Fanatismo - Florbela Espanca
“Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
...
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»”
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
...
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»”
Quanto sentimento, quanta entrega! O momento em que as palavras se juntam e formam muito mais que frases, delineiam pensamentos e sentimentos com a força destemida da entrega. Ler este pequeno poema de Florbela nos leva a entender a paixão, que, avassaladora, destrói, invade, corrompe e até maltrata. Quando dois são um na mais perfeita das harmonias, no limiar entre o que sou e o que me torno quando ligado a alguém apaixonadamente.
Esta força capaz de mudar rumos, de alterar histórias, de tornar infindo o que é finito, de corar aquilo que a muito jaz cinza.
Quero viver toda vida na certeza de que vale a pena.
Pena que alguns não a encontrem,
e para estes só me resta esta pena.
Não o pesar ou consciência intima,
mas a que, correndo o papel discorre,
como Florbela, os meus bocados que alimentam
de sonhos e de desejos,
pois no trocar de alguns beijos
sou alcançado por ela.
Glauco Cruz
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