos e
sandálias); dessa vez vão precisar de provisões, visto que o ministério que os
aguarda será longo e difícil. Na verdade, será tão difícil que era preciso que
se armassem de uma espada. A espada é símbolo da violência e oposição que os
discípulos de Cristo haveriam de enfrentar. É símbolo especialmente apropriado
para Jesus, de acordo com o v. 37, pois o Senhor vai partilhar o destino de
criminosos (alusão a Isaias 53:12).
Isso se
comprova mais vividamente na crucificaçãodo Senhor entre dois criminosos, em
23:33 e talvez no emprego inoportuno e infeliz que Pedro faz da espada,
literalmente, em 22:49,50. Pode estar aí também a idéia de que Jesus e seus
discípulos teriam sido classificados pelos seus adversários como bandidos “fora
da lei” (como se vê em Atos). Para Tannehill (p. 267), Jesus sabe que seus
discípulos temporariamente se apartarão do caminho do verdadeiro discipulado e
agirão como criminosos:
“A ordem
de Jesus não faz que algo aconteça, mas revela o que os discípulos já haviam
feito, de medo”. Provavelmente o autor está certo.
O âmago
das observações dc Jesus é completamente mal-entendido por seus discípulos, que
exibem duas espadas. Com o espírito do entusiasmo popular messiânico, seus
discípulos estão dispostos a pegar cm armas. Como dissera Pedro momentos antes,
estão todos dispostos a ir para a prisão, até a morrer.
Entretanto,
Jesus está desapontado (a menos que tenha entendido os comentários de seus
discípulos em sentido figurado) por causa da falta de percepção, e encerra a
discussão com estapalavra: Basta. (A NVI traz “É o suficiente”. “Chega disso”
seria mais claro; v. Fitzmyer, p. 1434; cf. 22:51; ou “essas bastam” para o
cumprimento de Isaias 53:12). Esse diálogo confirma que os discípulos
dificilmente estariam preparados para o que vai acontecer logo mais. A
incapacidade deles de enfrentar corretamente as provações vindouras é
dramatizada no próximo episódio.
Notas
Adicionais
22:1 / A
festa dos pães asmos, chamada páscoa na verdade eram duas festas. A páscoa era
celebrada no dia 14 de Nisã (aproximadamente em primeiro de abril), e a festa
dos pães asmos na semana seguinte, 15-21 de Nisã. Originariamente a festa dos
pães asmos celebrava o início da colheita, mas depois passou a ser celebrada
junto com a páscoa. Nessa festa só se podia comer pão sem fermento. Em hebraico
a páscoa é chamada de Pesah, e no grego Pascha. Visto que em grego o verbo
“sofrer” é paschein, a igreja primitiva ehtendia haver uma conexão entre a
páscoa e o sofrimento de Jesus (v. 1 Coríntios 5:7). Quanto a páscoa, v. HBD,
p. 753-5.
22:2/
Quanto a principais sacerdotes v. a nota sobre 19:47 acima; quanto a escribas
v. a nota sobre 5:21 acima.
22:3
/Lembremo-nos da retirada do diabo “até momento oportuno” (4:13). Incapaz de
interromper Jesus no início de seu ministério, Satanás espera agora poder
arruinar o fim de seu ministério trazendo subversão a seus seguidores.
“Satanás” é palavra hebraica equivalente de “adversário”; v. a nota sobre 10:15
e HBD, p. 908-9. A respeito de Judas... Iscariotes, v. a nota sobre 6:16 acima.
22:4 /
guarda do templo: Segundo Fitzmyer (p. 1375), essas pessoas talvezgerissem o
dinheiro do templo, e por isso teriam combinado com Judas não só quando e onde
poderiam prender Jesus, mas também quanto deveriam pagar ao traidor.
22:5 /
dinheiro: De acordo com Mateus 26:15, Judas recebeu trinta moedas de prata, que
posteriormente ele lançou no interior do templo (Mateus 27:5). Comparem-se os
relatos da morte de Judas (Mateus 27:3-10; Atos 1:18,19).
22:7-13 /
Os evangelhos concordam em que a “Ceia do Senhor” é urna ceia da páscoa; no
evangelho de João a “Ultima Ceia” acontece “antes da festa da páscoa” (13:1,2).
Certamente João quer dizer que a ceia ocorreu no dia anterior à páscoa, visto
que, no dia seguinte, quando Jesus está de pé diante de Pilatos, as autoridades
religiosas se recusam a entrar na casa de Pilatos, porque se entrassem se
tornariam imundas e desqualificadas para comer a páscoa (João 18:2,3,12,13,28).
As
tentativas de explicar a discrepância em termos de dois calendários diferentes
(os quais colocavam a páscoa em dias diferentes) criam mais dificuldades em vez
de resolver as existentes. Não se sabe como os relatos sinóticos podem ser
harmonizados com o relato de João, se é que são harmonizáveis (v. o comentário
completo e excelente de Fitzmyer, p. 1378-83).
22: 14-38
/ Lucas mesclou seus textos oriundos de alguma tradição de tal maneira que
produziu um sermão de despedida. V. William 5. Kurz (“Luke 22:14-38
andGreco-Romanand Biblical Farewell Addresses” [Lucas 22:14-38 e Alguns
Discursos Greco-Romanos e Bíblicos de Despedida], JBL 104 [1985], p. 251-68),
que compara Lucas 22:14-38 a discursos de despedida greco- romanos (e.g.,
Platão, Fedo; Diógenes Laércio, Epicuro 10:16-18) e bíblicos (e.g., 1 Reis
2:1-10; 1 Macabeus 2:49-70). Kurz afirma, corretamente (p. 253, n. 7) que Lucas
está familiarizado com os exemplos bíblicos.
22:19 /
Isto é o meu corpo: E perfeitamente claro que Jesus está falando de modo
figurado. O pão simboliza seu corpo, assim como Jesus se refere simbolicamente
a si mesmo corno “a porta”, “o pastor” ou “a videira” (v. João10:7,11; 15:1).
22:20 /
Nova Aliança no meu sangue: V. também Exodo 24:8; Levítico 17:11; Fitzmycr, p.
1402.
22:22 / É
óbvio que Jesus é o Filho do homem, segundo esse versículo (v. também o v. 48).
V. a nota sobre 5:24, acima.
Ai daquele
por intermédio de quem é traído: Lucas omitiu o doloroso enunciado de Marcos:
“Melhor lhe fora não haver nascido” (14:21b).
22:25 /
benfeitores: Esse título era concedido a vários deuses e governadores nos
tempos antigos. Lucas deseja retratar Jesus corno o verdadeiro Benfeitor da
humanidade, alguém que serve e não é servido.
22:28,29
/Comparem-se Romanos 8:17; 2 Timóteo 2:11-13.
22:30 /
Mateus 19:28 declara que os apóstolos se sentarão em “doze tronos”. Só Lucas
diz tronos porque ao colocar esse enunciado imediatamente depois da referência
à traição de Judas, já não existem doze apóstolos genuínos (embora Judas viesse
a ser substituído mais tarde; Atos 1:12-26).
Jesus vai
sentar-se notrono de seu pai Davi (lembremo-nos de 1:32), seus apóstolos
servirão como regentes auxiliares para julgar as doze tribos de Israel.
Fitzmyer (p. 1419) afirma que Salmos 122:4,5 pode estar na mente de Lucas
Gundry (p. 393) afirma que esse enunciado pode ter sido inspirado em parte em
Daniel 7. Marshall (p. 818) menciona ambos.
Visto que
essas duas passagens do Antigo Testamento aparecem juntas na exegese judaica e
no contexto das discussões a respeito dos “grandes de Israel” e dos tronos que
receberão (v. a MidrashTanhuma B, Qedoshi,n 1.1), parece que essas na verdade
são passagens por trás de Lucas 22:30 e seu contexto. V. também Apocalipse
21:12,14.
Concordo
com Tiede (p.386) em que a ênfase sobre os doze em Lucas 22:28-30 “é sinal inequívoco
de que Deus ainda não acabou a obra em Israel”. V. mais comentários sobre isso
em David L. Tiede, “GlorytoThy People Israel’: Luke-ActsandtheJews” [Glória a
Teu Povo Israel: Lucas-Atos e os Judeus], Mineápolis: Augsburg, 1988, p. 21-
34. Lucas 22:28-30 não se cumpre nas coisas que acontecem no livro de Atos. A
promessa é escatológica. Tannehill (p. 270) concorda e, de modo correto,
prossegue dizendo que “a menção das doze tribos também sugere que Israel será
resturado completamente”.
22:32 /
Mas eu roguei por ti: Em Romanos 8:34 Paulo declara que Jesus intercede por
seus discípulos (cf. 8:26,27, em que essa idéia está relacionada em parte com a
oração).
22:36 /
espada: Compare as metáforas mais elaboradas em torno de armamento militar como
armas espirituais em Efésios 6:11-17.
22:38/A
tradução da NVI, “Eo suficiente”, pode desorientar o leitor, porque transmite a
idéia deque para Jesus asduas espadasque lhe foram exibidas pelos discípulos
eram exemplos do que ele vinha falando. Se Jesus realmente houvesse defendido a
idéia de um combate a espada, dificilmente duas espadas teriam sido
“suficientes” (embora uma espada bastasse em 22:49,50!). Além do mais, se a
observação de Jesus fosse de aprovação, poderíamos então esperar que ele usasse
o plural: “elas são suficientes” ou “elas bastam”. Ao contrário, a resposta de
Jesus deve ser entendida como interjeição de frustração, com a qual ele corta a
conversa. Pode ser que Jesus tenha acrescentado uma pitada de sarcasmo em sua
palavra final.
SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR
INTRODUÇÃO
Na última
Ceia de Páscoa foi instituída a Ceia do Senhor Jesus. Esta é a lembrança
contínua da Sua entrega por nós. A morte de Jesus significa a completa
demonstração do interesse divino em ter novamente comunhão conosco. A Ceia do
Senhor aponta para o passado (1Co 11:23-25) e ali vemos a cruz de Cristo e seu
sacrifício vicário em nosso favor, mas ela também aponta para o futuro
(1Co11:26) e ali vemos o Céu, a festa das Bodas do Cordeiro (Ap 19:9), quando
Ele vai nos receber como Anfitrião para o grande banquete celestial. Jesus
Cristo será o centro do banquete que Deus Pai vai oferecer (Ap 2:7).
I. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ÚLTIMA
CEIA
A Páscoa
era uma festa fundamental para o povo de Deus. Por isso, Lucas 22:7 destaca: ”Chegou
o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava comemorar a Páscoa”. Essa
festa era obrigatória e marcava a memória com a lembrança da libertação da
escravidão no Egito para uma vida nova e livre (Ex 12).
1. A
instituição da páscoa judaica. A
Páscoa judaica foi instituída na noite da libertação do povo hebreu do Egito. A primeira Páscoa foi celebrada no final do dia 14 do
mês de Abibe, aproximadamente no ano de 1445 a.C. Dali em diante deveria ser
celebrada anualmente (Êx 12:17-24). A Páscoa instituída por Yahweh no Egito foi
acompanhada por leis que regiam a sua observância.
A palavra
Páscoa é derivada do verbo hebraico Pesah, que significa
“passar por cima”. Esse nome surgiu em face do registro bíblico de
que o anjo da morte, ou anjo destruidor, passou por sobre as casas marcadas com
o sangue do cordeiro pascal, quando ele matou os primogênitos do Egito - “E
aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue,
passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu
ferir a terra do Egito” (Êx 12:23). O cordeiro foi imolado e seu sangue
aspergido no batente das portas. De igual modo, Cristo, nosso Cordeiro pascal,
foi imolado. Isto tem a ver com nossa redenção.
O nome
hebraico do mês que aconteceu a primeira Páscoa é Abibe, que
significa “espigas verdes”, que corresponde a março-abril em nosso calendário.
Durante o Exílio babilônico foi substituído pelo nome Nisã que
significa “começo, abertura” (Ne 2:1).
2.
Contexto histórico da Páscoa. Deus
disse a Abraão que sua descendência seria peregrina, sob servidão e aflição,
durante 430 anos (Gn 15:13-16; Ex 12:40,41). A peregrinação no Egito começou
com a ida de Jacó e seus filhos. Um dos filhos de Jacó, José, tornou-se
governador do Egito, e, durante o seu governo os hebreus não sofreram nenhum
tipo de agravo ou sofrimento. Mas, “depois do falecimento de José e de seus
irmãos e de toda aquela geração, levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não
conhecera a José” (Êx 1:6-8). A partir de então os egípcios começaram a
afligir os israelitas, e a tratá-los com dureza (Êx 1:11-14). Quando os
sofrimentos dos filhos de Israel estavam sendo insuportáveis, então clamaram ao
Seu Deus, e os seus clamores subiram aos céus por causa de sua servidão (Êx
2:23). Deus interveio em favor de Seu povo, chamando Moisés, que após 40 anos
de preparo no deserto apascentando ovelhas, foi enviado diante de Faraó para
que começasse a libertação do Seu povo do Egito. Em obediência ao chamado de
Deus, Moisés compareceu perante Faraó e lhe transmitiu a ordem divina: “Deixa
ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êx 5:1). Para conscientizar
Faraó da seriedade dessa mensagem da parte de Deus, Moisés, mediante o poder de
Deus, invocou pragas como julgamento contra o Egito. No decorrer de várias
dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo ir, mas a seguir, voltava
atrás, uma vez a praga suspendida. Soou a hora da décima e derradeira praga,
aquela que não deixava aos egípcios nenhuma alternativa senão a de libertar os
israelitas. Deus disse a Moisés: “À meia-noite eu sairei pelo meio do Egito;
e todo o primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó,
que se assenta com ele sobre o seu trono, até ao primogênito da serva que está
detrás da mó, e todo primogênito dos animais. E haverá grande clamor em toda a
terra do Egito, qual nunca houve semelhante e nunca haverá”(Êx 11:4-6).
Visto que
os israelitas também habitavam no Egito, como podiam escapar do anjo
destruidor? O Senhor Deus emitiu uma ordem específica ao Seu povo; a obediência
a esta ordem traria a proteção divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos
primogênitos. Cada família tinha que tomar um cordeiro macho de um ano de
idade, sem defeito e sacrificá-lo ao entardecer do dia 14 de Abibe; famílias
menores podiam repartir um único cordeiro entre si (Êx 12:3-6). O sangue do
cordeiro sacrificado devia ser aspergido nas duas ombreiras e na verga da porta
de suas casas. Quando o Anjo passasse, passaria por cima daquelas casas que
tivessem o sangue aspergido conforme ordenado (daí o termo Páscoa, do hebraico pesah, que
significa “pular além da marca”, “passar por cima”, dando a ideia de poupar, de
proteger (Êx 12:13)). Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram
protegidos da condenação à morte executada contra os primogênitos egípcios.
3. O
ritual da páscoa judaica. O
registro bíblico nos mostra que a Páscoa era uma cerimônia familiar -“Falai
a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si
um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família” (Êx
12:3). Não podia ser um animal de qualquer idade. Cada família devia escolher
um cordeiro ou cabrito sem defeito, sem mácula, com a idade de
“um ano” (Êx 12:5).
O
cordeiro era levado para dentro de casa no dia 10 de Abibe, e mantido ali até o
dia 14 do mesmo mês. Período durante o qual era observado pela família que iria
sacrificá-lo. Caso não possuísse algum defeito, o animal era então sacrificado
(Êx 12:3,6).
O
cordeiro (ou cabrito) após ser imolado, o seu sangue era aspergido com um molho
de hissopo nas ombreiras (partes verticais da porta) e na verga da porta (parte
horizontal sobre as ombreiras) da casa em que comeriam o cordeiro (Êx 12:7,22).
O sangue nas ombreiras e na verga da porta era o sinal que identificava a casa
dos hebreus dos egípcios. O Senhor Deus havia falado a Moisés, seu servo em
Êxodo 12:12,13: “E eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo
primogênito na terra do Egito, desde os homens até os animais; e sobre todos os
deuses do Egito farei juízos. Eu sou Deus. E aquele sangue vos será por sinal
nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não
haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito”.
Deus
ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distinguir
os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância
da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o para o advento do
“Cordeiro de Deus”, que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (João
1:29).
A morte
dos primogênitos era um desafio consumado em juízo sobre os falsos deuses
egípcios. Porque quase todos os deuses do Egito eram semelhantes a algum
animal, com feições humanas. Logo, a morte do primogênito de cada tipo de
animal mostraria a falibilidade e a impotência das divindades pagãs que
haveriam de protegê-los.
O
cordeiro (ou cabrito) era abatido, esfolado (isto é, tirava-se a pele), suas
partes internas eram tiradas e assim eram limpas e depois recolocadas no lugar,
daí então o cordeiro era assado inteiro, com a cabeça, as pernas e a fressura
(Êx 12:9). O animal tinha que estar bem assado, nada cru, e sem que lhe
quebrasse nenhum osso (Êx 12:46; Nm 9:12). Após a carne ser assada no fogo, era
comida pela família com pães asmos e ervas amargas (alfaces bravas, etc. - Êx
12:8). Cada um dos componentes desta celebração tinha um sentido literal e
espiritual, que Deus tinha em mente transmitir não somente aos filhos de
Israel, como a seus descendentes (Êx 12:24-27).
A Ceia
Pascal devia ser comida pelos membros de cada família.
Se a família fosse pequena demais para comer o cordeiro, chamavam-se
os seus vizinhos mais próximos até que houvesse número suficiente para comer o
cordeiro todo naquela noite (Êx 12:4,8). Quaisquer sobras de carne deviam ser
queimadas antes do amanhecer (Êx 12:10). De acordo com a tradição judaica,
família pequena significava aquela com menos de dez pessoas. Eles deviam
calcular quanto cada um poderia comer e assim determinar se deviam se reunir
com alguma outra família (Êx 12:4). Depois da construção do Templo, Deus
ordenou que a celebração da Páscoa e o sacrifício do cordeiro fossem realizados
em Jerusalém (Dt 16:1-6).
Na Páscoa
realizada no Egito, a cabeça da família foi o
responsável para abater o cordeiro (ou cabrito) em cada casa, e todos deviam
permanecer dentro da casa até o amanhecer para que não fossem mortos pelo anjo
da punição e da destruição (Êx 12:22,23). Os participantes comeram em pé, e com
os lombos cingidos (vestidos), com o cajado na mão, com as sandálias nos pés, e
que comessem apressadamente para que estivessem prontos para uma longa jornada.
À meia-noite (como Deus havia dito a Moisés), todos os primogênitos dos
egípcios foram mortos, mas o anjo passou por alto as casas em que o sangue
havia sido aspergido (Êx 12:11,23). Toda família egípcia em que havia um varão
primogênito foi atingida, desde a casa do próprio Faraó até os primogênitos dos
prisioneiros, e assim, o Senhor Deus executou o seu juízo sobre os egípcios.
O âmago do evento da Páscoa é a graça
salvadora de Deus. Deus tirou os israelitas do Egito,
não porque eles eram um povo merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era
fiel ao seu concerto (Dt 7:7-10). Semelhantemente, a salvação que recebemos de
Cristo nos vem através da maravilhosa graça de Deus (Ef 2:8-10; Tt 3:4,5).
II. A CELEBRAÇÃO DA ÚLTIMA CEIA
1. A
preparação (Lc 22:7-13). Os
preparativos para a refeição da última páscoa de Jesus com os seus discípulos
foram muito mais solenes do que as comemorações anteriores, porque tinham por
objetivo marcar profundamente o dia em que foi celebrada a grande Páscoa para
toda a humanidade, por toda a história. É a chamada Páscoa eficaz. Desse dia em
diante todo regime de escravidão do pecado estaria derrotado. Trata-se,
portanto, de caminhar para uma nova vida presenteada por Deus.
Segundo
Leon L. Morris, a
páscoa não era apenas mais uma refeição, mas, sim, uma festa muitíssimo
importante. Devia ser comida em posição reclinada, e havia exigências tais como
a inclusão de ervas amargas na refeição. Destarte, uma quantidade considerável
de preparação era necessária. A refeição não era solitária, mas, sim, era
comida em grupos que usualmente consistiam de dez a vinte pessoas.
Jesus
encarregou Pedro e João de fazer os preparativos necessários para o pequeno
grupo (somente Lucas dá os nomes deles aqui). Não é contrário à razão terem
perguntado onde seria - “E eles lhe perguntaram: Onde queres que a
preparemos?”(Lc 22:9). Eram galileus, e precisariam de orientação quanto ao
lugar aonde seria preparada a Páscoa. E nessa agitação efervescente por causa
da festa havia poucos lugares livres, a despeito da tradicional disposição dos
jerusalemitas de tornar disponíveis acomodações sem nada cobrarem.
E Jesus
disse a Pedro e João que eles deveriam procurar um homem com um cântaro de água
– “Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um
cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar” (Lc 22:10).
Encontrar um homem levando um cântaro seria um fato distintivo, pois somente as
mulheres usualmente carregavam cântaros de água (os homens carregavam odres de
água). Os discípulos haveriam de dizer certas palavras ao dono da casa: “O
mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus
discípulos? Então, ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei os preparativos”
(Lc 22:11,12). “Grande cenáculo” significava um espaçoso ambiente
mobiliado, provavelmente havia sofás prontos com cobertas estendidas sobre
eles. “Os hospedeiros costumavam oferecer suas casas durante a festa, em troca
das peles de animais e utensílios usados para a refeição. O preparo da Páscoa
incluiria a busca de fermento na casa e o preparo dos vários elementos da
refeição”. Eles seguiram as instruções e prepararam a refeição de Páscoa.
2. A
celebração e a substituição. Lucas
22:19-23 quis mostrar que a Ceia cristã substituiu a Páscoa judaica, assumindo
o significado que a Páscoa possuía e levando esse significado ao máximo. Dessa
forma, a Ceia do Senhor assumiu um significado universal, e a libertação que
ela proporciona não é só a de Israel das mãos opressoras do Egito, mas a
libertação total e para todos os povos. É importante conhecermos os detalhes de
como Jesus modificou a Páscoa judaica transformando-a num memorial:
a) A Páscoa judaica celebrava o fato de Deus ter libertado o seu povo
do cativeiro egípcio; a Ceia do Senhor celebra o fato de Deus nos ter libertado
da escravidão do pecado.
b) O
cordeiro sacrifical da Páscoa judaica aplacou o anjo da morte; o Pão da Ceia
significa o corpo de Cristo, partido na condenação do nosso pecado.
c) O
vinho da Páscoa judaica simbolizava o sangue do cordeiro nas portas; o vinho da
Ceia do Senhor simboliza o sangue de Cristo dado por nós. A sua morte é que nos
compra a vida eterna.
d) A
Páscoa judaica representava a antiga aliança de Deus com o seu povo; a Ceia do
Senhor nos lembra da sua Nova Aliança.
Através
de todos esses detalhes, reconhecemos o valor que devemos dar à Ceia do Senhor.
O cordeiro pascal foi substituído na Ceia cristã pelo pão, e o sangue do
cordeiro pelo vinho, símbolo do sangue de Jesus. Então, podemos definir qual é
o significado da Ceia do Senhor: ela simboliza o supremo dom do amor de Deus em
Jesus, que entregou seu próprio corpo e derramou seu sangue em nosso lugar para
nos perdoar os pecados.
Mas é
válido lembrar que o traidor também estava participando dessa celebração: ”todavia,
a mão do traidor está comigo à mesa” (Lc 22:21). Quem era ele? Jesus
sabia, mas não contou. Lucas 22:23 diz que a ansiedade tomou conta de todos os
que participavam daquele momento. “Serei eu? Será você? Quem vai trair Jesus e
o evangelho?”, indagaram os discípulos entre si. Que nós não traiamos Jesus de
maneira nenhuma, mas nos disponhamos, se preciso for, até a morrer anunciando a
nova vida que Ele dá.
III. OS ELEMENTOS DA ÚLTIMA CEIA
São
elementos da Santa Ceia: o pão e o vinho, por representarem, respectivamente, o
corpo e o sangue de Cristo, oferecidos em resgate da humanidade (1Co 11:24,25).
É a explicita, profunda e confortadora simbologia das Sagradas Escrituras.
1. O Pão. Jesus na noite em que fora traído tomou o pão e tendo dado graças,
o partiu e disse: “... Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido
por vós; fazei isto em memória de mim”(Lc 22:19). Jesus manda os discípulos
pegar o pão e comer, pois o pão estava representando o seu corpo que fora
entregue por todos nós. Jesus aponta o objetivo pela qual deveriam pegar e
comer do pão: manter viva a memória do seu nome.
O pão da
Ceia não é o corpo literal de Cristo, nem
está ele presente invisivelmente. Quando Jesus disse que aquele pão era o
seu corpo oferecido por nós, não estava falando literalmente, porque ainda
estava vivo e o seu corpo não tinha sido partido por nós na cruz. Estando vivo,
não podia pegar com suas mãos parte do seu corpo em forma de pão para oferecer
aos seus apóstolos dizendo: “isto é o meu corpo que é oferecido por vós; fazei
isto em memória de mim” (Lc 22:19). Jesus, então, usou uma linguagem simbólica,
como fez em outras ocasiões: “Eu sou a porta”, “Eu sou o caminho”, “Eu sou a
videira” (João 10:7-9;14:6; 15:1) e assim por diante. Representa, então, a
sua encarnação, que ele tomou um corpo humano e deixou sua glória (João 1:14);
nasceu de uma virgem e viveu entre os pecadores em perfeição de conduta.
Era Ele o Homem Perfeito, idôneo para servir de sacrifício pelos nossos pecados
(Hb 7:26; 2Co 5:21). Ele partiu o pão da Ceia significando que ia se sacrificar
em resgate da humanidade caída e escravizada pelo Diabo.
2. O
Vinho. Identificado na Bíblia como
"fruto da vide" e "cálice do Senhor" (Lc 22:18;1Co 11:27),
o vinho na Ceia simboliza o sangue de Cristo vertido na cruz para redimir a
todos as pessoas que o aceitarem com Senhor e Salvador, e ratificar a “Nova
Aliança” ou “Novo Testamento”(Lc 22:20). O apóstolo Pedro assim escreveu:
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes
dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro
imaculado e incontaminado" (1Pe 1:18,19).
Os
escritores dos três primeiros Evangelhos empregam a expressão “fruto da vide”
(Mt 26:29; Mc 14:25; Lc 22:18). O vinho não fermentado é o único “fruto da
vide” verdadeiramente natural, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum
álcool. A fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a videira
produz. O vinho fermentado não é produzido pela videira.
Jesus
instituiu a Ceia do Senhor quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a
Páscoa. A lei da Páscoa em Êx 12:14-20
proibia, durante a semana daquele evento, a presença de fermento ou qualquer
agente fermentador. Deus dera essa lei porque a fermentação simbolizava a
corrupção e o pecado (cf. Mt 16:6,12; 1Co 5:7,8). Jesus, o Filho de Deus,
cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mt 5:17). Logo, teria cumprido a lei
de Deus para a Páscoa, e não teria usado vinho fermentado.
A Ceia do
Senhor foi instituída logo depois da refeição pascal. Por isso, lemos que Jesus tomou o cálice depois de haver ceado. Ao
fazê-lo, declarou que o cálice era a Nova Aliança no seu sangue. Trata-se de
uma referência à aliança que Deus prometeu à nação de Israel em Jeremias
31:31-34. É uma promessa incondicional segundo a qual Deus concordou em usar de
misericórdia para com eles e não se lembrar de seus pecados e iniquidades. Os
termos da Nova Aliança também são descritos em Hebreus 8:10-12. Todos os que
creem no Senhor Jesus recebem os benefícios prometidos. Quando o povo de Israel
se voltar para o Senhor, também desfrutará as bênçãos da Nova Aliança, um
acontecimento que ocorrerá no reino milenar de Cristo na terra.
Do mesmo
modo que o pão, quando fez referência ao cálice da Nova Aliança (Lc 22:20) no
seu sangue, que foi derramado por nós, também falou de maneira simbólica.
Portanto, não ocorreu e, ainda hoje quando participamos da Ceia do Senhor, não
ocorre a transubstanciação, isto é, a transformação das substâncias que compõem
o pão e o vinho em verdadeira carne e sangue de Jesus. Não! Quem acredita que
essa transformação ocorre entende o texto de forma equivocada. Devemos crer,
com toda a reverência e ação de graças, mas, simbolicamente, em memória de
Jesus Cristo (1Co 11:24,25)
CONCLUSÃO
A Ceia do
Senhor foi instituída por ocasião da última Páscoa que Jesus participou com os
apóstolos, na noite em que foi traído e preso (Lc 22:14,15,18). Trata-se não
apenas de uma recordação, mas, sobretudo, de um testemunho, pois anunciamos a
sua morte (“... anunciais a morte do Senhor...”) e a sua volta
(“... até que venha”). Sua morte nos reconciliou com Deus, e a sua
volta nos coroará de glória, por meio da nossa redenção (1Co 11:26;Rm 5:10;Ef
4:30).
Viva vencendo, até que Jesus mesmo nos sirva a Sua ceia!!!
Abraços.
Seu irmão menor.
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