TEXTO ÁUREO
“Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de
Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força; ele muda os
tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria
aos sábios e ciência aos inteligentes” (Dn 2.20,21).
VERDADE PRÁTICA
Deus intervém na historia, pois sua é a
terra e os que nela habitam.
LEITURA BÍBLICA
Daniel 2.12-23
INTRODUÇÃO
Os maiores homens são os mais expostos às preocupações e
transtornos da mente, que perturbam o seu repouso noturno, enquanto o sono do
trabalhador é doce e profundo. Não conhecemos a inquietação de muitos que vivem
com grande pompa e, conforme outros pensam de modo vão, com prazer. O rei pediu
aos seus sábios que lhe declarassem o próprio sonho, caso contrário, todos eles
seriam executados como enganadores.
Os homens estão mais ansiosos por perguntar sobre os
acontecimentos futuros do que por aprender o caminho da salvação ou a senda do
dever; porém, o conhecimento antecipado dos sucessos aumenta a ansiedade e o
transtorno. Aqueles que enganavam, pretendendo fazer aquilo que não podiam,
foram sentenciados à morte por não conseguirem levar adiante seus enganos.
Nabucodonosor pede aos sábios que lhe revelem seu sonho, 2:
1-3.
2: 1 - Os críticos se referem a esta data do "segundo
ano do reinado de Nabucodonosor" como prova de que o livro não foi
inspirado porque, dizem eles, Daniel, por este tempo, não poderia ter terminado
seus três anos de preparação. Mas, de acordo com o sistema babilônio de
contagem, o segundo ano de Nabucodonosor seria realmente seu terceiro ano no
trono, desde que um ano não seria contado enquanto não se completasse (veja 1:
1).
Portanto, isto não contradiz a possibilidade do sonho ter
ocorrido no fim do "segundo ano" de Nabucodonosor, e que Daniel assim
interpretou o sonho logo que ele tivesse completado seu terceiro ano de
preparação. Outra explicação plausível é que Daniel e seus três amigos estavam
ainda em preparação, mas bastante avançados para serem contados entre os
sábios, 2:14-18,24-28.
2:2-3 - Mágicos, astrólogos, feiticeiros e caldeus
representam todos os tipos de sábios na Babilônia. Ainda que Caldeia
literalmente descrevesse o território ao sul da Babilônia, o termo
"caldeus" chegou a representar a nata da sociedade babilônia, homens
de grande conhecimento que influenciaram os negócios políticos e religiosos do
reino.
Os sábios perguntaram primeiro sobre o sonho para que pudessem
interpretá-lo, 2:4-13.
2:4 - Começando neste versículo e continuando até 7:28, os
manuscritos existentes de Daniel são escritos em aramaico (siríaco). Todo o
restante do livro é escrito em hebraico (veja a Introdução). O aramaico era a
língua predominante falada no reino e foi adotada até pelos exilados judeus,
que continuaram a falá-la quando retomaram à Palestina.
2:5-6 - O decreto do rei punha à prova a autenticidade
destes sábios. Se tivessem realmente capacidade sobrenatural, eles poderiam revelar
a Nabucodonosor tanto o sonho como a interpretação. Se pudessem fazer isso
receberiam grande honra, mas se não pudessem, então morreriam.
2:7-9 - Eles começaram a ganhar tempo repetindo o pedido
para que o rei revelasse seu sonho. Nabucodonosor percebeu o seu estratagema de
preparação de mentiras quando eles se detiveram algum tempo na esperança de que
a situação pudesse mudar. Mas se recusou a alterar o seu decreto.
2: 1 0-11 - Eles descreveram a exigência do rei como
insensata e impossível. Naturalmente, isto era admitir que eles eram
embusteiros.
2:12-13 - Nabucodonosor enfureceu-se e emitiu o decreto para
que os sábios fossem mortos. Isto incluía Daniel e seus companheiros.
Daniel pede tempo para revelar o sonho, 2:14-16.
2:14-16 - Quando Arioque, o capitão dos algozes do rei, veio
prender Daniel, ele lhe fez saber tudo o que tinha acontecido. Daniel requereu
ao rei que lhe desse tempo para estudar o sonho e sua interpretação.
Daniel rende glória a Deus pela revelação do sonho, 2: 17
-30.
A oração e a resposta quando o pedido é concedido, 2: 17-23.
2: 17 -18 - A fé de Daniel em Deus era inabalável. Ele tinha
firme esperança que este segredo seria revelado, mas buscou seus três
companheiros para juntarem-se a ele em orações a Deus, pedindo a revelação. A
confiança não lhe permitiu esquecer sua dependência de Deus.
2: 19-22 - O segredo do sonho foi revelado numa visão
noturna e Daniel, agradecido, louvou o Deus do céu. "Dele é a sabedoria e
o poder" (Ele é absoluto em todos os seus caminhos).
"É ele quem muda o tempo e as estações." (Comanda
a ascensão e a queda dos reinantes da terra).
"Remove reis e estabelece reis." (Deus é o supremo
dominador do universo). "Dá sabedoria aos sábios...” (É a fonte da
sabedoria).
"Ele revela o profundo e o escondido" (É capaz de
conhecer o futuro).
2:23 - Daniel agradeceu a Deus pela sabedoria e poder
concedidos a ele. Qualquer êxito que tivesse com Nabucodonosor não seria por
sua própria força, mas pela de Deus, e Daniel humildemente reconhecia esse fato.
Daniel louva a Deus diante de Nabucodonosor, 2:24-30.
2:24-25 - Daniel persuadiu Arioque a não matar os sábios
porque agora ele poderia satisfazer o pedido do rei. Arioque levou Daniel
rapidamente a Nabucodonosor.
2:26-28 - Daniel reconheceu que nenhum homem, por si só,
tinha capacidade para revelar segredos. Somente Deus no céu tem essa
capacidade. Daniel falou ousadamente do Deus verdadeiro ao rei pagão e
idólatra. A expressão "últimos dias" sempre se refere à era
messiânica ou àqueles dias que precederam o período messiânico, quando o reino
de Deus seria estabelecido (veja Gênesis 49: 1,9-1 O; Números 24: 14, 17;
Isaías 2:2-3). É o mesmo período do qual Joel falou (2:28-32), citado por Pedro
no Pentecostes e aplicado ao seu próprio tempo (Atos 2: 17). O período dos
"últimos dias" está em contraste com "os tempos passados"
quando Deus ainda planejava as dispensações futuras na terra para o homem (veja
Hebreus 1: 1-2). Estamos agora vivendo nos "últimos dias" na terra
porque, depois disto haverá julgamento e eternidade (l Coríntios 15:23-26).
2:29-30 - Daniel afirma claramente que ele é apenas o
instrumento através do qual Deus está dando a conhecer a história mesmo antes
que ela ocorra.
A revelação e a interpretação do sonho de Nabucodonosor,
2:31-49.
1. O sonho, 2:31-35.
2:31-33 - Nabucodonosor tinha visto em seu sonho uma imagem
brilhante e terrível composta de diferentes metais. A cabeça era de ouro; o
peito, de prata; o abdômen de bronze; as pernas de ferro e os pés de ferro e
argila.
2:34-35 - Uma pedra talhada sem o auxílio de mãos (de origem
divina) feriu a imagem de modo que ela foi demolida. Então a pedra se tornou
uma grande montanha que encheu toda a terra.
2. A interpretação do sonho, 2:36-45.
2:36-38 - Nabucodonosor ou, realmente, o reino de Babilônia,
é representado pela cabeça de ouro. Este era um grande império, um domínio
governando o mundo. Deus era a fonte do
poder, força e glória deste reino (veja 2:21; 4:25). Deus é o soberano governante
do universo (Jeremias 27:5-8). Se alguém questionar esta declaração, então que
explique como Daniel pôde tão exatamente predizer a queda da Babilônia, bem
como as sucessivas ascensões e quedas de outros três impérios mundiais? Além do
mais, porque não houve outros impérios mundiais? Desde os dias do império
romano (durante o qual o reino de Deus foi estabelecido, 2:44), não houve outro
domínio imperante mundial.
2:39 - Outros reinos que terão "domínio sobre toda a
terra" sucederiam a Babilônia. O peito e os braços de prata representavam
o reino da Medo-Pérsia (veja 5:28; 8:20). Este seria sucedido pelo reino da
Grécia (Macedônio) conduzido por Alexandre o Grande (veja 8:21). Daniel não se
estende sobre nenhum destes impérios mundiais. Esta não é uma lição de
história, mas o objetivo é mostrar pela inspiração profética que Deus está no
comando e que seu reino seria estabelecido. Todos estes reinos terrestres
caíram por decreto divino. A brevidade desta descrição é diferente do que
qualquer homem teria escrito. A exatidão desta profecia é diferente do que
qualquer homem poderia ter escrito. O poder da profecia cumprida confirma a
inspiração das Escrituras e repele os esforços dos infiéis que negam a
inspiração.
2:40-43 - O quarto reinado é o império romano, representado
pelas pernas de ferro e os pés de ferro e de argila lodosa.

Roma era forte, e o ferro era um símbolo apropriado (veja
7:7). Contudo, este reino era fraco dentro de si, o que é representado pela
mistura de ferro com argila. Ainda que fosse capaz de conquistar o mundo, Roma
jamais seria capaz de combinar o povo em um só. Roma teve muitas dificuldades
em manter o império coeso e, finalmente, o império caiu tanto por causa das
fraquezas de dentro como pelos exércitos de fora. É digno de se notar que em
nenhum lugar "dez" dedos foram especificados. Muito é dito sobre isto
pelos pré-milenaristas, que tentam dar "interpretação" adicional ao
sonho em seu esforço para negar o que realmente é dito (isto é, que o reino de
Deus foi estabelecido nos dias do quarto reinado, que era o romano). Não há
qualquer outra interpretação simbólica dos dedos que não seja a fraqueza do
reino tendo ferro e argila misturados.
2:44 - "Nos dias destes reis" (império romano), o
reino de Deus seria estabelecido. Jesus confirmou esta profecia (Marcos 1:14-15;
9:1). Este reino é de origem divina e de duração eterna (Hebreus 12:28).
2:45 - A pedra não era de origem humana, indicada pelo fato
que era cortada sem mãos. A igreja é o reino de Deus (Mateus 16: 18-19). Ainda
sendo Deus o soberano Senhor de todo o mundo, ele tem um povo especial que se
submeteu voluntariamente ao domínio de Jesus Cristo (Colossenses 1:13-14;
Apocalipse 1:5-6; 5:9-10; 12:5; 17:14; 19:15; 1 Pedro 3:22; Efésios 1 :20-23).
O reino de Deus é um reino espiritual (Lucas 17:20-21). O reino de Deus não
permanece forte por causa de sua força física, mas por causa do uso da espada
do Espírito (João 18:36; 2 Coríntios 10:3-5). O reino de Deus que foi
estabelecido nos dias do império romano continua até agora. O evangelho tem
sido pregado através do mundo, e onde quer que tenha ido obteve vitória ao
voltar os corações dos pecadores para o domínio de Cristo. Os reinos dos homens
têm vindo e ido. Mas desde os dias do império romano não tem havido nem haverá
outro império mundial dominado pelos homens. Todas as tentativas para fazer
isso levaram a nada. Mas o reino de Deus continuará na terra até a segunda
vinda de Cristo, quando será entregue ao Pai (1 Coríntios 15:23-36).
3. A reação de Nabucodonosor, 2:46-49
2:46-47 - O rei "engrandeceu a Daniel" no sentido
que ele o honrou. Mais importante, ele honrou o Deus a quem Daniel
representava. Contudo, os acontecimentos registrados no próximo capítulo
mostram claramente que Nabucodonosor não renunciou aos modos pagãos nem se
converteu completamente ao Senhor. Talvez ele fosse como muitos hoje em dia que
sabem e reconhecem a verdade, mas nunca se submetem plenamente em obediência.
2:48-49 - Daniel foi posto como chefe supervisor da
província da Babilônia, e seus companheiros também receberam cargos oficiais no
reino.
Aplicações para os Dias de Hoje:
1. DanieI2:21,37 - Deus domina nos reinos dos homens. Ainda
que ele tenha feito do homem um agente moral, livre para escolher entre o bem e
o mal, Deus tem o comando soberano do destino da terra. As nações perversas
podem existir durante um período de tempo, mas, no final, o Senhor as reduzirá
a nada (provérbios 14:34; 16: 12; Apocalipse 1:5; Efésios 1 :20-23).
2. Daniel 2:40-45 - O reino de Deus tinha de ser
estabelecido nos dias do império romano. Quando os pré-milenaristas negam que
isto tenha acontecido, eles esvaziam a profecia. Cristo disse "o tempo
está cumprido" (Marcos 1:14-15; 9:1), e os discípulos acreditaram que o
reino foi estabelecido no tempo previsto, porque eram cidadãos dele
(Colossenses 1: 13; Apocalipse 1:9; Hebreus 12:28).
SUBSIDIO PARA O PROFESSOR
O SONHO DE NABUCODONOSOR, 2.1-49
1. Sonhos Assombrosos Impossíveis de Lembrar (2.1-3)
Os três primeiros
versículos dessa seção continuam a narrativa em hebraico. Após as palavras: E
os caldeus disseram ao rei em siríaco (4) começa a seção em aramaico que
continua até o final do capítulo 7.
A maior parte dos
expositores evangélicos identifica esse capítulo e seu correlato, o capítulo 7,
como os textos-chave do livro. Aqui vemos o Deus dos céus revelando a um rei
pagão o plano divino ao longo das épocas e estágios da história até a
consumação no Reino de Deus.
Nabucodonosor (1)
era ainda bastante jovem e acabara de herdar o trono. O poder que estava em
suas mãos estava crescendo rapidamente. Além disso, por meio de um programa
criativo e ousado de construção de cidades em seu próprio país ele estava
conquistando a confiança dos líderes religiosos e da população que apoiavam
entusiasticamente a sua liderança.
Nessa fase da sua
carreira, o rei mostrou uma qualidade marcante de grandeza. Em vez de seguir em
um frenesi crescente de realizações, ele buscou acalmar-se para poder pensar
acerca do significado da sua própria vida e do poder que estava em suas mãos.
Qual seria o seu destino? E qual seria o destino do império que havia ajudado
tão recentemente a fundar? Enquanto ponderava, começou a sonhar. Embora seus
sonhos fossem confusos, serviram para provocar pensamentos e perguntas ainda
mais profundos acerca do destino e significado da vida. O seu espírito se
perturbou, e passou-se-lhe o seu sono (1). Deus estava por trás desses
questionamentos e sonhos.
Esse assunto se
tornou tão urgente para Nabucodonosor que tomou medidas extremas para resolver
seus problemas. Seus próprios esforços intelectuais não eram suficientes para
responder às suas perguntas. Ele chamou os eruditos e especialistas em ciência,
filosofia e religião para uma consulta.
A função especial de cada um dos quatro grupos mencionados
não está inteiramente clara. Mas parece que os magos (2) eram peritos nas artes
ocultas, os astrólogos deveriam ter acesso ao conhecimento sobrenatural por
meio do estudo dos céus, os encantadores eram manipuladores de poderes
sobrenaturais por meio da feitiçaria, e os caldeus eram os líderes de uma casta
sacerdotal na sociedade babilônica.
Surge naturalmente
uma pergunta: Por que Nabucodonosor não incluiu Daniel e seus amigos em sua
primeira convocação? É bem provável que esses recém-chegados ainda não
houvessem conquistado um lugar reconhecido entre os conselheiros sábios e
profissionais. Além disso, esses hebreus, apesar de serem altamente dotados,
não haviam sido aceitos na casta sacerdotal.
2. As Exigências Impossíveis do Déspota (2.4-13)
O rei apresentou a
esses homens sábios o problema da sua profunda preocupação acerca do sonho que
o havia acordado e fizera seus pensamentos fluir em uma correnteza inquietante.
Os representantes sacerdotais, os caldeus (4), tornaram-se os porta-vozes para
o restante do grupo e pediram uma descrição mais exata do problema. Eles
pediram detalhes específicos do sonho antes de aventurar uma interpretação.
Esse pedido irritou o rei. Ele os acusou de falar até que se mude o tempo (9),
i.e., simplesmente protelando para conseguir mais tempo. Se a habilidade
sobrenatural deles era genuína, eles deveriam garantir sua interpretação ao
contar-lhe o sonho. Isso, obviamente, tirou a máscara da sua hipocrisia, porque
não tinham meios de contar-lhe o sonho.
Visto que o rei
tinha tornado isso uma questão de vida ou morte para todos os sábios, eles
começaram desesperadamente a procurar uma forma de sobrevivência. Quando
descobriram que nem mesmo o rei poderia ajudá-Ios porque havia esquecido seu
sonho, eles perceberam como a sua situação era desesperadora. Postos contra a
parede, eles foram impelidos à verdade. Porquanto a coisa que o rei requer é
difícil, e ninguém há que a possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja
morada não é com a carne (11).
Keil insiste em
que o rei, na verdade, não tinha esquecido o sonho, mas estava determinado a
testar a veracidade das habilidades desses denominados sábios. Se eles pudessem
relatar os detalhes do seu sonho, ele estaria certo de que a interpretação
deles teria validade. Mas se eles não tinham a habilidade nem mesmo de
descrever o sonho, a professa habilidade sobrenatural deles era uma farsa e o
castigo horrendo com que o rei os havia ameaçado seria o seu Justo destino.
Quer o sonho tenha sido esquecido, quer não, a situação dos sábios havia se
tornado desesperadora.
O castigo
decretado "por Nabucodonosor era bastante comum entre os babilônios (veja
3.29). A despedaçamento de cativos de guerra havia sido praticado até pelos
hebreus (1 Sm 15.33) como uma
manifestação de julgamento extremo. Nabucodonosor acrescentou a esse horror o
confisco de propriedade e a profanação das casas das vítimas. tornando-as um monturo
(5), i.e., depósitos de lixo públicos.
3. Deus Concede a Daniel a Interpretação (2.14-23)
Embora Daniel e
seus companheiros tivessem escapado da convocação do rei, não escaparam da
inclusão no decreto de matar os sábios (14). Eles também estavam entre aqueles
que seriam executados. Quando Daniel ficou sabendo da natureza do decreto e do
motivo da sua severidade, imediatamente se dirigiu ao rei. O fato de ter esse
tipo de acesso testemunha a alta posição que havia herdado nos exames ocorridos
tão recentemente (1.19-20). Na presença de Nabucodonosor, Daniel corajosamente
prometeu que daria a interpretação (16), se lhe desse tempo. O rei, antes tão
furioso com as manipulações desesperadas dos sábios, estava evidentemente
impressionado com a sinceridade, firmeza e confiança de Daniel.
A própria ação de
Daniel foi coerente com o homem de Deus que era. Ele chamou seus três
companheiros para juntos com ele passar um tempo em oração intercessora
fervorosa. A resposta a essa oração não demorou a chegar. Quando Daniel recebeu
o sonho em uma visão noturna, ele irrompeu em um hino de louvor exultante a
Deus.
Louvado seja o nome de Deus para todo o sempre; a sabedoria
e o poder a ele pertencem. Ele muda as épocas e as estações; destrona reis e os
estabelece. Dá sabedoria aos sábios e
conhecimento aos que sabem discernir. Revela coisas profundas e ocultas;
conhece o que jaz nas trevas, e a luz habita com ele (20-22, NVI).
4. A Apresentação de Daniel ao Rei (2.24-30)
A confiança de
Daniel em Deus e na resposta que havia recebido era completa: darei ao rei a
interpretação (24). A visão que Deus tinha lhe dado era idêntica à do rei,
porque o mesmo Deus tinha concedido as duas visões. Sendo assim, ele nem
precisou inquirir o rei para testá-la.
A alegria de
Arioque em ver que Daniel estava pronto para dar a resposta ao rei ficou
evidente em suas ações: Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei
(25). Quando o incrédulo rei perguntou se Daniel poderia cumprir sua difícil
exigência, ele se deparou com um homem que estava firmado sobre um fundamento
mais sólido do que o solo da Babilônia.
Daniel humildemente declarou que sua fonte de conhecimento
era uma revelação do Deus nos céus, o qual revela os segredos (28). Ele negou
qualquer revelação própria. Além disso, essa revelação particular foi dirigida
de Deus para o próprio rei, para que soubesse os pensamentos do seu próprio
coração e o que há de ser no fim dos dias.
5. A Interpretação de Daniel (2.31-45)
Tu, ó rei, estavas
vendo, e eis aqui uma grande estátua; essa estátua, que era grande, e cujo
esplendor era excelente, estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrível
(31; "sua aparência era amedrontadora", RSV). Essa visão imensa e
deslumbrante havia deixado o rei perplexo e confuso. Embora fosse apenas uma única
imagem, ela era um composto. Ela começava com ouro brilhante na cabeça (32) e
gradualmente deteriorava em qualidade com o peito e os braços de prata, o
ventre e as coxas de cobre, as pernas de ferro (33), e os pés com uma mistura
de ferro e barro quebradiço.
Então foi cortada uma pedra ("uma pedra
soltou-se", NVI) sem auxílio evidente de uma mão (34). Quando a pedra
esmiuçou a imagem na sua base, toda estrutura ruiu e ela foi reduzida a pó como
a pragana (35) e levado pelo vento. A pedra se transformou em um grande monte.
Daniel
instantaneamente identificou o rei com a imagem que havia visto. Tu, ó rei, és
rei de reis, pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e
a majestade (37). E Daniel acrescentou especificamente: tu és a cabeça de ouro
(38).
Não é difícil
imaginar o espanto e a alegria que esse rei deve ter sentido ao ouvir essa
revelação marcante. Nabucodonosor ouviu em detalhes o sonho do qual vagamente
se lembrava. Isso trouxe uma garantia acerca da verdade da mensagem sobrenatural
para Nabucodonosor. Enquanto ouvia, Nabucodonosor percebeu que ele era o
primeiro de uma sucessão de impérios. Todos esses impérios tinham um alvo na
história - a dissolução debaixo do triunfo e domínio do Reino do Deus dos céus,
que nunca será destruído. O reino de Deus esmiuçará e consumirá todos esses
reinos e será estabelecido para sempre (44).
Então Daniel
reiterou o propósito do sonho ao rei e lembrou-lhe que vinha de Deus. O Deus
grande fez saber ao rei o que há de ser depois disso (45). Os questionamentos
mais profundos do rei haviam sido respondidos. O significado do destino para
ele e para todos os governantes terrenos era que a mão de Deus está sobre o
curso da história. O alvo final não é o governo do homem em esplendor crescente
mas o governo de Deus sobre as ruínas da loucura do homem.
Embora os
intérpretes não tenham chegado a um consenso na identificação dos cinco reinos
do sonho de Nabucodonosor, a tradição e a interpretação evangélica têm
concordado quase que unanimemente. O primeiro reino (38) é expresso de forma
clara; a cabeça de ouro é o Império Babilônico. O quinto (44) também está
claro; trata-se do Reino de Deus. O segundo (39a) é geralmente reconhecido como
o Império Medo-Persa. O terceiro (39b) e o quarto (40) têm recebido
interpretações divergentes, principalmente entre aqueles que entendem que o
quarto reino representa o governo grego ou o governo que sucedeu Alexandre.
Isso concentraria as últimas mensagens do livro de Daniel no
reino de Antíoco Epifânio. Mas, para a maioria, desde os dias de Jerônimo, o
terceiro reino tem sido identificado como o reino da Grécia, fundado por
Alexandre e o quarto como o reino de Roma. O versículo 43 reflete as fraquezas
de casamentos mistos ou o rápido declínio da sociedade no colapso do quarto
reino (Berkeley, nota de rodapé). Visto que a imagem do sonho de Nabucodonosor
e a visão de Daniel no capítulo são obviamente paralelas, a interpretação do
sonho deve ser restringida pelo conteúdo da visão.
6. A Exaltação de Daniel (2.46-49)
A reação de
Nabucodonosor diante da notável revelação foi impressionante. Como pagão, ele
reagiu da única maneira conhecida por ele. Nabucodonosor caiu em adoração
diante de Daniel, que ele acreditava ser uma manifestação personificada do
sobrenatural. Ele ordenou que fosse feita uma oferta de manjares (46) e de
incenso. Então ele louvou o Deus de Daniel, o Deus dos deuses, e o SENHOR dos
reis, e o revelador dos segredos (47).
Para mostrar sua gratidão de maneira prática ele deu muitos presentes a Daniel
e o colocou como governador de toda a província de Babilônia (48). A pedido de
Daniel, seus três companheiros receberam importantes cargos políticos. Mas
Daniel estava às portas do rei.
Tenham um bom aprendizado com essa riquíssima Lição.
Viva vendo!!!
Seu irmão menor.
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