A revista Placar e a desfaçatez anti-cristã
por Felipe Melo
A repercussão
da execrável capa da edição de outubro da Revista Placar – que, para
sair em defesa do jogador santista Neymar, o compara a Jesus Cristo –,
já gerou bastantes frutos. Corre a Internet, desde a semana passada, um
abaixo-assinado em repúdio à capa escolhida pela editora Abril e pela
revista Placar que já conta com quase dez mil assinaturas.
Prevendo que
esse gesto de imenso mau gosto fosse gerar reações, o diretor da
revista, Maurício Barros, deu declarações na semana passada que visavam a
tirar qualquer traço culpa ou deliberação do ato da revista: "“Acho que pode haver a comparação porque Jesus Cristo foi o crucificado
mais famoso, mas a nossa analogia é com a execução, como a crucificação
como elemento histórico de execução pública.”
Segundo o diretor da revista, Maurício Barros, a intenção é
questionar a posição de “vilão” em que o craque brasileiro foi colocado
pelo universo do futebol. “Ele é o jogador mais caçado do futebol
brasileiro e acabou virando o vilão, o cai-cai”, explica.
Barros também levanta a discussão sobre as críticas feitas a Neymar que o colocam como “exemplo de falta de ética no futebol”.
“Essa reportagem procura levantar uma discussão sobre um certo
linchamento público desse jogador que ganhou essa fama de cai-cai. O
Neymar acabou transformado num exemplo de falta de ética no futebol.
Houve um recrudescimento dessas críticas pra ele. O futebol profissional
é um jogo em que a gente pode enxergar inúmeras trapaças dos
jogadores, um jogador querendo enganar o outro, os próprios técnicos
instruindo os jogadores a enganar o juiz. Só que uma delas carregada com
tintas muito fortes e pegaram o Neymar como um grande vilão dessa
história”.
Levantando questões, sem condenar nem inocentar o jogador, a revista
fala em justiça nas críticas a Neymar e compara com o comportamento de
outros jogadores, que pressionam juízes e bandeirinhas e simulam
situações de jogo.
Sobre a forte imagem da capa, Barros admite correr o risco da
possibilidade de comparações do jogador a Jesus Cristo, mas explica não
ser a intenção da revista.
“Acho que pode haver a comparação porque Jesus Cristo foi o crucificado
mais famoso, mas a nossa analogia é com a execução, como a crucificação
como elemento histórico de execução pública”
Duas coisas curiosas que devemos levar em consideração nessa história são:
1) A cruz não é, nem de longe, o único “elemento histórico de execução
pública” passível de ser utilizado como analogia visual. Há dois outros
que, por exemplo, poderiam ser muito bem utilizados pela revista: a
guilhotina, método de execução pública preferido pelos revolucionários
jacobinos durante a Revolução Francesa; e o enforcamento, certamente o
método de execução pública mais utilizado na história humana, desde a
Antiguidade até os dias de hoje. Ambos passariam exatamente a suposta
mensagem que a revista quis passar, qual seja, a de condenação pública.
No entanto, essa não é a intenção da revista, o que se demonstra abaixo.
2) Se o objetivo não era comparar Neymar a Jesus Cristo, por que então a
revista realizou uma montagem com base numa famosíssima pintura de
Cristo crucificado? A obra que serviu de base para a montagem é o quadro“Cristo Crucificado” (1632), do grande retratista barroco Diego Velázquez. Veja abaixo:
Repare bem a
comparação entre as duas imagens. Os detalhes são exatamente os mesmos: a
forma do tecido que cobre o quadril de Jesus Cristo, sangue de seus
pés, a posição dos dedos das mãos, até mesmo o lado aberto de Cristo,
trespassado pela lança de um soldado romano. Diante dessa evidência
claríssima, qualquer justificativa improvisada de dizer que não se
queria comparar Neymar a Cristo só pode ser tomada como uma grande e
deslavada mentira. O objetivo foi, sim, o de utilizar um símbolo
religioso querido a milhões de brasileiros, sinal de Redenção e Salvação
para todos aqueles que abraçam a fé cristã, e, assim, promover a
revista através da mais baixa e rasteira polêmica.
Temos que continuar a expor esse desrespeito à cultura brasileira e à fé cristã assinando e divulgando a quem conhecemos o abaixo-assinado em repúdio a essa ofensa.
Fazer isso não é apenas nosso direito de cidadãos, mas, para aqueles
que são cristãos (como eu), é um dever imperioso: como nos
apresentaremos diante de Deus e diremos que, até mesmo nas mínimas
coisas, nos eximimos defender as verdades de fé legadas por Nosso
Senhor?
Mas não basta apenas assinar o abaixo-assinado: precisamos esclarecer as
pessoas que conhecemos sobre essa baixeza vil e promover um grande
boicote à revista Placar por essa ofensa despropositada a milhões de
brasileiros.
Felipe Melo edita o blog da Juventude Conservadora da UnB
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