Lição Bíblica - "Jonas - A Misericórdia Divina" - Com Subsídio para o Professor.11/11/12
TEXTO ÁUREO:
“E Deus viu as obras deles, como se
converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes
faria e não o fez” (Jn 3.10).
VERDADE PRÁTICA:
O relato de Jonas ensina nos o quanto Deus
ama e esta pronto a perdoar os que se arrependem.
LEITURA BIBLICA = JONAS 1: 1-3,15,17; 3: 8-10
INTRODUÇÃO
Jonas. No hebraico é Yonah, que significa “pombo”. Era filho
do profeta Amítai, do Reino do Norte, e habitava em Gate Hefer (2 Rs 14.25);
segundo Jerônimo, uma aldeia nos arredores de Nazaré. Jonas viveu na época de
Jeroboão II, entre 791-753 a.C., quando os assírios atormentavam o Reino de
Israel.
O livro é um testemunho da soberania divina. Jeová não é
apenas um Deus nacional, mas Senhor de toda a Terra, que faz justiça e usa de
misericórdia para com todos os homens. Com exceção do segundo capítulo, o livro
é uma narrativa da missão do próprio Jonas, enviado a Nínive, capital da
Assíria, a fim de que o povo daquela cidade se arrependesse de seus pecados. O
Senhor Jesus mencionou o “grande peixe” e a missão de Jonas em Mateus 12.39-41.
O LIVRO DE JONAS
“Misericordioso e
piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade” (Sl 103:8). De forma
pungente e sucinta, esta é a mensagem de Jonas.
Ler este livro é ver o mundo pelos olhos de Deus. Todos os
indivíduos de todas as nações, de todas as raças são pessoas, almas, cada uma
com um destino eterno. Cada pessoa é preciosa à vista de Deus; uma, tão
preciosa quanta a outra.
“O livro de Jonas”, afirma W. W. Sloan, “está mais próximo
dos ensinamentos do Novo Testamento do que qualquer outro texto das Escrituras
hebraicas. O tema central é que Deus está interessado em todas as pessoas de
qualquer nacionalidade ou raça e espera que aqueles que o conheçam se dediquem
a compartilhar esse conhecimento”. Nunca na história, o livro de Jonas teve
maior relevância que hoje. Há tremenda urgência que todo cristão sinta e
considere esta mensagem, a fim de se envolver na missão mundial da igreja.
Entendemos a mensagem à medida que observamos Jonas —
insensível, vingativo, nacionalista e implacavelmente soberbo — que prende sua
fé no peito, enquanto Deus procura fazer com que ele a compartilhe de acordo
com o seu propósito mais amplo de redenção. Jonas, ao lutar contra os
procedimentos divinos, às vezes nos lembra o mesquinho irmão mais velho do
pródigo.
E como o pai, perdoador e alegre, o Senhor insiste para que
Jonas abandone a aboboreira murcha e a barraca queimada pelo sol e vá
compartilhar da alegria da cidade poupada. Aqui, Jonas nos lembra o servo
desumano em outra das parábolas de Jesus. Quase podemos ouvir o Senhor
pleiteando com o profeta: “Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque
me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão [...] como eu também
tive misericórdia de ti?” (Mt 18.32,33).
A historicidade da profecia de Jonas não foi questionada até
recentemente, quando os estudiosos incrédulos se recusaram a “engolir a
baleia”. Desde então, outros fatores miraculosos no relato também entraram em
discussão. Para alguns, parecia mito. Para outros era alegoria do exílio e a
missão de Israel com base em Jeremias 5 1.34. Um terceiro grupo o considerava
parábola. Mas há boas razões para aceitá-lo como narrativa histórica.
O profeta Jonas, sem dúvida, foi uma figura histórica.
Residia em Gate-Hefer, era filho de Amitai e serviu como verdadeiro profeta do
Senhor no Reino do Norte durante o reinado de Jeroboão II (aproximadamente
786-746 a.C.; 2 Rs 14.25). Foi, portanto, antigo contemporâneo de Oséias e
Amós. A Bíblia não relata o que Jonas fez depois de ter pregado em Nínive. A
tradição que diz que foi enterrado em Nínive num local marcado por uma mesquita
carece de apoio histórico.
Jesus menciona a experiência de três dias de Jonas no
“ventre da baleia” para indicar antecipadamente sua experiência entre a
crucificação e a ressurreição. E, pelo visto, nosso Senhor considera o
arrependimento dos ninivitas como fato histórico. Na realidade, Jonas é o único
profeta do Antigo Testamento com quem Jesus se comparou e o fez no assunto da
ressurreição (Mt 12.39-41; Lc 11.29-32).
A missão de Jonas em Nínive com suas feições miraculosas não
foi única. Ela é comparada às missões de Elias a Sidom e de Eliseu à Síria (1
Rs 17.8-24; 19.15; 2 Rs 8.7- 15). Nem a perigosa viagem do apóstolo Paulo para
Roma, no Novo Testamento, foi tão diferente da viagem de Jonas em suas
implicações miraculosas (At 27.1—28.14).
O livro de Jonas está na forma de narrativa histórica linear
e não há indicação de que deva ser interpretado de outro modo. Até o século
XIX, os judeus e cristãos em geral consideraram o livro como relato verdadeiro.
Conforme sugere Robinson: “Podemos alegar enfaticamente que,
para Jonas, a força da autodefesa de Jeová exigia uma missão verdadeira para
uma cidade pagã com um arrependimento verdadeiro e ‘salvamento’ autêntico. Não
é fácil acreditar que o desafio: ‘Não hei de eu ter compaixão da grande cidade
de Nínive’? Foi apresentado ao povo de Israel pelo escritor inspirado como
consideração puramente hipotética.
A autoria e data do livro de Jonas são incertas. O texto é a
respeito de Jonas, mas não foi necessariamente escrito por ele. Não temos
informação sobre quem fez o registro. Nem sabemos quando a história foi
escrita. E provável que a composição tenha sido feita antes da queda do Reino
do Norte (721 a.C.) ou, no máximo, antes da queda de Nínive (612 a.C.). Pode
ser que o livro não tenha sido colocado em sua forma atual até depois da última
data. Tiramos esta conclusão do fato de que o tempo passado “era” é usado para
descrever Nínive (3.3).
E possível que durante a vida de Jonas a Assíria, cuja
capital era Nínive, passava por um período de declínio. A sucessão de três reis
fracos diminuíra seu prestígio e poder no mundo. Babilônia, no baixo vale do
Tigre-Eufrates, ganhava força e era uma ameaça a ter de enfrentar.
No noroeste, Urartu — a antiga Armênia — também ameaçava a
supremacia assíria. Os territórios tributários ocidentais também estavam
cientes do declínio da Assíria, e o sucesso de Damasco e Arpade ao resistir os
monarcas assírios encorajou outros. Essa situação resultou numa sucessão de
calamidades que deixaram o império grandemente exaurido.
Parecia ocasião apropriada para o Espírito de Deus se mover
na capital. O estado de espírito das pessoas era de incerteza e insegurança, o
que proporcionou uma colheita madura. O Senhor buscou um ceifeiro na pessoa de
Jonas.
A importância das circunstâncias é sugerida por 5. C. Yoder,
quando escreve acerca do fugitivo Jonas: “Este era um homem que fugiu da
oportunidade que surge, talvez, uma vez na vida e, ainda, mais raramente, na
história de uma nação, para levar um povo ao arrependimento. E agora o
mensageiro que foi chamado para representar Deus nesta missão estava pouco
propenso a enfrentar as questões, quaisquer que tenham sido, e assumir a
responsabilidade que a oportunidade lhe dispunha”.
A TEMPESTADE NO MAR =
( Jn 1 )
O nome Jonas significa pombo, no hebraico, Conforme 2 Reis
14.25, Jonas era proveniente da aldeia de Gate-Hefer, situada a cerca de 4 km
ao norte de Nazaré, na Galileia. O livro é de autoria do próprio profeta que
usou o recurso da terceira pessoa, estilo este comum entre escritores
hebraicos, para relatar sua história.
Contemporâneo dos profetas Amós e Oséias, Jonas escreveu seu
livro no ano 780 a.C., aproximadamente, já no fim de sua carreira e cerca de 60
anos antes da tomada do Reino do Norte (Israel) pelos assírios.
Ainda que tendo sido um arauto do SENHOR, considerado um
profeta de Israel, na sua missão, Jonas é mais um evangelista. Tendo esse duplo
oficio, um dia proclamou o juízo divino contra os cidadãos de Nínive, capital
da Assíria. Vemos, no decorrer do seu livro, o tema “A Misericórdia de Deus”.
A fuga de Jonas ( Jn 1.1-6 )
A palavra de Deus fora confiada a Jonas e sua chamada não
poderia ter sido mais clara. Porém, o profeta resolveu não ir a Nínive, mas
fugir para Társis, na Espanha (vv. 2,3).
Com isso, ele tentava algo impossível: escapar da presença
do SENHOR. Ao verificar a geografia da região (mapa), vemos que as duas cidades
estão em direções opostas. A medida que Jonas procurava aproximar- se de
Társis, mais longe ficava do local da sua missão predita. O resultado foi que o
profeta não conseguiu fugir da presença de Deus.
O Desespero da tripulação (Jn 1: 7-10 )
A tripulação decidiu tomar providências a fim de descobrir
por causa de quem estava sofrendo tão grande mal. Lançaram sorte e recaiu sobre
Jonas (v. 7) que, indagado, respondeu que era um hebreu e servia ao Deus do
céu, mas, que estava fugindo dEle (vv. 8-10). Com isso, todos ficaram muito
aflitos. Suas últimas e mínimas esperanças de resgate, talvez, naquele momento
teriam afundado nas águas turbulentas que os cercavam.
NO VENTRE DO GRANDE PEIXE ( Jn 2 )
A primeira menção de oração de Jonas encontra-se no início
do capítulo 2 do seu livro. No capítulo não encontramos qualquer referência à
oração feita pelo profeta. E o triste caso que não deveria ocorrer na vida de
muitos crentes: só oram quando estão em situação difícil. Mas Jonas orou; e com
disposição, sinceridade e contrição.
GRITANDO DO VENTRE DO ABISMO ( Jn 2:13)
Se possível, coloque-se no lugar desse profeta, em meio a um
compartimento de carne, escuro, de cheiro estranho, com algas, peixes e outros
tipos de vida marítima e água em volta. Realmente, um lugar muito desagradável
para se ficar. Porém, Jonas deve ter sentido que, mesmo assim,; ele estava nas mãos de Deus. A primeira parte
de sua oração é um clamor ao SENHOR e a subsequente resposta do alto.
Angustiado, gritou e Deus ouviu a sua voz de dentro do ventre do peixe. O
Salvador está sempre alerta ao clamor de Suas criaturas, onde quer que estejam.
O servo aceitou a disciplina d0 SENHOR. Reconheceu que fora
Deus que o mergulhara “... no profundo, no coração dos mares,...” (v. 3).
Observou que as ondas e vagas do Criador passavam por cima dele (v, 3).
Submetendo-se ao SENHOR e àquela situação, Jonas procurou restaurar os elos da
comunhão com o seu Pai Celestial.
AS AGUAS CERCANDO ATÉ A ALMA ( Jn 2: 46)
O desânimo procurava dominar Jonas. Ele tinha admitido a sua
falta, tinha pedido perdão a Deus, mas continuava no seu sepulcro aquático. O
ambiente o sufocava até à alma. Cercado por água salgada, pela treva e por
detritos, deve ter chegado à beira do desespero. Sentiu-se perpetuamente
aprisionado; contudo, reiterava que Deus era o seu SENHOR e O agradecia porque
depois de fazê-lo descer à base das montanhas, o levantou com vida, da
sepultura.
A MISERICÓRDIA DIVINA
O arrependimento dos ninivitas (Jn 3:5-9)
O efeito da pregação de Jonas foi algo impressionante e
maravilhoso. Os cidadãos, do maior ao menor, creram e se arrependeram de seus
pecados. O próprio rei ordenou um jejum a ser observado pelos homens e pelos
animais. A cidade se vestiu de panos de saco e, como Jó, assentou-se na cinza,
O seu clamor subiu a Deus e se converteu dos maus caminhos e da violência das
suas mãos. Os ninivitas reconheceram e abandonaram suas transgressões, sendo as
principais a avareza e a ambição opressiva de dominar e controlar outras
nações, anexando-as ao seu império.
Vemos aqui o maior avivamento registrado na Bíblia! A maior
e mais poderosa cidade daquele tempo submetendo-se, humildemente, ao único e
verdadeiro Deus! A mensagem de um servo do SENHOR abalou e mudou uma população
inteira. O arrependimento sincero dominou o comércio, as escolas, os templos,
os palácios, as casas, enfim, tudo. Nínive foi sacudida até os alicerces,
movidos pelo arrependimento. A transformação foi total e atingiu a todos.
A causa principal deste impacto espiritual em Nínive, foi o
poder convencedor do Espírito Santo, associado à receptividade positiva dos
corações arrependidos e voltados para Deus.
O perdão dos ninivitas ( Jn 3:10)
O versículo dez é mais um entre muitos nas Escrituras a
falar da graça abundante do Salvador que contemplava os atos do povo da grande
capital e “mudou Seus planos”. Estava pronto para destruí-la, mas, demonstrando
misericórdia, deu-lhe um prazo de quarenta dias antes do juízo destruidor.
Diante disso, Nínive tomou nova atitude diante de Deus e o SENHOR a perdoou de
suas iniquidades.
Depois dos quarenta dias, a ira divina não arrasou a
poderosa e arrogante cidade porque seus habitantes se arrependeram de seus
pecados e se voltaram para Deus.
A MISERICÓRDIA DIVINA ( Jn 4)
Se o Livro de Jonas tivesse se encerrado com o capítulo
três, seria como um conto de fadas, com a costumeira frase final: “... e todos
viveram felizes para sempre”. Mas não foi bem assim. Aquele que trouxera a
mensagem de Deus aos assírios agora se encontrava em situação deplorável. Ao
invés de se alegrar com o povo por sua mudança para o bem, o profeta resmungou
tristemente sobre o milagre que transformou Nínive.
A IRRITAÇÃO DE JONAS ( Jn 4: 1-5)
O servo do SENHOR estava desgostoso, aborrecido, irado. Se
ele fosse Deus, teria esmagado a cidade de vez, pois o profeta lamenta por Deus
não ter destruído a cidade como prometeu. Interessante é que o Pai Celeste usou
este seu filho, tão contrário a esta grande missão. E Deus, e não os homens,
quem escolhe e separa a quem quer. Enfim, o SENHOR é bondoso e usa o que temos
de bom, e com o tempo, muda e aperfeiçoa o restante de nós.
Parece um paradoxo esta atitude de Jonas. Não precisamos
fazer uma averiguação das razões psicológicas do caráter do homem para tentar
descobrir seus motivos. Possivelmente igual a muitos de nós hoje, ele gostaria
de ver o castigo destruir pecadores ao invés de vê-los transformados pelo amor
do Mestre. O arauto de Deus soube pregar com unção, mas, infelizmente, não
aprendeu quão mister e vital é também a misericórdia para com os outros.
Ao orar ao SENHOR (v. 2), esse porta-voz desgostoso
mostra-se ciente dos atributos de Deus. Mas, talvez por sentir que falhara como
profeta, por não ver o cumprimento da sua profecia, preferia que o Altíssimo
não fosse misericordioso com os ninivitas. Tal era a sua queixa que queria
morrer. E quando o SENHOR lhe perguntou se esta sua ira era razoável, ele não
respondeu e saiu da cidade. Alimentava ainda a esperança de que Deus destruiria
Nínive e exterminaria os seus habitantes.
A lição do SENHOR ( Jn 4.6-11)
Poderíamos intitular esta última seção do livro de: “Jonas e
o Verme”. Antes, um “animal” enorme o tinha salvado; agora, um bicho pequeno
quase o destruía.
O SENHOR preparou a planta que providenciou sombra para o
profeta; depois preparou o verme que matou a planta e o sol abrasado esquentou
a cabeça do arauto aborrecido. Jonas outra vez implorou que desejava morrer.
Deus, então, lhe instrui acerca da compaixão, indicando que muitas vezes a
compaixão de Jonas, como também a nossa, é mal dirigida ou aplicada.
Infelizmente, o profeta se preocupava mais consigo próprio e
seu conforto do que com as almas* da grande capital da Assíria. Ele tinha
esquecido que o SENHOR é um Pai cheio de ternura e misericórdia, que tanto
aspira resgatar, quanto reivindicar.
DEUS CONVENCE JONAS PELA LÓGICA = Jonas 4.1-11
O DESCONTENTAMENTO DE JONAS, 4.1-3
A auto-estima e o nacionalismo de Jonas o indispuseram a
aceitar as intenções misericordiosas de Deus para com um povo arrependido. Os
ninivitas fizeram com que ele ficasse profundamente ressentido com o perdão
mostrado àquela cidade. Ver milhares dos inimigos de Israel em busca de Deus,
na verdade, enfureceu o profeta.
De seu baixo ponto de vista, tudo o que via era que sua
predição não se cumprira — portanto, era falsa — e o inimigo nacional de Israel
fora poupado. Desgostou-se Jonas extremamente... e ficou todo ressentido (1).
Literalmente: “Foi mal para Jonas” e “isto [o desgosto] o queimava”
O profeta percebeu que, se a Assíria, o destruidor predito
de Israel (Os 9.3; 11.5,11; Am 5.27) fosse destruída como profetizara, Israel
ficaria livre de seu maior perigo. Não haveria pesado tributo a pagar, e o país
se desenvolveria em uma nação mais forte e influente. Porém agora parecia que,
com a salvação dos inimigos de Israel, Jonas anunciava a destruição de seu
próprio povo.
Mas Israel não seria poupado apenas com a destruição de
Nínive. Eram seus próprios pecados que destruíam a nação israelita (cf. Mt
7.4,5).
A despeito de seu espírito hostil, Jonas considerava-se
crente fiel, pois orou ao SENHOR (2). E tristemente comum que a pessoa que
observa as formas devocionais e se considere crente manifeste atitudes
insensíveis e rejeite a vontade de Deus.
A PREOCUPAÇÃO DE DEUS POR TODOS, 4. 10,11
Quando o Senhor falou com Jonas, explicou o que tentara
dizer, ao argumentar a partir de um caso menor para um maior. Ele disse:
Tiveste compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste... que, em uma noite,
nasceu e, em uma noite, pereceu; e não hei de eu ter compaixão da grande cidade
de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens, que não sabem
discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos
animais? (10,11).
As opiniões variam quanto à interpretação da declaração
relativa à população da cidade. Certos estudiosos entendem que as 120.000
pessoas mencionadas referem-se apenas a crianças, o que nos leva a supor que a
população total girava em torno de 600.000 habitantes.
Outros deduzem que os 120.000 dizem respeito aos indivíduos
que desconheciam a lei moral de Deus (ver terminologia semelhante em Dt 5.32;
Js 1.7). Se este for o caso, os 120.000 seriam a população total. Seja como
for, Deus expressa sua preocupação pelo sofrimento de quem não pode se valer. O
Senhor mostrava como a exclusividade religiosa de Jonas o cegara. A mensagem
era: Você nada teve a ver com a origem ou crescimento da aboboreira que pouco
viveu, mas se afligiu por sua destruição.
CONCLUSÃO
Em nossa Bíblia temos os exemplos proeminentes de Jonas e de
Pedro (Atos 10), que foram contrários a levar a mensagem do amor de Deus aos
gentios. Ousamos contar-nos entre os que são pertinazes e negligentes para
levar a mensagem da graça salvadora de Cristo às ovelhas perdidas da casa de
Israel? Graças a Deus para todo o sempre, ele tem compaixão! Mas, temos nós?
O amor de Deus em nosso coração nos constrangerá a
aceitarmos o pleno compromisso que o Senhor buscou em Jonas e recebeu com
alegria de Paulo. Esse amor afinará nossos ouvidos à sua voz, de forma que
ouviremos o chamado de Deus para testificarmos mundialmente de sua salvação.
Atenderemos ao seu chamado para exercermos uma mordomia solene e sagrada da
vida e das posses. A medida de nossa resposta ao chamado de Deus é, na
realidade, a extensão de nosso amor por Ele.
Subsídio para o Professor
I – O LIVRO DE JONAS
Prosseguindo o estudo dos livros dos profetas menores e
sua atualidade, hoje estudaremos o quinto livro na ordem constante do cânon do Antigo Testamento, o livro de
Jonas.
- Em hebraico, Jonas é "Yonah" (יןנה), que significa “pombo”.
Jonas era filho do profeta Amitai e era da cidade de Gate-Hefer (II Rs.14:25), cidade mencionada em Js.19:13
e que pertencia a tribo de Zebulom, localidade próxima à cidade de Nazaré, cerca de 8 km ao
norte. Portanto, tratava-se de um profeta do reino do Norte, o reino de Israel.
- Jonas, como se pode observar, era filho de profeta e um
profeta que, primeiramente, profetizou no reino do norte (Israel), tendo, inclusive, predito o restabelecimento
dos termos de Israel desde a entrada de Hamate (Síria) até o mar da planície, o que sucedeu no reinado de
Jeroboão II, ou seja, seu ministério ficou marcado como um mensageiro que trazia boas novas a seu povo, o que
teve grande influência em sua resistência para ir até Nínive, como veremos infra.
- Existe uma tradição que entende que Jonas teria sido o
filho da viúva de Sarepta de Sidom que teria sido ressuscitado por Elias (I Rs.17:17-24). A viúva teria se
casado com o profeta Amitai, que teria adotado Jonas e que teria sido, posteriormente, um grande profeta.
- Jonas, como já vimos, profetizou pouco antes ou no reinado
de Jeroboão II, o que faz dele um dos mais antigos profetas literários, muito provavelmente anterior a
Oseias ou, no máximo, contemporâneo aos primeiros dias do ministério daquele profeta. Esta sua
antiguidade é um dos argumentos dos
críticos que descreem que Jonas tenha existido, entendendo que seu livro
é apenas uma lenda, um mito, algo inadmissível já que o Senhor Jesus a este profeta se referiu
explicitamente (Mt.12:39,40; 16:4; Lc.11:29,30,32).
- Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia
em ordem cronológica, situam o livro do profeta Jonas por volta dos anos 767 ou 798-784 a.C. Ambos entendem
que o livro de Jonas está situado entre a primeira parte do livro de Oseias e o livro de Amós, já no
reinado de Jeroboão II.
- O livro de Jonas é um livro diferenciado entre os profetas
menores, pois, em vez de conter predições, como acontece com os outros profetas, é um livro biográfico,
em que Jonas relata o que aconteceu tanto com ele quanto com a cidade de Nínive, capital da Assíria, a
potência mundial da época, tendo o Senhor, em ambos os casos, deixado de exercer o juízo em virtude do
arrependimento e conversão dos que deveriam ser castigados.
- O livro de Jonas mostra, assim, com grande clareza, que é
completamente falsa a imagem que ainda hoje se defende de que Deus, no Antigo Testamento, é um ser cruel,
sanguinário e sem misericórdia. Pelo contrário, no livro de Jonas vemos como Deus sempre foi misericordioso,
não só em relação a Israel, mas também em relação aos gentios, como foi o caso dos ninivitas.
- De pronto, já temos uma demonstração da atualidade deste
livro, na medida em que temos a revelação de um caráter divino e que, como tal, é atemporal, qual seja a Sua
misericórdia, ou seja, a disposição que Deus tem de não nos dar aquilo que merecemos em virtude de nossa
natureza pecaminosa decaída, desde que haja arrependimento e conversão.
- A mensagem do livro diz respeito a um importante episódio
do ministério profético de Jonas, qual seja, o de ter de pregar uma mensagem de destruição a Nínive, a capital
da Assíria, o grande império daqueles dias e que representava uma grande ameaça ao povo de Israel.
Tratava-se, portanto, de uma mensagem ao principal inimigo, o que representava grandíssimos riscos para um
profeta israelita. Jonas tentou escapar à ordem divina, mas, após muito sofrer, acabou cumprindo a
determinação divina. Surpreendentemente, os ninivitas se arrependeram e Deus não os destruiu. O livro de Jonas é a
mais eloquente demonstração no Antigo Testamento de que Deus é um Deus que ama todas as nações.
Jonas, por isso, é conhecido como o "profeta missionário", o que, aliás, faz jus a seu nome de
“pombo”, ave que se constituía em importante meio de comunicação naquele tempo (os “pombos-correios”).
- O livro de Jonas,
que tem 4 capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:
a) 1ª parte - chamada e desobediência de Jonas - Jn.1;
b) 2ª parte - arrependimento de Jonas - Jn.2;
c) 3ª parte - pregação de Jonas e seus efeitos - Jn.3-4.
- Em Jonas, vemos a revelação do amor de Deus para com todos
os homens, mesmo os ninivitas, maiores inimigos do povo de Israel. Temos uma figura do maior
missionário de todos os tempos, aquele que veio salvar a humanidade por inteiro, Jesus Cristo.
OBS: " O Livro de Jonas ante o Novo Testamento - Jesus
assemelhou-se a Jonas: 'Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém não se
lhe fará outro sinal, senão o do profeta Jonas, pois, como Jonas esteve três
dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do Homem três dias
e três noites. Os ninivitas ressurgirão no juízo com desta geração e a
condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui
quem é mais do que Jonas." (Mt.12.39-41)." (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL,
p.1314).
" Cristo Revelado - As palavras de Deus a Jonas em
4.10-11 fazem paralelismo entre as palavras de Jesus em Jo.3.16. Deus Se
preocupa com todas as nações da Terra. É verdade que Cristo tem um
relacionamento especial com os membros do Seu Corpo, a Igreja, o amor de Cristo
pelo mundo foi dramaticamente demonstrado quando Ele morreu na cruz pelos
pecados de toda a humanidade. João Batista reconheceu a universalidade desse
amor, quando exclamou: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo'
(Jo.1.29). O amor de Deus por todos os seres humanos, como ensinado a Jonas,
foi demonstrado principalmente por Jesus Cristo, que declarou que um Dia está
por vir, quando 'ajuntarão os Seus escolhidos, desde os quatro ventos, de uma a
outra extremidade dos céus; (Mt.24.31). (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.336).
- Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Jonas
tem 4 capítulos, 48 versículos, 8 ordenanças, 12
perguntas, nenhuma promessa, um versículo de profecia
cumprida e 6 mensagens distintas de Deus (1:2; 2:10; 3:2; 4:4,9,10).
- Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Jonas, o
32º livro da Bíblia, está relacionado com a décima letra do alfabeto hebraico
“yod” (י), cujo nome tem
significado de “mão”, palavra que simboliza o poder, a permissão, a habilidade
e a autoridade, sendo um livro que nos mostra a necessidade que temos de estar
debaixo da mão do Senhor, ou seja, de temermos a Deus.
III – CHAMADA E DESOBEDIÊNCIA DE JONAS
- O livro de Jonas começa com uma ordem de Deus para que o
profeta, identificado como “o filho de Amitai”, fosse até a grande cidade de
Nínive e clamasse contra ela, porque a sua malícia havia subido até o Senhor
(Jn.1:1,2).
- Notamos, portanto, que
Jonas, ao tempo desta ordem do Senhor, já era um profeta estabelecido em Israel, certamente já proferira as mensagens a respeito do
restabelecimento dos termos do reino do norte, e era chamado pelo Senhor para ir pregar aos ninivitas, ou seja,
ir pregar na capital da Assíria, potência mundial da época e que ameaçava Israel, para lá pregar uma mensagem de
juízo, dizendo que Deus não estava a Se agradar do comportamento mau daquele povo.
- Os assírios ficaram conhecidos na história por sua grande
crueldade. Ao contrário dos outros povos, os assírios não se contentavam apenas em conquistar as outras
nações. Sua conduta era de dizimar os inimigos, matando o maior número possível deles e, depois, os
espalhando em outras terras, a fim de que as nações conquistadas desaparecessem por completo.
- Uma das mais conhecidas técnicas cruéis empregadas pelos
assírios em suas conquistas era o empalamento ou empalação, que consistia num “…método de tortura e
execução utilizada antigamente que consistia na inserção de uma estaca no ânus, vagina, ou umbigo até a
morte do torturado. Algumas vezes deixava-se um carvão em brasa na ponta da estaca para que, quando esta
atingisse a boca do supliciado, este não morresse até algumas horas depois, de hemorragia. Usava-se também cravar
a estaca no abdômen.…”(Empalamento. In:
WIKIPEDIA. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Empalamento Acesso em 03 set. 2012).
- Compreende-se, portanto, a reação do profeta diante da
ordem divina. Conhecido como um profeta que havia sido usado por Deus para falar do restabelecimento dos
termos de Israel e sabedor de que os principais e cruéis inimigos do seu povo estavam a ponto de serem destruídos por
Deus, Jonas, dentro de seu nacionalismo, não quis saber de levar uma mensagem para aquela nação, até
porque “havia o risco de os assírios se arrependerem” e, como Jonas sabia que Deus era
misericordioso, pois, por isso mesmo, apesar da vida
pecaminosa de Israel, estava a restabelecer-lhes os termos
(II Rs.14:26,27), Israel teria de conviver com estes inimigos, mantendo a nação em perigo.
- Não bastasse isso, Jonas estava sendo chamado para
profetizar aos gentios, a um povo que não gozava das promessas de Deus, um povo idólatra e que, portanto, não era
“o povo de Deus”. Como poderia Jonas pregar a um povo gentio sendo ele israelita? Como os assírios
poderiam dar crédito a um profeta estrangeiro, sendo, aliás, extremamente cruéis como eram para os estranhos,
notadamente Israel, que era a próxima nação no mapa a ser conquistada?
- Embora compreensível, o pensamento de Jonas era
inadmissível. Deus é o Senhor de todas as coisas, faz como quer e cabe a nós, Seus servos, obedecer-Lhe tão
somente. Não cabia a Jonas decidir se a Assíria deveria, ou não, ser poupada do juízo divino, nem Deus
estava a precisar do profeta para executar Seu juízo.
Como profeta, ou seja, porta-voz de Deus, cabia a Jonas tão
somente ir a Nínive e proferir a mensagem divina.
- Ademais, Jonas havia se esquecido de que o Senhor, no
instante mesmo em que propôs o pacto com Israel no monte Sinai, dissera que toda a terra é d’Ele (Ex.19:5) e
que fazia parte da missão de Israel ser “um reino sacerdotal e um povo santo” (Ex.19:6), de modo que o fato de
ter chamado Jonas para pregar em Nínive era uma demonstração deste papel sacerdotal.
- O profeta, diante desta ordem, procurou “fugir de diante
da face do Senhor”. Desceu até Jope, conhecido porto israelita e achou um navio que ia para
Társis, o mais longínquo lugar conhecido da época, o extremo ocidental do mundo até então conhecido No navio,
como que querendo mesmo se esconder da presença divina, Jonas foi para o porão, como se isto fosse
suficiente para se esconder da presença do Senhor (Jn.1:3).
- Jonas deliberadamente se rebelava contra o Senhor, numa
atitude que era, num certo sentido, mais grave que a dos próprios assírios a quem ele não queria pregar. Deus
dizia que os ninivitas se comportavam muito mal, que eram muito maus e a malícia subira até o Senhor, mas os
assírios não conheciam a Deus como o profeta, nem tampouco sabiam a Sua vontade.
- Jonas, ao revés, era um profeta, alguém que tinha
intimidade com Deus, que conhecia a Sua voz, que sabia quem era o Senhor e que recebia o Espírito de Deus, já que
se tratava de um profeta. Por isso, assim que embarcou naquele navio, Jonas já sentiu a mão do Senhor,
visto que Deus mandou ao mar um grande vento e fez-se no mar uma grande tempestade e o navio estava para
quebrar-se (Jn.1:4).
- A malícia dos assírios, embora tivesse subido até o
Senhor, não promovera qualquer reação divina a não ser a ordem ao profeta para que anunciasse o juízo divino. Já a
desobediência do profeta trouxe, de imediato, já no início da viagem, uma grande tempestade que pôs em risco
todos os tripulantes e passageiros do navio.
- Este fato já nos mostra que a desobediência de um servo de
Deus é mais grave aos olhos do Senhor do que a maldade praticada por quem nunca conheceu a Deus. A
reprovação divina aos desobedientes que uma vez já provaram do perdão divino é bem maior do que
daqueles que jamais receberam a Deus como Senhor. Por isso mesmo o apóstolo Pedro afirmou que a estes
que apostatam da fé “…tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro, porque melhor lhes fora não
conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora
dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao seu próprio
vômito e a porca lavada ao espojadouro da lama” (II Pe.2:20 “in fine”-22).
- Nós, que já recebemos a Cristo Jesus como Senhor e
Salvador de nossas vidas, precisamos ficar bem atentos a esta realidade bíblica. O exemplo de Jonas é uma
demonstração de que o servo de Deus desobediente está em situação bem pior do que o incrédulo impenitente.
Pensando abreviar o tempo de vida de Nínive negandolhe uma pregação de juízo de
onde poderia vir o arrependimento e conversão e, por conseguinte, a
manifestação da misericórdia divina, Jonas só tinha
conseguido trazer prejuízo para si e para os que estavam com ele.
- Quantas pessoas não foram prejudicadas pelo gesto
tresloucado do profeta? Sua desobediência pôs em risco não só a vida dos demais tripulantes e passageiros, como
também as cargas que eram transportadas naquele navio, o que envolvia, também, as economias de todos os
envolvidos nestas transações comerciais, cargas que foram lançadas ao mar diante da grande tempestade. Quando o
servo de Deus desobedece ao Senhor traz
prejuízos para todos quantos estão à sua volta.
OBS: Como bem disse o pastor Edi Marcos Vinagre de Lima,
presidente das Assembleias de Deus – Ministério Vila Bela – São Paulo/SP, em estudo proferido em 21 de setembro de 2010, na Assembleia de
Deus do Belenzinho, em São Paulo/SP, Jonas causou incômodo até para o peixe que o engoliu, pois não deve ter sido fácil para aquele
animal ficar com Jonas em seu ventre por três dias e três noites…
- A tempestade aumentava e tudo o que era feito era inútil
para garantir a segurança do navio. Jonas, no entanto, diante de tamanho alvoroço, desceu aos lugares do
porão e se deitou, e dormia um profundo sono. O mestre do navio, ao encontrá-lo nesta situação de absoluta
indiferença a tudo o que ocorria, acordou-o e o mandou invocar o seu Deus, a fim de que o Deus do profeta
pudesse se lembrar daqueles homens e não permitisse a sua morte.
- Jonas, um profeta, ser chamado à atenção por um gentio para
que orasse e buscasse a Deus! Que vergonha, amados irmãos! Mas quantas vezes isto não acontece conosco?
Quantas vezes Deus também não usa pessoas incrédulas para nos repreender em nossa negligência com as
coisas espirituais?
- Deus usou aquele mestre do navio como um “mensageiro” para
retirar Jonas do estado de letargia espiritual.
Jonas estava completamente indiferente à sorte daqueles
homens que estavam a ponto de perecer naquele navio, do mesmo modo que estava indiferente à vida dos
ninivitas, tanto que havia se recusado a pregar-lhes a mensagem de juízo.
- A indiferença com a sorte do próximo é uma das
características de quem está a desobedecer a Deus. Assim como quem está em comunhão com o Senhor sente
compaixão pelas almas perdidas, não tem prazer na ideia de que muitos estão a perecer eternamente por não
conhecerem ao Senhor Jesus; aquele que não está em comunhão com o Senhor pensa apenas “no próprio umbigo”, não
tem a dimensão do próximo, não está nem um pouco incomodado com o fato de que milhares de vidas,
todos os dias, estão caminhando para a perdição eterna.
- Façamos uma reflexão: qual é a nossa reação diante da
iminência da morte eterna dos que nos cercam? A reação de Jonas, de total indiferença, de sono profundo no
porão da consciência, ou a do apóstolo Paulo, que exclamava: “ai de mim se não anunciar o evangelho!” (I
Co.9:16 “in fine”)? Quantos Jonas não temos visto, na atualidade, em nossas igrejas locais…
- Jonas, mesmo diante da fala do mestre do navio, manteve-se
inerte, sem qualquer reação. Não invocou o nome do Senhor, porque sabia que não seria ouvido, pois Deus
não ouve a pecadores (Jo.9:31). Parecia conformado com a situação, sabendo que a tinha causado, mas,
ainda assim, sem se importar com as vidas que estava levando à morte juntamente com ele.
- No desespero, os marinheiros resolveram lançar sortes para
saber por que causa lhes havia sobrevindo aquele
mal. Mais uma vez, vemos a manifestação da misericórdia
divina, que já havia se manifestado através da fala do mestre do navio, que havia provocado Jonas a uma
reflexão. Agora, as sortes caíram sobre Jonas.
- Alguns, a lerem esta passagem, ficam confusos. Como
poderia um procedimento gentílico, vinculado à adivinhação, levar até Jonas? Haveria algum valor neste
procedimento? Poderíamos, então, recorrer a tais práticas para tentarmos descobrir as coisas?
- Temos aqui um caso excepcional e que tinha a sua razão de
ser. Evidentemente que o lançar sortes não é uma prática recomendada pela Bíblia Sagrada e os servos de Deus
não devem valer-se dela. Ocorre que Deus estava usando da Sua misericórdia, não queria que aqueles
homens viessem a morrer por causa de Jonas, nem mesmo queria que Jonas morresse e, em virtude disto,
permitiu que a prática apontasse Jonas como o causador
do mal. Deus sempre está no controle de todas as coisas,
amados irmãos!
- Os marinheiros confrontaram então o profeta, indagando-lhe
qual era a sua ocupação, qual era a sua terra e de que povo ele era. Jonas, então, foi constrangido a
admitir a sua situação. Confessou-se hebreu, servo de Deus e que estava a fugir da face do Senhor, o Senhor que
fizera os céus e a terra (Jn.1:8-11).
- A confissão é o primeiro passo para que alcancemos o
perdão dos nossos pecados. Vemos, assim,claramente, que o propósito divino em permitir que as sortes
caíssem sobre Jonas tinha um objetivo: levar não só Jonas ao arrependimento e conversão, mas até os
marinheiros.
- Na sua confissão, Jonas acabou por pregar para os
marinheiros. Ele, que não queria ir até Nínive para levar uma mensagem divina a gentios, estava a trazer a
mensagem a respeito de quem era Deus para os marinheiros, marinheiros estes que se converteram, na medida
que o texto sagrado nos dá conta de que eles temeram a Deus, reconhecendo a Sua soberania e o Seu poder de causar aquela grande
tempestade, como também passaram a sacrificar ao Senhor e a Lhe fazer votos
(Jn.1:16).
- Jonas é interpelado pelos marinheiros sobre o que deveriam
eles fazer para sair daquela situação e o profeta, então, sabendo da
misericórdia divina, manda que os marinheiros o lancem ao mar, pois
sabia que era o causador de todos aqueles males. Assim, pensava ele estar
livrando os marinheiros da morte e, igualmente, se entregando nas mãos do Senhor.
- Assim que Jonas foi lançado ao mar, a fúria cessou, fez-se
calmaria e os marinheiros puderam reconhecer que o Deus de Jonas era, realmente, o Deus que fizera os
céus e a terra, o único Deus verdadeiro e o resultado foi que todos se converteram ao Senhor.
- Era a misericórdia divina que se manifestava, salvando não
só a vida de todos os marinheiros, como a própria vida de Jonas, já que o Senhor preparou um grande
peixe para que tragasse o profeta. O
Senhor poderia ter deixado Jonas morrer, mas não era esse o Seu
desejo, mas, antes de mais nada, manifestar a Sua misericórdia ao profeta para que ele pudesse transmitir a
mensagem divina de juízo a Nínive com toda eficácia.
- Muitos discutem a respeito deste “grande peixe” que
engoliu Jonas e que em Mateus é chamado de “baleia” (Mt;12:40), o que foi o suficiente para críticos e
incrédulos em geral dizerem que tudo não passa de uma lenda, já que uma baleia não teria condições de engolir um
ser humano, dado o fato de que sua goela não é suficientemente larga para tanto.
- Por primeiro, é oportuno dizer que se a Bíblia afirma que
o fato ocorreu, ele ocorreu independentemente de a ciência poder, ou não, comprová-lo, até porque as Escrituras
dizem que “o Senhor preparou” este animal para tal tarefa.
- De qualquer sorte, como bem assevera o professor
brasileiro Júlio Minham, em sua obra Maravilhas da ciência, o termo grego traduzido por “baleia”, a saber,
“ketos”, era um termo empregado para indicar todo e qualquer animal marinho de grandes proporções, tanto que deu
origem ao termo “cetáceo” que indica todos os mamíferos marinhos, de modo que o termo deve ser entendido
de forma genérica, não se referindo às baleias propriamente ditas.
- Como se não bastasse, o referido professor, na sua obra já
mencionada, dá notícia de casos de grandes peixes (peixes mesmo e não baleias…) que chegaram a engolir seres
humanos, um num rio brasileiro e outro num mar inglês, sendo que, neste último caso, a pessoa ficou
dois dias e duas noites no ventre do peixe e ainda foi resgatado com vida! Ora, como diz Minham: “…Não parecerá
razoável admitir que, se um homem, no curso ordinário da natureza, pode viver dois dias e duas noites
dentro de um monstro marinho, um profeta de Deus, sob Sua proteção e cuidado diretos, poderia suportar a
experiência por mais um dia e uma noite? “
(Maravilhas da ciência. 5.ed. s.l.: Livraria Atheneu, 1957,
p.213).
II – O ARREPENDIMENTO DE JONAS
- Jonas percebera que Deus é misericordioso, que não tem
prazer na morte do ímpio, tanto que fizera com que o mestre do navio, desconhecedor de quem era Deus, lhe
houvesse pedido que invocasse a Deus e, mesmo diante de sua inércia, fizesse com que as sortes caíssem
sobre o profeta e ele tivesse de relatar tudo o que estava a ocorrer em seu relacionamento com Deus.
- Deus não mede esforços para obter a salvação dos homens, a
ponto de Ele mesmo, na pessoa do Filho, ter Se feito carne para propiciar ao homem um meio para retornar
a ter comunhão com Ele (Jo.1:14,17). Esta prova do amor de Deus (Rm.5:8) é mais do que suficiente para
que saibamos que Deus é misericordioso e não quer, por isso mesmo, que nós recebamos o que merecemos por
causa dos nossos pecados, que é a morte (Rm.6:23).
- O apóstolo Paulo, em suas epístolas ditas “pastorais”, ou
seja, dirigidas a seus cooperadores na obra de Deus,em que orientava aqueles como deveriam agir na condução da
igreja do Senhor Jesus, acrescenta, em sua costumeira saudação, em que desejava sempre aos seus
leitores a graça e a paz procedentes de Cristo, também a misericórdia (I Tm.1:2; II Tm.1:2 e Tt.1:4), como a fazer
lembrar àqueles obreiros a necessidade que temos
de nos lembrar, sempre, que, se estamos na senda verdadeira,
é única e simplesmente porque não estamos a receber o que merecemos do Senhor.
- Quando falamos em graça e misericórdia de Deus, é
importante frisarmos que ambas provêm de Deus, mas,num certo sentido, são opostas. Se a graça é o favor
imerecido de Deus ao homem, ou seja, é recebermos aquilo que não merecemos, a misericórdia é o inverso, ou
seja, é não recebermos de Deus o que merecemos.
- Jonas precisava saber que Deus é misericordioso e, por
isso, não recebemos aquilo que merecemos. Em seu nacionalismo inconsequente, o profeta achava que Deus
seria misericordioso com Israel, dando a ele o restabelecimento dos seus termos, mesmo que ele não
merecesse, mas não faria o mesmo com os assírios, já que se tratava de um povo que não adorava o Senhor e que,
por isso mesmo, mereceria perecer. Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17) e Sua misericórdia, que era
ilimitada (Ex.33:19) e não somente aos israelitas, que guardavam e amavam Seus mandamentos (Ex.20:6; Dt.7:9).
- O livro de Jonas revela-nos este lado misericordioso de
Deus para além dos limites de Israel e de Judá, a nos mostrar que, mesmo no Antigo Testamento, Deus não Se
circunscrevia ao povo que era Sua propriedade peculiar, mas que o fato de não se ter alcançado plenamente
a ação misericordiosa a todos os povos naquele tempo não derivava de uma diferenciação de Deus em relação
ao homem na lei e na graça, mas, sim, fundamentalmente, de uma falha da nação israelita que, além
de não cumprir a lei, não assumiu a sua posição de reino sacerdotal e povo santo.
- Anos depois de Jonas, o profeta Jeremias revelaria mais
uma vez esta faceta da misericórdia divina, ao assinalar, diante de uma Jerusalém destruída, que a causa de
não sermos consumidos é a misericórdia de Deus, uma misericórdia que não tem fim (Lm.3:22).
- Muitos de nós, ainda hoje, em plena dispensação da graça,
não têm a exata noção do significado da misericórdia de Deus. Agem exatamente como o profeta Jonas:
entendem que alguns merecem a salvação, mas outros, não. Entendem que alguns são capazes de ser
perdoados pelo Senhor, mas outros, não. Fazem uma seleção de quem pode e merece ser perdoado e de quem não
está nas mesmas condições, esquecendo-se de que Deus é misericordioso e Suas misericórdias não têm fim!
Cuidado, amados irmãos, pois não somos Deus e não podemos nos constituir juízes do próximo, pois somente o
Senhor o é (Tg.4:11,12).
- Jonas, tendo percebido a misericórdia divina, no exato
instante em que é engolido pelo grande peixe e mantido vivo, arrependeu-se de seu pecado, que já fora
confessado diante dos marinheiros, fazendo uma oração ao Senhor, a única oração de um pecador que é ouvida
por Deus, qual seja, a oração em que se reconhece o pecado e se pede perdão pela sua prática.
- Jonas viu que o Senhor não só não queria a morte dos
marinheiros, mas também não queria a sua própria morte. Engolido pelo grande peixe, o profeta notou que se
lhe abria uma oportunidade e, de pronto, aproveitou da circunstância para pedir perdão.
- Que bom seria, amados irmãos, se todos nós fizéssemos como
fez o profeta, pedindo perdão imediatamente após a prática dos pecados cometidos, aproveitando, assim, a
manifestação da misericórdia divina, que não nos fulmina, que não nos consome assim que pecamos. “Hoje é o
dia aceitável” para pedirmos perdão.
- Quantos não estão arriscando perigosamente as suas vidas e
a sua eternidade postergando a confissão e o pedido de perdão por causa de seus pecados. Enquanto Deus
lhes dá esta oportunidade, pela Sua misericórdia, ficam tais pessoas a pensar na sua reputação, nas
consequências de uma confissão perante parentes, amigos, irmãos em Cristo, esquecidos de que pecado é uma questão de
vida ou morte eternas e é um assunto entre o homem e Deus. Façamos sempre como Jonas, pedindo perdão
enquanto é tempo, antes que seja tarde demais.
Atendamos ao que nos aconselha o apóstolo João: “Meus
filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o
Pai, Jesus Cristo, o justo. E Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nosos, mas também
pelos de todo o mundo” (I Jo.2:1,2).
- Jonas clamou ao Senhor na sua angústia e “do ventre do
inferno” gritou, tendo tido a convicção de que o Senhor lhe respondeu e ouviu a sua voz. Assim como Deus
atendeu a Jonas do ventre de um peixe, debaixo das águas do mar Mediterrâneo, também ouvirá a tantos
quantos clamarem a Ele arrependidos de seus pecados. Aleluia!
- Jonas reconhecia a situação caótica em que se encontrava,
dentro do ventre de um grande peixe, com algas enroladas na sua cabeça, mas o Senhor, que é misericordioso,
livrou a sua vida da perdição, tendo sentido que a sua oração havia entrado no templo da santidade de Deus.
Jonas reconhecia, inclusive, que mais importante do que seguir um cerimonial ritual no templo de Jerusalém
era o de ter a sua oração atendida no templo efetivo de Deus, que não era construído por mãos humanas (Jn.2:1-7).
- Em nossos dias, devemos ter também esta convicção, e com
muito maior razão, pois, como disse o escritor aos hebreus, o sangue de Cristo nos deu entrada perante o
trono da graça (Hb.4:16; 10:19,20) e, ousadamente, podemos entrar no santuário, onde alcançamos a misericórdia
e achamos a graça divinas.
- Ao vermos que Jonas, naquela situação espiritual
extremamente delicada, de dentro do ventre de um grande deixe, conseguiu que Deus o ouvisse em sua oração sincera,
por que devemos duvidar de que Deus nos ouve em nossos clamores, diante de nossas dificuldades? Basta
confessarmos os nossos pecados e pedirmos perdão pela sua prática, de modo sincero e autêntico, que o mesmo
Deus que ouviu a Jonas, também ouvirá a cada um
de nós. Como diz o apóstolo João: “Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (I Jo.1:9).
Aleluia! Tenhamos fé na misericórdia deste Deus que não muda!
- Jonas era levado a experimentar o verdadeiro caráter de
Deus. Ele, que se recusara a ir até Nínive para pregar a gentios idólatras que ameaçavam a sua nação, agora era
forçado a reconhecer que “os que observam vaidades vãs deixam a Sua própria misericórdia” ou, na
versão da Bíblia de Jerusalém, “aqueles que veneram vaidades mentirosas abandonam o Seu amor” (Jn.2:8).
- O profeta reconhecia que seu nacionalismo era uma “vaidade
vã” ou “vaidade mentirosa”, que agir diante de uma mentalidade humana, contrária à vontade de Deus, é
simplesmente abandonar a misericórdia divina, é abandonar o amor de Deus.
- Muitos, em nossos dias, por causa de preceitos de homens,
de mandamentos humanos, estão a agir como os fariseus, impondo encargos demasiadamente pesados sobre os
homens, querendo dificultar a salvação, como se isso fosse possível. São pessoas que não têm o amor de
Deus, que já o abandonaram se um dia o tiveram, porquanto agir desta maneira é desconhecer quanto Deus nos
ama e quanto Deus deseja que todos os homens
se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4).
- Jonas reconheceu aquilo que Moisés havia percebido num dos
momentos mais íntimos que teve com o Senhor, ou seja, que Deus tem misericórdia de quem quiser
ter misericórdia e compaixão de quem quiser ter compaixão (Ex.33:19), de que a salvação provém do Senhor e
não do homem e que, portanto, não nos incumbe senão agir segundo a determinação do Senhor
(Jn.2:9).
- Jonas também mostrou toda a sua confiança em Deus ao
agradecer, ainda no ventre do grande peixe, pelo livramento que estava a suplicar, inclusive fazendo votos
para oferecer sacrifícios em gratidão pela nova chance que teria.
- Deus não decepcionou o profeta. Três dias e três noites
depois de ter sido engolido pelo grande peixe, o Senhor mandou que o animal vomitasse Jonas na terra. Jonas
não recebeu o que merecera, fora mantido vivo apesar de sua desobediência.
IV – PREGAÇÃO DE JONAS E SEUS
- É importante observarmos que Jonas não foi jogado em
Nínive, como alguns, açodadamente, entendem. O texto bíblico diz que ele foi vomitado na terra e o Senhor
mandou que se levantasse e fosse até
Nínive, repetindo, assim, a ordem que lhe dera na primeira vez
(Jn.3:1,2).
- As palavras ditas pelo Senhor são claras a nos mostrar que
Jonas não foi lançado em Nínive, até porque Nínive não era uma cidade banhada por mar, ficando às
margens do rio Tigre. Jonas, certamente, foi lançado em terra na própria costa de Israel, muito provavelmente na
própria Jope onde havia embarcado, tendo, então, recebido a ordem para ir para a Assíria.
- O Senhor dá, novamente, a ordem ao profeta que, para
provar o seu arrependimento, deveria mudar a sua atitude anterior, atendendo agora à ordem divina. Vemos que
a misericórdia do Senhor somente é alcançada pelo homem quando há arrependimento, arrependimento este que
é “mudança de atitude”, “mudança de ação”.
Não há que se falar em arrependimento se não há modificação
nas atitudes e na conduta da pessoa que se diz arrependida, estando aí a necessária distinção entre
arrependimento e remorso.
- Deus fez com que Jonas voltasse ao mesmo lugar onde havia
desobedecido à Sua ordem e repetiu a mesma mensagem dada anteriormente. O profeta demonstraria
arrependimento se agisse de maneira diversa que fizera da primeira vez, ou seja, em vez de fugir de diante da face
do Senhor, fosse para Nínive e lá pregasse a mensagem de juízo divino.
- Jonas não decepcionou o Senhor e demonstrou que se tratava
de uma pessoa realmente arrependida, tanto que partiu para Nínive, não se preocupando com a índole
cruel dos assírios, com o fato de ser um estrangeiro que iria pregar a mensagem de um Deus em que os ninivitas
não criam.
- Jonas entrou na grande cidade de Nínive, de três dias de
caminho, pregando a mensagem que lhe fora dada por Deus: “Ainda quarenta dias e Nínive será
subvertida” (Jn.3:4).
- Jonas não se intimidou com qualquer dos razoáveis fatores
que levara em conta da primeira vez que ouvira a mensagem divina e começou a caminhar por toda a Nínive,
trazendo uma dura mensagem, uma mensagem de juízo para aquele povo.
- Jonas fora alvo da misericórdia divina, mas, nem por isso,
deixou de trazer a mensagem que Deus lhe mandara dar: “Ainda quarenta dias e Nínive será subvertida”.
A misericórdia divina não exclui a justiça divina. Deus é misericordioso, mas também é justiça. Como
ensinou Agostinho de Hipona (354-430): “a misericórdia também pune”.
- Muitos, nos dias hodiernos, confundem a misericórdia
divina com a ausência de castigo por parte de Deus. Esquecem-se de que Deus é também justiça e passam a pregar
um “Deus bonzinho, que jamais levará o homem para o inferno”. Não nos deixemos levar por este
pensamento, que é de origem diabólica. Deus não tem prazer na morte do ímpio, Deus não deseja que os homens
se percam, mas se eles se mantiverem em seus delitos e pecados e não se arrependerem de sua prática,
serão, sim, condenados ao juízo eterno.
- Deus ama o pecador, mas aborrece o pecado. Deus ama o ser
humano, mas não tolera a prática do pecado.
Por isso, Deus faz com que o homem tenha conhecimento do que
está sentenciado para todos quantos Lhe desobedecerem, mas depende do homem se afastar do pecado e
passar a obedecer ao Senhor. Deus não quer que ninguém se perca, mas muitos irão para a perdição por
livre e espontânea vontade.
- Jonas pregou a mensagem que Deus lhe mandara pregar e a
consequência foi que “os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de
caso, desde o maior até ao menor” (Jn.2:5).
- Os moradores de Nínive, a começar do próprio rei, creram
que o Deus de Jonas, o Deus de Israel era o único e verdadeiro Deus e que poderia, então, mandar a
destruição para aquela cidade conforme Jonas estava a pregar. Apesar de sua religião, apesar de sua
idolatria, apesar de sua crueldade, os ninivitas perceberam que a mensagem de Jonas era verdadeira e que
deveriam pedir perdão ao Deus que fez os céus e a terra para que escapassem daquele juízo.
- Assim como os marinheiros, os ninivitas entenderam que
Deus é Senhor e que tudo está sob o Seu controle e que, diante do juízo determinado, não haveria outra coisa a
fazer senão recorrer à misericórdia deste Deus, a fim de que não recebessem o que mereciam.
- O rei da Assíria foi o primeiro a crer na mensagem. Quando
a mensagem de Jonas lhe chegou aos ouvidos (certamente por algum assessor), o rei se levantou
do seu trono, tirou de si os vestidos, cobriu-se de saco e assentou-se sobre a cinza, atitudes que, em todo o
Oriente, simbolizavam humilhação, arrependimento e pedido de clemência.
- Normalmente entre as nações gentílicas, e entre os
assírios não era exceção, os reis eram divinizados ou reconhecidos como emissários dos deuses. Quando o rei da
Assíria toma esta atitude, está a reconhecer que era inferior ao Deus que mandara a mensagem por intermédio de
Jonas, algo extremamente raro. Não nos esqueçamos de que Jonas era um estrangeiro e oriundo de um
país que era o próximo alvo dos assírios em suas conquistas. Tudo isso foi desconsiderado pelo rei que,
reconhecendo a sua malícia, começou a clamar pela misericórdia divina.
- Todos nós precisamos da misericórdia de Deus. Tanto Jonas,
um profeta de Deus, precisava da misericórdia quando no ventre do grande peixe, quanto o rei
da Assíria, um gentio que não servia a Deus, ainda que estivesse no trono da maior potência mundial da
época. Será que temos esta noção, ou pelo fato de termos alguma posição social, alguma posição eclesiástica,
de sermos filhos de Deus achamos que não mais carecemos da misericórdia divina?
- Nos dias em que vivemos, não são poucos os que cristãos se
dizem ser que acham que não precisam mais da misericórdia de Deus, que isto é tema para “desviados” e
“incrédulos”. Tais pseudocristãos acham que são “merecedores” das bênçãos de Deus e
que Deus é “obrigado” a lhes abençoar. Fujamos deste pensamento antibíblico, amados irmãos. Aqui tanto o pregador (Jonas),
quanto os ouvintes, a começar do mais ilustre deles, precisavam da misericórdia de Deus!
- Além do rei, os grandes de seu reino também foram tocados
pela mensagem pregada por Jonas, de tal modo que saiu um mandado para que nem homens, nem animais, nem
bois, nem ovelhas provassem coisa alguma, nem lhes fosse dado pasto ou bebessem água, devendo tanto
homens quanto animais serem cobertos de saco, devendo clamar fortemente a Deus e se converterem cada um do
seu mau caminho e da violência que havia em suas mãos, na esperança de que Deus pudesse voltar atrás
e Se arrepender do que havia dito que faria (Jn.3:7-9).
- Alguns estudiosos das Escrituras,entendiam que estes 'animais' de que fala Jn.3:7,8 não eram propriamente animais, visto que animais não se convertem nem
podem clamar fortemente a Deus.
- Segundo tais pensadores,
estes “animais” seriam os homens mais cruéis de Nínive, pessoas que eram “desalmadas”, ou seja, pessoas que
não tinham qualquer consideração ao próximo, que se constituíam em verdadeiras “bestas-feras”, que não tinham nem dó nem
piedade, expressão bíblica que não seria exclusiva de Jonas, mas que se encontram, por exemplo, em I Co.15:32;
Tt.1:2; II Pe.2:12 e Jd.10.
- Tal pensamento faz, mesmo, sentido. Notadamente em nossos
dias, dias de multiplicação da iniquidade (Mt.24:12), são muitos os homens cruéis que estão a viver
entre nós, que cometem atrocidades que nem mesmo os animais propriamente ditos conseguem praticar (II
Tm.3:3), como se veem diariamente nas páginas policiais dos noticiários. Entretanto, até mesmo estes
“animais” são abrangidos pela misericórdia divina, como prova os efeitos da mensagem de Jonas.
- Os assírios não tinham recebido nenhuma mensagem de
esperança da boca do profeta Jonas. Jonas apenas disse que, dentro de quarenta dias, Nínive seria subvertida.
Os ninivitas logo “vestiram a carapuça” e entenderam que eram maus e violentos e que Deus os puniria
com razão em virtude desta conduta impiedosa.
- Passaram, então, a clamar diante de Deus, a pedir perdão
pela sua maldade e violência, em tudo se assemelhando ao que fizera o profeta Jonas quando estava no ventre
do grande peixe. E Deus, que não faz acepção de pessoas, do mesmo modo que ouviu o profeta,
também ouviu os ninivitas.
- Ao contemplar o arrependimento e conversão de Nínive, Deus
Se arrependeu do mal que faria àquela cidade e não o fez (Jn.3:10). Aqui temos, uma vez mais nas
Escrituras, a expressão “Deus Se arrependeu”, que causa espécie a alguns, já que uma das características
divinas é a imutabilidade (Ml.3:6; Tg.1:17).
- A expressão “arrependimento de Deus” é um dos exemplos de
“antropopatia” nas Escrituras, ou seja, a atribuição de um sentimento humano a Deus para que possamos
compreendê-l’O, já que Deus é além da nossa capacidade de entendimento.
- Deus não muda, n’Ele não há sombra de variação. Como então
pode Ele Se arrepender? O “arrependimento de Deus” não é a mudança de Deus, mas, sim, a mudança do
homem que faz com que a reação divina seja diversa. Deus iria destruir Nínive por causa da sua malícia
que havia alcançado o limite da tolerância divina (Jn.1:2 “in fine”). Entretanto, os ninivitas se arrependeram
dos seus pecados e se converteram, mudaram de conduta e de comportamento, de sorte que Deus, como não
muda, ante esta mudança, também teve de alterar a sentença, poupando Nínive da destruição.
- Deus sempre agiu desta forma. Com Caim, também Lhe
advertiu para que mudasse seu procedimento, mas Caim persistiu em fazer o mal e, por isso mesmo, não
alcançou o perdão. No dilúvio, também, durante cem longos anos, Deus deu à humanidade a oportunidade do
arrependimento pela pregação de Noé, mas ninguém se converteu, razão pela qual foram submersos pelas águas do
dilúvio. Ló, também, serviu de testemunha de justiça perante as cidades da planície, mas ninguém lhe deu
ouvidos, de forma que todos foram atingidos pelo
fogo e enxofre mandados por Deus do céu.
- Ao contrário de toda esta gente, os ninivitas, nos dias de
Jonas, se arrependeram e se converteram de seus pecados, motivo por que foram poupados por este Deus
imutável e invariável.
- O mesmo ocorre ainda hoje. Quem crer na mensagem do
Evangelho, será salvo; quem não crer, será condenado (Mc.16:16). Hoje ainda é dia aceitável, hoje ainda
é dia de salvação, aceitemos, pois, o aviso divino e nos arrependamos e convertamos, antes que seja
tarde demais!
- Jonas, que já fora alvo da misericórdia divina, ao ver a
reação dos ninivitas, logo intuiu que Deus não destruiria a cidade. Isto desgostou extremamente o profeta,
que ficou ressentido (Jn.4:1).
- Jonas percebera que Deus era misericordioso, mas ainda não
tinha aceitado que a misericórdia
pudesse atingir os assírios, inimigos de seu povo. O nacionalismo
falava, uma vez mais, mais alto do que o amor no coração do profeta.
- Jonas, então, vai à presença de Deus e mostra toda a sua
mágoa, dizendo que tivera razão em tentar fugir para Társis, pois sabia que Deus era “piedoso,
misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que Se arrependia do mal” (Jn.4:2).
- Nesta expressão do profeta, vemos que o profeta fugira de
diante da face do Senhor porque sabia que era grande a possibilidade do perdão divino a Nínive e que isto
não era bom para a sua nação. Com a dura experiência do ventre do grande peixe, Jonas experimentara o
que apenas sabia teoricamente, ou seja, que Deus era misericordioso, mas, por incrível que pareça, ainda
não havia sido contagiado pela misericórdia divina. Experimentara a misericórdia de Deus mas não se
tornara um misericordioso.
- Quantos de nós não tem sido como Jonas? Sabemos que Deus é
bom. Experimentamos a bondade divina, mas ainda não somos bons. Que isto mude em nós, amados
irmãos, pois não entraremos no reino dos céus se nossa justiça não superar a dos escribas e dos fariseus
(Mt.5:20) e tais pessoas, assim como Jonas, sabem muito bem que Deus é bom, mas não praticam a bondade.
- Jonas, no seu ressentimento, pediu até a morte para Deus,
pois se achou um profeta fracassado, já que a sua mensagem não se cumprira, não vendo que o propósito de Deus
era, exatamente, o de exercer a Sua misericórdia para com aquele povo. O profeta não podia
enxergar que a sua pregação fora capaz de converter a Deus a maior cidade do mundo de então, que ele fizera, pela
vez primeira, o papel que Deus havia deixado a todo israelita, o de ser um reino sacerdotal e povo santo
diante de todas as nações da Terra.
- Jonas, ressentido, saiu da cidade, depois que o Senhor lhe
respondeu com uma pergunta: “É razoável esse teu ressentimento?” (Jn.3:4).
- Deus, então, foi tratar uma vez mais com o Seu profeta.
Jonas fizera uma cabana ao oriente da cidade e se assentara debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria
à cidade. Ainda nutria a esperança de que o Senhor destruiria Nínive, ficou “na arquibancada”, como disse,
certa feita em um ensino o pastor Aldery Nelson Rocha, aguardando o mal sobre os inimigos.
- Quantos, na atualidade, não procedem da mesma forma? Ficam
“sentados na arquibancada”, esperando que o mal sobrevenha a quem eles não querem bem. Trata-se de uma
conduta irrazoável, nos dizeres do próprio Senhor. Como podemos dizer que estamos em comunhão com o
Senhor desejando o mal do próximo, se Deus quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da
verdade? Como podemos dizer que somos participantes da natureza divina se, em vez de desejarmos o
bem do outro, queremos assistir ao seu mal?
- O Senhor, então, fez nascer uma aboboreira, que subiu por
cima de Jonas, fazendo-lhe sombra e o profeta ficou muito alegre por causa da aboboreira, que lhe veio
trazer refrescor. Entretanto, no dia seguinte, o Senhor enviou um bicho que feriu a aboboreira e esta se secou.
- Sem a aboboreira, Deus mandou um vento calmoso, oriental,
que feriu a cabeça de Jonas e o profeta, diante deste grande incômodo, quis, uma vez mais, morrer, já que
sentiu falta da aboboreira.
- O Senhor, então, perguntou a Jonas se era razoável ele
desejar a morte por causa de uma simples aboboreira o profeta disse que sim. Então, o Senhor, mostrando a
incoerência de Jonas, disse se não seria também razoável que o Senhor quisesse a vida da população de
Nínive, que, na época era de mais cento e vinte mil homens, muito mais importantes do que a aboboreira, com a
agravante de que a aboboreira não tinha sido feita por Jonas, enquanto que todas aquelas criaturas de Nínive
tinham sido obra das mãos do Senhor (Jn.4:5-11).
- Jonas, então, aprendeu a lição de que devemos, sim, nos
compadecer do próximo, do ser humano que é criado à imagem e semelhança de Deus. O profeta aprendeu que
devemos dar ao ser humano o máximo valor nesta Terra, sabendo que se trata de algo que é
extremamente amado e querido pelo Senhor.
- Temos agido desta maneira, ou damos mais valor às
aboboreiras do que às almas perdias que estão celeremente caminhando para o inferno? Que valor temos dado
à salvação das almas? Temos o mesmo sentimento missionário de Cristo Jesus que deixou a Sua
glória para vir nos salvar aqui neste mundo vil e tenebroso?
- A misericórdia divina alcança tanto os ingênuos, que não
sabem discernir entre a mão direita e a esquerda, como os “animais”, estes homens cruéis e nefastos que têm
prazer em praticar a maldade. Jesus veio salvar a todos e a nós, que somos Seus servos, não nos cabe senão
pregar a mensagem do Evangelho que Ele nos mandou falar a toda a criatura, sem qualquer acepção ou
indevido julgamento.
- Assim como Jonas, fomos também alvo da misericórdia de
Deus, que nos tirou do “ventre do
inferno”, fazendo-nos experimentar a Sua misericórdia. Mas Deus quer
mais de nós do que simplesmente experiência do Seu amor. Deus quer que cada um de nós vá até onde estão
os incrédulos e lhes preguemos a mensagem do Evangelho e, mais do que isto ainda, que nós estejamos
prontos a ter compaixão destas almas, a sermos nós mesmos misericordiosos em relação a eles, compartilhando o
mesmo sentimento que Deus tem em relação a nós e a eles. Será que estamos dispostos a isto?
Professor, tenha uma boa aula. Esmerece-se em ter uma aula produtiva. Tenho visto que muitos alunos têm tido dificuldades para aprender o assunto. Com a graça de Deus sobre sua vida e seu conhecimento, você pode fazer muito melhor.
A recompensa do Senhor virá.
Grande abraço.
Viva vencendo!!!
Seu irmão menor.
Bibliografia:
Lições bíblicas CPAD 2003
Comentário Bíblico Beacon
Bíblia de Estudo Pentecostal
Livro:- Os Profetas Menores – Charles L. Feinberg
EETAD – Os Profetas Menores = Richard Leroy Hoover
Muito bom o estudo
ResponderExcluirFica na paz
Robson Moreira - Na verdade e no amor de Cristo