Maldições hereditárias e sua incompatibilidade com a Sã
Doutrina
Durante um programa na Rádio Catedral, o Pe. Dom Estevão Bettercourt, ao comentar e constatar como errônea a crença em certas “maldições” que eram passadas supostamente por herança sanguínea a cristãos; fato que tal crença encontrava-se largamente pregada na obra do inglês Robert Degrandis, chamada “Cura de Gerações” livro que durante o programa ocupou sua reflexão. Ele afirmou que “A cura entre gerações é algo imaginoso, fantasioso. A doutrina cristã nunca professou essa hipótese”.
Hoje existem milhares de seitas que estão a pregar entre seus membros ou aos que aproximam-se de suas comunidades a “cura de gerações” geralmente chamada de “maldições hereditárias”, seus progenitores alegam que esta é uma doutrina cristã, na verdade não é como veremos ao longo do texto.
Esta crença e prática supersticiosa é basicamente oriunda das seitas neo-pentecostais, também designada como o 'evangelho da maldição' ou 'quebra de maldições', 'maldições hereditárias', 'maldição de família' e 'pecado de geração'. No Brasil a crença tem origem com a “Igreja” Renascer em Cristo e também na seita de Edir Macedo.
Esta pseudo doutrina que é produto de um moderno misticismo supersticioso, é aparentemente conciliável com a concepção de “carma” ou “karma” no budismo oriental. Para entendermos o que representa esta “aberração doutrinaria” ela corresponde em síntese a:
Um mal invisível, cujo homem não vê, e que pode ter atingido ou atingir qualquer ser humano por intermédio do que eles denominam de “espíritos familiares”, transmitido durante séculos pela linhagem sanguínea e por influência destes mesmos “espíritos” que exercem algum “poder” ou “magia” - como alegam os progenitores desta pseudo doutrina -, com aflições espirituais e corporais sob os que a possuem, até que tal “maldição” seja quebrada através de libertações geralmente produzidas por pastores protestantes.
A expressão “espíritos familiares” que usei acima é utilizada arbitrariamente pelos pregadores de tal crença para justificá-la biblicamente, o termo é retirado de citações do Antigo Testamento, como (Levítico 19,31); na versão bíblica “King James” tradução produzida pela Igreja Anglicana.
Esta expressão é usada para designar “entidades”, “demônios” e “anjos decaídos” que exercem nos adivinhos a atividade da comunicação com os mortos e com os cristãos atuando na condução dos mesmos no âmbito de suas inclinações emocionais, sentimentais, carnais e físicas ao pecado. A palavra “familiares” no plural é utilizada para complementar a denominação destes “espíritos” pelo fato destes, como alegam os pregadores desta crença, terem forte influência e pendurarem em gerações de famílias humanas com seus planos nefastos.
Assim forjar textos e procurar traduções cômodas para justificar conceitos e “doutrinas” não traduz princípios básicos de hermenêutica é pura picaretagem moderna. O que foi guardado e transmitido à Igreja nos textos bíblicos antigos que São Jerônimo usou, além é claro da tradicional interpretação do Magistério sobre estes aspectos da teologia, não repercute nem induz qualquer afirmação da existência de “espíritos familiares” quando traduzido para língua latina e nem tampouco para a língua portuguesa.
Pode surgir a pergunta: as Sagradas Escrituras dão embasamento para afirmar que os cristãos podem estar de alguma forma sob o jugo de maldições ancestrais ou qualquer tipo de crença parecida?
A resposta é não. Isto nunca foi parte da pregação apostólica e nem encontra fundamento nos textos bíblicos. Os apóstolos de Jesus e os 'pais da Igreja' nunca mencionaram tal crença entre os cristãos no decorrer dos cinco primeiros séculos. Aliás os textos bíblicos refutam qualquer possibilidade de “gerações” levarem ou trazerem qualquer peso, mancha ou maldições ou ainda os pecados de seus pais. Vejamos o que diz o profeta Ezequiel:
“Contudo perguntais: Por que não levará o filho a maldade do pai? Porque o filho fez justiça e juízo, guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá. O filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”. (Ez 18,19-20).
Há outros textos e citações (Dt 24,16: Jr 31,30: Ez 18, 2-4: Ex 18,4; 20, 5-6: Lv 19, 17) que fazem oposição a qualquer afirmação que alude a esta crença supersticiosa oriunda do neo-pentecostalismo. Não existe compatibilidade desta crendice protestante com a “Sã doutrina”. Boas considerações a respeito do pecado, o perdão de Deus, a nova vida em Cristo, a conversão a Cristo, sendo mostrada em público através do batismo, mostra que a pessoa está em comunhão com Deus, trazendo-o ao convívio com Sua graça, acabam por aniquilar qualquer possibilidade de “maldição hereditária”.
“Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I Jo 1,9), ou seja, ele não leva em conta as “faltas dos pais sobre os filhos” como podemos ler acima. Como então estas supostas faltas ou maldições e até perseguições demoníacas poderiam ligar-se a gerações inteiras de pessoas, por conta de parentes de séculos atrás que erraram ou foram amaldiçoados? É absurdo, logicamente improvável, não existem brechas para invenções do tipo, ou melhor só existem nas cabeças de “víboras”, aludindo o termo que Cristo usou para designar os incautos, escribas e fariseus (Mt 23, 33; Lc 3,7). E "hipócritas", falsários do Evangelho (Mt 23, 27; Mt 23, 29; Mt 15, 7; Mc 7, 6; Lc 12, 56).
Não poso deixar de registrar que existem muitos indivíduos ligados a movimentos leigos, que estão de maneira pouco ortodoxa e muito medonha, introduzindo na Igreja , algum tipo de prática ou exercício de libertação para o indivíduo - que segundo as diversas alegações - supostamente sujeito a tais “maldições hereditárias”. Fazem eles muito mal à Igreja e aos seus membros, mas virá o dia em que os lobos disfarçados entre os eleitos serão repelidos do redil do Senhor.
Não poso deixar de registrar que existem muitos indivíduos ligados a movimentos leigos, que estão de maneira pouco ortodoxa e muito medonha, introduzindo na Igreja , algum tipo de prática ou exercício de libertação para o indivíduo - que segundo as diversas alegações - supostamente sujeito a tais “maldições hereditárias”. Fazem eles muito mal à Igreja e aos seus membros, mas virá o dia em que os lobos disfarçados entre os eleitos serão repelidos do redil do Senhor.
Lembre-se: Em Exôdo 20, o Texto trata de maldição sobre aquele que adorasse imagem de escultura. Essa pessoa ficaria presa a isso e levaria consigo a maldição do Senhor que abomina a idolatria.
O Texto não está falando de 'maldição hereditária'. É só ler todo o contexto.
Dom Estevão Bettercourt
O que trás de mal aos que acreditam? Foi feito, tão somente, julgamento. A hereditariedade não se trata , do que se refere a "sangue". Seu comportamento, seu emocional, razão, psíquico e outros, estão relacionados diretamente à herança de nossos antepassados.
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