As instruções para você
auto-examinar quanto a algum pecado do qual talvez você não esteja ciente já
foram dadas. Como estão as coisas na sua vida? Você acha que está vivendo em
algum caminho mal? Não estou perguntando se você está livre de pecado. Isso não
é o esperado, pois não há quem não peque (1 Rs 8.46). Mas há algum tipo de
pecado incorporado ao seu estilo de vida e prática? Sem dúvida alguns estão
limpos nessa questão, alguns "irrepreensíveis no seu caminho, que andam na
lei do Senhor… que guardam as suas prescrições, e o buscam de todo coração; não
praticam a iniqüidade e andam nos seus caminhos" (Sl 119.1-3).
Permita que sua consciência
responda sobre como você vê sua própria vida. Você pratica algum pecado pela
força do hábito? Você se deu permissão para isso? Se esse for o caso, considere
o seguinte:
Se você tem procurado a salvação
e ainda não a encontrou, a razão disso pode ser algum tipo de pecado em sua
vida.
Talvez tenha se perguntado qual é
o problema que o deixa tão preocupado em relação à sua salvação – quando
diligentemente você a tem buscado – e ainda não teve retorno. Muitas vezes já
implorou a Deus, e ele ainda não atentou para você. Outros recebem conforto,
mas você ainda permanece em trevas. Mas isso não deve surpreender, se você se
agarrou a algum pecado por muito tempo. Não é isso uma razão suficiente para
que todas as suas orações e todas as suas pretensões deixem de ser atendidas?
Se você tem tentado reter seu
pecado enquanto busca o Salvador, você não está buscando a salvação da maneira
correta. O caminho certo é abandonar sua perversidade. Se você tem algum membro
corrupto e não o corta fora, corre o risco de ele o levar para o inferno (Mt
5.29,30).
Se a graça parece estar
definhando ao invés de florescer na sua alma, talvez a causa disso seja algum
tipo de pecado.
A maneira de crescer na graça é
andar em obediência, e ser muito determinado nisso. A graça vai florescer no
coração de todo aquele que vive dessa maneira. Se você vive em algum caminho
mau, ele será como uma doença incubada sugando sua vitalidade. O pecado então o
manterá pobre, fraco e desfalecido.
Basta que um pecado seja
praticado habitualmente para anular sua prosperidade espiritual e frear o
crescimento e a força da graça em seu coração. Ele entristecerá o Espírito
Santo (Ef 4.30). Ele impedirá a boa influência da Palavra de Deus. O tempo que
ele permanecer será como uma úlcera, que o mantém fraco e deficiente, embora
você se alimente da melhor e mais proveitosa comida espiritual.
Se você caiu em grande pecado,
talvez algum tipo de pecado na sua vida tenha sido a raiz fundamental do seu
grande fracasso.
Uma pessoa que não evita o pecado
e não é meticulosamente obediente, não pode ser guardada dos grandes pecados. O
pecado em que vive será sempre uma abertura, uma porta aberta pela qual Satanás
encontrará a entrada. É como uma brecha na fortaleza, por onde o inimigo pode
entrar e encontrar seu caminho. Se você caiu num pecado terrível, talvez seja
essa a razão.
Ou se você permite algum tipo de
pecado como um escape para sua corrupção, ele será como uma brecha numa represa
que, se abandonada, se abrirá sempre mais até que não seja mais possível
contê-la.
Se você vive em trevas espirituais,
sem sentir a presença de Deus, a razão disso pode ser algum tipo de pecado.
Se você lamenta não ter um pouco
da doce comunhão com o Senhor; se sente que Deus o desertou; se Deus parece ter
lhe escondido sua face e raramente lhe mostra evidências da sua glória e graça;
ou se parece que você foi deixado tateando e vagueando no deserto – essa pode
ser a razão. Talvez você clame a Deus freqüentemente. Talvez você passe noites
em claro e dias tristes. Se está vivendo desta maneira, é muito provável que essa
seja a causa, a raiz dos seus desenganos, o seu Acã, o causador de problemas
que ofende a Deus e traz tantas nuvens de trevas sobre sua alma. Você está
entristecendo o Espírito Santo, e por isso você não recebe o seu conforto.
Cristo prometeu que se revelaria
aos seus discípulos, mas com a condição de que eles guardassem os seus
mandamentos: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que
me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me
manifestarei a ele" (Jo 14.21). Mas se você rotineiramente vive em
desobediência aos seus mandamentos, não é de se admirar que ele não se
manifeste a você. A maneira de receber o favor divino é andar perto dele.
Se você duvida da sua salvação,
talvez algum tipo de pecado na sua vida tenha levantado essas dúvidas.
O melhor jeito de se ter a clara
evidência da sua salvação é por meio de um andar junto a Deus. Isso, como já
notamos, é também a maneira de se ter a graça florescendo na alma. E quanto
mais graça vigorosa de Deus em nós, mais provável é que seja vista. E quando
Cristo se revela a nós, temos a certeza do seu amor e favor.
Mas se você vive com algum tipo
de pecado, não é de surpreender que isso diminua grandemente a sua certeza.
Afinal de contas, isso subjuga o exercício da graça e esconde a luz da face de
Deus. E pode acontecer de você nunca saber se é um verdadeiro cristão até que
tenha abandonado totalmente o pecado no qual vive.
Se Deus o reprovou, talvez algum
tipo de pecado em sua vida explique o motivo.
Provavelmente a prática de um
hábito pecaminoso ou o fato de tolerar um ato maldoso tenha sido a razão de ter
recebido uma reprovação e um castigo dolorosos. Às vezes, Deus é excessivamente
severo no trato com seu povo pelos seus pecados neste mundo. Deus não permitiu
que Moisés e Arão entrassem na Terra Prometida porque o haviam desobedecido e
pecado com seus lábios nas águas de Meribá. E como Deus foi terrível quando
tratou com Davi! Que aflição levou para sua família! Um dos seus filhos
violentou sua irmã; outro matou o irmão e depois de expulsar seu pai do trono
na vista de todo Israel, deflorou a concubina de seu pai perante todos. O seu
fim foi terrível; machucou completamente o coração de seu pai (2 Sm 18.33).
Imediatamente depois, aconteceu a rebelião de Seba (2 Sm 20). No fim da vida,
Davi viu seu outro filho usurpar o trono.
Quão severamente Deus tratou Eli
por ele ter vivido no pecado, não refreando seus filhos da maldade! Os dois
filhos foram mortos no mesmo dia, e o próprio Eli morreu violentamente. A arca
foi levada cativa (1 Sm 4). A casa de Eli foi amaldiçoada para sempre; o
próprio Deus jurou que a iniqüidade da casa de Eli nunca seria expiada por meio
de sacrifícios e ofertas (1 Sm 3.13,14). O sacerdócio foi tirado de Eli e
transferido para outra linhagem. Nunca mais houve um sacerdote na família de
Eli (2 Sm 12.31).
O motivo das repreensões divinas
que recebeu é algum tipo de pecado na sua vida? Na verdade, no tocante aos
acontecimentos da Providência, você não pode ser julgado pelos seus vizinhos,
porém com certeza você deveria se perguntar se Deus está contendendo com você
(Jó 10.2).
Se a morte lhe causa medo, talvez
seja porque você está vivendo em algum tipo de pecado.
Quando pensa na morte, você se
encolhe a esse pensamento? Quando tem uma doença, ou quando alguma coisa ameaça
sua vida, você sente medo? Os pensamentos de morte e a eternidade alarmam você,
embora seja um cristão?
Se você vive num caminho mau,
provavelmente essa seja a razão de seus medos. O pecado deixa a sua cabeça
sensual e mundana e, portanto o impede de desfrutar de uma alegria celestial. O
pecado diminui a graça e impede o desfrute das antecipações do conforto
celestial que, de outra maneira, você desfrutaria. O pecado impede o sentimento
da presença e do favor divinos. Sem isso, não é de espantar que você não veja a
morte diante de si sem temor.
Não permaneça em qualquer tipo de
pecado. Se, ao ler este livro [artigo], você percebeu que vive em um tipo de
pecado, considere que de agora em diante, se viver da mesma maneira, estará
vivendo com um pecado conhecido. Se era ou não era conhecido no passado, você
talvez tenha vivido assim inadvertidamente. Mas, agora que é consciente dele,
se continuar nele, seu pecado não será um pecado da ignorância, mas você se
mostrará como um dos que vivem intencionalmente em caminhos de pecados
conhecidos.
Sobre o autor: Jonathan Edwards
(1703-1758) foi pastor congregacionalista e pregador influente durante o Grande
Reavivamento nos Estados Unidos. Foi o maior teólogo-filósofo das Américas dos
anos 1700, e um forte apologista calvinista contra a teoria do livre-arbítrio.
Extraído de John MacArthur, Jr. Sociedade sem Pecado. 1ª Edição. Editora Cultura Cristã, 2002. São Paulo, SP.
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