O inspetor de escolas
do governo britânico fechou duas escolas cristãs e ameaçou outras, em seu zelo
para impor novas diretrizes a fim de combater o “extremismo” e promover os
“valores britânicos” em escolas religiosas vistas como inerentemente
“homofóbicas”.
Chefes de escola
cristãos e judeus estão reclamando de uma série de incidentes semelhantes nos
últimos meses. Eles afirmam que o governo está usando a ameaça do extremismo
islâmico como pretexto para impor uma opressiva agenda secularista e gayzista.
Desde outubro de 2014,
o Gabinete para Padrões na Educação, Serviços e Habilidades das Crianças
(OFSTED, na sigla em inglês) realizou diversas inspeções surpresa em escolas
judaicas e cristãs. Recentemente, a Durham Free School e a Grindon Hall
afirmaram que podem ser fechadas no período da Páscoa depois de terem o
financiamento cortado, por terem sido colocadas na lista de “medidas especiais”
para cumprirem novas diretrizes.
O inspetor acusou as
escolas de falharem em inculcar os “valores britânicos” nas áreas de
“desenvolvimento espiritual, moral, social e cultural” dos estudantes. O OFSTED
emitiu novas diretrizes em setembro para ajudar as escolas a protegerem os
estudantes de um “possível extremismo”. O OFSTED atualizou seus padrões após os
chamados escândalos “Cavalo de Tróia” em Birmingham. No ano passado, foi
noticiado que organizações islâmicas locais estavam infiltrando o sistema
escolar para tentar doutrinar crianças com ideologias islâmicas radicais.
Em uma declaração
pública do dia 20 de janeiro, o diretor da escola Grindon Hall, Chris Gray,
escreveu: “Fazer política com os novos regulamentos para os ‘valores
britânicos’ não é aceitável e não ajuda as nossas crianças a se prepararem para
a vida e a obterem bons resultados nos exames”. Gray disse também que apesar de
ter feito uma reclamação um mês antes, não obteve nenhuma resposta do OFSTED.
Gray disse que o modo
como os inspetores do governo questionaram os estudantes e os professores foi
“hostil, inapropriado e levanta vários problemas de proteção [das crianças]”.
Os pais reclamaram que seus filhos foram submetidos a “questionamentos
intrusivos e profundamente pessoais… em sessões de grupos”, incluindo perguntas
a crianças de escola primária sobre o que elas sabiam a respeito de
lesbianismo, acrescentou Gray.
Os inspetores deixaram
claro com o seu interrogatório que a escola deveria “obrigar os alunos a
celebrar festas religiosas não cristãs”.
“Isso violaria a nossa
base cristã, que estipula que somos uma escola cristã. Isso certamente
ofenderia as consciências de muitos da nossa equipe, dos nossos alunos e pais.
Ninguém deveria receber uma ordem de um funcionário do governo para celebrar
qualquer religião. Aprender sobre ela, sim. Celebrar suas festas, não”.
Em outubro, a Trinity
Christian School in Reading desentendeu-se com o padrão de “valores britânicos”
estabelecido pelo OFSTED, uma semana depois que as diretrizes foram emitidas.
John Charles, presidente da junta diretiva da Trinity Christian School, uma
escola da Igreja da Inglaterra, em uma carta enviada em outubro do ano passado
para o Secretário de Estado para a Educação, Nicky Morgan, disse que o OFSTED
está usando o incidente do Cavalo de Tróia para intimidar as escolas
confessionais.
O novo padrão de
“valores britânicos” do OFSTED aparece no 5º parágrafo das diretrizes
publicadas em 29 de setembro de 2014. O parágrafo diz que as escolas devem
“promover ativamente os valores britânicos fundamentais da democracia, do
império da lei, da liberdade individual e do respeito mútuo e da tolerância
àqueles que têm crenças ou convicções religiosas diferentes”; e “assegurar que
sejam promovidos princípios que encorajem o respeito por outras pessoas,
considerando particularmente as características protegidas mencionadas na Lei
de Igualdade de 2010.
A Trinity School alega
que a inspeção do OFSTED foi realizada com falsas pretensões. Esperava-se que
os inspetores chegariam no dia 7 de outubro e eles determinariam se a Trinity
teria permissão para expandir os serviços da escola para séries inferiores. Em
vez disso, os inspetores “focaram predominantemente” em saber se a escola
estava alinhada aos novos padrões de “desenvolvimento espiritual, moral, social
e cultural” que haviam sido colocados em prática uma semana antes.
“Em momento algum foram
feitas perguntas sobre outros aspectos do currículo, nem foi avaliada a
qualidade do ensino por meio da observação das aulas”, disse a carta publicada
pela Trinity School.
Em vez disso, o
inspetor do OFSTED disse à escola que ela provavelmente seria fechada porque
havia falhado em convidar “representantes de outras crenças” para “conduzir
assembléias e aulas”, e não havia evidência de que a escola havia “promovido
outras crenças ativamente”.
Disseram a eles que a
escola “deveria promover ativamente os princípios da Lei de Igualdade de 2010”,
que se concentra na homossexualidade. “Os alunos devem ser informados sobre as
pessoas com características protegidas” e a escola “não deve apresentar um
ponto de vista segundo o qual certos estilos de vida são errados”, nem “deveria
promover um estilo de vida específico”.
A Trinity School foi
informada de que o princípio cristão de que “todas as pessoas são iguais
perante Deus e de que como seres humanos têm dignidade inerente” não era
suficiente para demonstrar submissão.
A pequena Durham Free
School, que tem apenas 90 alunos, parece ser um alvo favorito da esquerda
política. Nesta semana, a escola está exigindo um pedido de desculpas da
parlamentar do Partido Trabalhista Patricia Glass, que disse ao Parlamento que
a escola é “um refúgio para todo professor de merda (sic) da região nordeste”.
Quando os professores e os pais defenderam a escola de modo vociferante, a qual
segundo eles é um refúgio contra todo tipo de intimidação comum nas escolas
públicas, Glass pediu desculpas por ter usado “linguagem não parlamentar”.
O Christian Institute,
que está defendendo as escolas cristãs, afirma que os inspetores perguntaram a
alunos de 11 a 13 anos na Durham Free School: “Vocês já tiveram ‘A Conversa’?”
e “Como você foi informado sobre o modo como se faz um bebê?” Um aluno
supostamente não sabia responder à pergunta “O que é um muçulmano?” e como
conseqüência ele foi rotulado de “fanático” porque mencionou o terrorismo. Além
disso, os inspetores do OFSTED relataram que os “padrões são baixos e o
progresso é inadequado”, e que o “desempenho dos alunos é fraco”.
O Daily Mail citou
Petrina Douglas, uma mãe que administra a Durham Free School: “Parece que a
escola foi feita de bode expiatório. O [condado] de Durham é composto
principalmente por britânicos brancos; portanto, o conhecimento sobre outras
culturas não é tão prevalente. Mas não acho que as crianças sejam fanáticas”.
Em resposta a
questionamentos feitos por um Comitê Parlamentar Restrito sobre Educação, o
chefe do OFSTED, Sir Michael Wilshaw, negou as alegações de que as perguntas
dos inspetores foram inapropriadas, e defendeu as perguntas sobre “homofobia”
na escola.
“Se você abordasse uma
criança e perguntasse: ‘há bullyinghomofóbico?’, ela não saberia do que você
está falando”, disse Wilshaw. “Mas se os inspetores dissessem: ‘As crianças
estão chamando umas às outras de gay ou lésbica aqui?’, elas entenderiam o que
isso significa.
“E havia um bullying
homofóbico muito, muito sério acontecendo nessas escolas.”
Em outubro, o OFSTED
foi forçado a emitir uma declaração pública negando que o órgão estava intimidando
os estudantes de escolas judaicas ortodoxas. A Associação de Escolas Judaicas
Ortodoxas disse que seus alunos foram “traumatizados e constrangidos” depois
que os inspetores do OFSTED lhes interrogaram severamente sobre sexo e
“casamento gay”. A Associação emitiu uma declaração dizendo que os inspetores
estavam “fazendo perguntas inapropriadas e desafiadoras aos estudantes, muitas
das quais não fazem parte do etos religioso e dos princípios das escolas
judaicas ortodoxas”.
O Jewish News relata
que estudantes se sentiram “ameaçados por causa da nossa religião” depois que
os inspetores lhes interrogaram sobre homossexualidade e se eles tinham amigos
de outras religiões. “Eles nos perguntaram isso muitas vezes até nós
respondermos o que eles queriam que disséssemos. Nós nos sentimos muito
intimidados.”
O diretor da
Associação, Jonathan Rabson, disse: “Essa abordagem conflitiva dos inspetores é
uma tendência preocupante jamais vista antes na comunidade judaica do Reino
Unido. Tememos que isso esteja sugerindo uma mudança na política em relação às
escolas confessionais”.
Em resposta às
reclamações das escolas judaicas, o chefe de operações do OFSTED, Matthew
Coffey, defendeu a linha de questionamento dos inspetores, dizendo que eles
“usam perguntas apropriadas para cada idade a fim de testar a compreensão e a
tolerância das crianças em relação a estilos de vida diferentes do próprio
estilo de vida delas”.
O OFSTED não está em
busca de respostas a perguntas contrárias à fé delas, mas quer simplesmente que
elas sejam capazes de expressar pontos de vista que não são intolerantes nem
discriminatórios em relação a outras pessoas. Trata-se de algo vital, se
quisermos ter certeza de que os jovens estão preparados para a vida no Reino
Unido moderno”, disse Coffey.
O Rabino Nessanel
Lieberman, um famoso judeu ortodoxo, diretor de escola e um dos próprios
inspetores do OFSTED, acusou o inspetor de tentar impor uma “miscelânea de
ideais esquerdistas” sob o pretexto de cultivar os “valores britânicos”. O
Daily Mail cita Lieberman, que disse na Conferência Nacional de Educação
Judaica para Professores Primários em Londres nesta semana que o OFSTED tem uma
“agenda” de ataque às escolas confessionais porque elas não se adaptam às
principais ideologias liberais e secularistas.
Andrea Williams,
diretor executivo do Christian Concern, disse que embora todos queiram que o
tema do extremismo islâmico seja tratado nas escolas, as diretrizes do governo
são elaboradas de modo tão amplo, que as escolas estão sendo “injustamente
castigadas por refletirem seu etos cristão”.

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