03 maio 2012

LIÇÃO 6 - TIATIRA, A IGREJA TOLERANTE


  TEXTO ÁUREO

"Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre CRISTO e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" (2 Co 6.14,15).
VERDADE PRÁTICA
O verdadeiro amor tudo suporta, mas não pode tolerar o pecado, porque o amoroso DEUS exige santidade e justiça de seus filhos.
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Apocalipse 2.18-25
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Identificar as principais características igreja de Tiatira;
- Saber que se tratava de uma igreja rica em obras; e
- Conscientizar-se de que o verdadeiro amor não é cego para o pecado.
Palavra-Chave
Tolerância: ato ou efeito de tolerar; indulgência ou condescendência para com aquilo que não se quer ou não se pode impedir; Boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas às suas.
INTRODUÇÃO
Das sete cartas enviadas por JESUS às igrejas da Ásia Menor, a de Tiatira é a mais extensa. A cidade de Tiatira não era política e religiosamente importante. Sua singularidade residia no aspecto comercial. Através da sua posição geográfica, o intercâmbio comercial da cidade se dava entre Europa e Ásia. Mas, no entanto, a idolatria estava presente nessa prática comercial. Os membros da igreja de Tiatira deveriam decidir o que fazer nessas circunstâncias, já que muitos eram profissionais da área do comércio. Todavia, a igreja de Tiatira não sofria perseguição religiosa; o perigo estava dentro da própria igreja, e tinha um cognome: Jezabel; a mulher que sustentava o seguinte ensino: Não havia problema de os cristãos amalgamarem-se com o pecado. É nessa perspectiva cultural que se encontra a igreja de Tiatira. Jesus vê tudo e faz uma distinção absoluta entre os servos de Satanás e os servos fiéis do Senhor. Para os que insistem em servir ao diabo, ele promete tribulação e morte. Para os discípulos dele, ele promete o dia de sua presença e o privilégio de reinar com ele sobre os inimigos. Boa aula!
I. A IGREJA EM TIATIRA
1. A cidade de Tiatira. “Sacrifício de Perfume”, isto é, repleta de muitos sacrifícios. Subindo de Éfeso, passando por Esmirna, e agora tomamos a direção de Pérgamo para o sudeste, descendo um pouquinho obliquamente desde o norte de Anatólia ou Turquia para o sudeste, a cerca de 59 quilômetros, no fértil vale do rio Lico, na estrada que ia para Sardes, ali estava a cidade histórica de Tiatira, nome antigo da moderna cidade turca de Akhisar ("Castelo Branco"); pequena mas crescente e rica Tiatira, colônia macedônica, fundada por Alexandre Magno, depois da destruição do Império Persa. Era um importante centro comercial na Ásia Menor e foi fundada para ser um posto militar. Foi destruída por um grande terremoto durante o reino de Otávio Augusto (27 a.C.-14 d.C.), mas foi reconstruída com a ajuda do Império Romano. Era famosa pelo seu comércio e por sua produção de têxteis, incluindo o índigo (púrpura). Segundo o livro de Atos dos Apóstolos, uma das comerciantes de roupas da cidade era uma mulher chamada Lídia, que conduzia negócios em lugares distantes como Filipos (At 16.14). Na Antiguidade, a cidade era conhecida pelas suas muitas guildas comerciais. E, para poder trabalhar no comércio era necessário que o cidadão pertencesse a alguma guilda, sendo muito comum que os membros dessas associações participassem de festas dedicadas às divindades pagãs que terminavam geralmente em orgias sexuais. Como as outras cidades da época, Tiatira teve seus templos e santuários religiosos, incluindo templos aos falsos deuses Apolo, Tirimânios e Artemis (Diana para os romanos – At 19.34) e um santuário a sibila (orácula) Sambate. A importância de figuras femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição. Essa profetisa incentivava as pessoas a conhecerem as “coisas profundas de Satanás” (i.e., "os segredos profundos"; talvez se refiram ao falso ensino de que, para experimentar plenamente a graça e a salvação divinas, devemos penetrar nas profundezas do pecado e conhecer todos os tipos de males). Para servir a Deus num ambiente cheio da influência do diabo, o discípulo de Cristo teria que lutar e confiar em Deus, confiante da recompensa para os vencedores.
2. A igreja em Tiatira.  “... Ao anjo da igreja”. Não se sabe ao certo quem liderava aquela igreja nessa época, a não ser aquilo que se depreende do texto de Apocalipse e daquilo que está registrado em Atos acerca da conversão de Lídia, vendedora de púrpura, que veio ao Evangelho através de Paulo, a qual era uma rica comerciante dessa cidade (At 16.14). Da conversão de Lídia, que se deu provavelmente no ano 53 d. C. à carta dedicada ao anjo da “igreja de Tiatira”: em 96 d. C., temos uma distancia temporal de 33 anos. Acredita-se que tenha sido Lídia e seu esposo, os iniciadores daquela igreja.
 
SINOPSE DO TÓPICO (1)
A igreja de Tiatira estava localizada numa cidade progressista e comercial
II. A IDENTIFICAÇÃO DO DESTINATÁRIO

1. Filho de DEUS. Cristo, autor das catas às igrejas, se apresenta nesta carta, falando de si mesmo como: “O Filho de Deus“. Exaltando sua DIVINDADE. “Que tem seus olhos como chama de fogo“. Exaltando sua ONIPRESENÇA. “E os pés semelhantes ao latão reluzente“. Esta expressão é comum no Novo Testamento, especialmente nos escritos de João, como descrição de Jesus Cristo. Os servos fiéis são descritos, também, como filhos de Deus (veja 21.7; 1 Jo 3.1,2,10; 5.2; Jo 1.12; etc.) Aqui, a expressão obviamente se refere a Cristo. Dessa forma, O Cristo glorificado vai de encontro com a principal divindade de Tiatira, Apolo (o Deus-Sol, filho de Zeus). O sol era visto como sendo uma fonte de poder e os habitantes de Tiatira acreditavam que cada novo imperador romano era uma forma de manifestação de Apolo. Ao apresentar Jesus como Filho de Deus, João demonstra que Jesus é superior a Apolo e que merecia não só a adoração feita a Apolo ou aos imperadores, como muito mais devoção e respeito.
2. Onisciente. olhos como chama de fogo: um local onde se trabalha com ferro, metais e bronze, a figura do fogo é imprescindível para expressar o que consome todo e qualquer tipo de impureza e deixar os metais limpos e flexíveis para o artífice. Como em Tiatira, Apolo (Deus-Sol) era visto como uma enorme fonte de poder, João apresenta Jesus como sendo superior e o que olha discernindo as impurezas e purificando não apenas de forma bruta como de forma moral, o que é mais importante para os cristãos da época. Jesus estava vendo e conhecia a postura dos cristãos daquela comunidade, isto é, a vida espiritual de cada um.
3. Supremo Juiz. pés semelhantes ao latão reluzente: por haver uma fábrica de bronze, os moradores sabiam como o bronze ficava ao ser polido e pronto para o uso após passar pelo fogo. Por isto João relata que Jesus além de discernir os pensamentos morais, tinha seus pés para pisar e destruir o que não era do agrado de Deus e por ser um bronze reluzente, isto é, polido todos o veriam e não teriam dúvidas que eram os pés de Cristo porque podiam vê-los de longe.
SINOPSE DO TÓPICO (2)
JESUS se apresenta a Tiatira como o chefe supremo e incontestável tanto da igreja local como a da invisível.
III. UMA IGREJA RICA EM OBRAS

Observemos o contraste entre as “obras” da igreja de Éfeso (2.5), e as “obras” da igreja de Tiatira: enquanto naquela as “últimas obras eram menores que as primeiras”, nesta pelo contrário; as “últimas obras são mais do que as primeiras”. O substantivo grego, que nossas versões do Novo Testamento traduzem por “obras”, com maior precisão que a palavra portuguesa comporta duas acepções: o resultado de uma atividade (sentido habitual do termo em português); e também: a atividade em si mesma, limitando-se às atividades morais. Aqui, são obras de caridade feitas em favor de CRISTO (Ap 22.12).
1. Amor. Aqui a palavra grega utilizada para amor é ágape e este é o amor incondicional de Deus pelo homem. É a essência de Deus. É o centro de tudo para a vida cristã. O ser humano tem um amor que sempre se manifesta em função de alguém seja pai, mãe, filhos, irmãos, cônjuge e etc., porém o amor ágape que o cristão tem vai além deste sentimento humano. O amor ágape envolve o amor pela vida e condição do ser humano seja pecador ou salvo. É um amor incondicional.
2. Serviço. O termo grego diakonia utilizada aqui representa os valores dos serviços que os cristãos utilizavam e devem utilizar em todos os momentos de sua vida, dentro ou fora da igreja. Para que eles exercessem esse serviço era necessário uma dedicação constante e também era um fruto do amor que tinham.
3. Fé. Junto com as suas obras, os discípulos em Tiatira mostraram a sua fé. As pessoas podem ser identificadas conforme a sua fé. Há crentes e há incrédulos, e não pode existir comunhão entre os dois (2Co 6.14-15).
4. Paciência. (Perseverança ou resistência constante). Apesar de estarem vivendo momentos de duras perseguições os crentes de Tiatira perseveravam no amor, nos valores à vida e no serviço às demais pessoas. Tudo isto que é enumerado neste versículo é fruto do Espírito Santo na vida do cristão. O bom solo produz fruto com perseverança (Lc 8.15), uma qualidade freqüentemente incluída nas características que definem os servos de Deus (Cl 1.11; 2 Tm 3.10; 2Pe 1.6). A tribulação produz perseverança (Rm 5.3-4; Tg 1.3-4,12).
5. Abundância em obras. A igreja em Tiatira era uma congregação ativa. Ao invés de esfriar, ela se tornou cada vez mais ativa no serviço a Deus. A fé que agrada a Deus é a fé ativa que se mostra pelas suas obras (Tg 2.14-17). Os servos de Deus devem ser “sempre abundantes na obra do Senhor” (1Co 15.58), pois Deus nos criou para boas obras (Ef 2.10).
 
SINOPSE DO TÓPICO (3)
 A igreja de Tiatira era rica em amor, serviço, fé, paciência e boas obras.
IV. JEZABEL, E AS PROFUNDEZAS DE SATANÁS
 
1. A Jezabel de Tiatira.  “Jezabel” significa: “Montão de lixo”. Na opinião de alguns eruditos: “Casta”. Aparece pela primeira vez nas Escrituras como pessoal de uma princesa. Ela tinha crescido em Tiro, na cidade portuária fenícia. Seu pai, rei Etbaal, era também sacerdote de Astarote e sacrificava a Baal (1 Rs 16.31) e, por conseguinte, tornou-se esposa de Acabe, rei de Israel. Esta Jezabel tombou morta no vale de Armagedom (2 Rs 9.15, 16, 30, 37). Na carta dirigida à Tiatira, João cita uma pessoa específica: Jezabel, nome este derivado daquela Jezabel do AT e que representa a idolatria e a perseguição aos santos (1 Rs 16.21; 19.1-3; 21.1-15; ver 21.25). No meio da comunidade em Tiatira, esta mulher liderava se intitulando profetisa e fez com que os cristãos deixassem de buscar a Cristo e seus ensinamentos e passassem a realizar as práticas cultuais do gnosticismo. O que ela fazia era algo tão ruim que é apelidada de Jezabel, a rainha que casou com Acabe e que em 1 Reis 16 a 21 relata o mal que fez contra o povo de Israel e contra Deus.
2. O ministério de Jezabel.  "Mulher que se diz profetisa": há muitas opiniões a respeito da “audaciosa mulher” da igreja de Tiatira; alguns até já defenderam tratar-se de uma “doutrina”, ou mesmo de uma “religião” e não de uma pessoa. A Jezabel do Antigo Testamento, é citada como o protótipo de pecado. A Jezabel do presente texto, trata-se de uma pessoa e não apenas uma figura ou personificação do mal. A passagem fala claramente de uma pessoa, pelo uso do pronome “ela”. A Jezabel de Tiatira agiu de maneira semelhante à mulher de Acabe, seduzindo os crentes às práticas de idolatria e prostituição (ou imoralidade sexual literal, ou impureza espiritual). Ela incentivou os servos de Deus a comerem coisas sacrificadas a ídolos, uma prática condenada que representa comunhão com os demônios (veja At 15.20,29; 1Co 10.20-22). Um pecado prevalecente na igreja de Tiatira era a tendência de tolerar o pecado, a iniqüidade o ensino antibíblico entre seus líderes (vv. 14,20).  Alguns em Tiatira provavelmente aceitaram os falsos mestres, pelo fato de falarem em nome de DEUS e terem grande popularidade e influência. CRISTO condena o pecado da transigência com o erro. Devemos rejeitar qualquer preletor que coloca suas próprias palavras acima da revelação bíblica (ver 1 Co 14.29) e declara que DEUS aceita, na igreja, a quem comete atos imorais, participando dos prazeres pecaminosos do mundo.
3. A obra de Jezabel. “E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu”; tratava-se tanto de prática imorais pessoais, como parte do culto da seita gnóstica. Era algo tanto espiritual como físico. Alguns, na igreja, costumam tolerar tais falsos ensinos, por indiferença, medo de confronto, amizade pessoal ou pelo desejo de paz, harmonia, autopromoção ou dinheiro. DEUS excluirá tal igreja, juntamente com os seus líderes (vv. 20-23; ver também Lc 17.3,4).
SINOPSE DO TÓPICO (4)
A profetisa Jezabel, desencaminhava os fiéis de Tiatira do reto caminho à idolatria e à prostituição.
CONCLUSÃO

Na igreja de Tiatira havia dois grupos distintos: os cristãos verdadeiros e os que se gloriavam de conhecer “as profundezas de Satanás”. Paulo encontrou quatro grupos na igreja de Corinto. Porém é evidente que aqueles eram crentes em JESUS; o grupo de Jezabel não. Ao primeiro grupo, Cristo exorta: “Mas o que tendes retende-o até que eu venha”. Precisavam guardar aquilo que é precioso como: A palavra de DEUS. É o divino convite. É o apelo de CRISTO. As últimas cartas do Apocalipse, todas possuem características da Igreja cristã dos “últimos tempos”; portanto, todas elas, de alguma maneira, lançam olhos para o fim de nossa era, ou seja, para a vinda de JESUS (1 Ts 4.13-17). Em sua misericórdia, DEUS concedeu um tempo de arrependimento a Jezabel e aos que com ela pecaram (Ap 2.21). Em sua paciência, Ele espera por nós... “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18).

Subsídio para o Professor

I - INTRODUÇÃO:
Atualmente, existe no mundo uma crença, a cada dia mais emergente, de que não há verdade absoluta. Não existe padrão para o certo e o errado. E o resultado é a tolerância a toda e qualquer crença em nossa cultura.
Tolerância é divergência admissível de um padrão; é simpatia por crenças ou práticas divergentes ou conflitivas entre si.
Nada mais nos choca. Tragicamente, ficamos insensíveis ao pecado. A chama de nossa consciência está quase se apagando. Todos os comportamentos (quer normais, quer imorais), são agora admitidos. Em nossa tolerância, abrimos as comportas a todos os tipos de iniquidade. Tudo o que queremos é a tolerância. Estamos prontos a sacrificar a virtude no altar da tolerância. Se continuarmos a rejeitar os valores absolutos, a moral e os bons costumes simplesmente desaparecerão. A Bíblia, a penetrante espada de dois fios, está sendo substituída por um relativismo diabólico. Atualmente, como igreja, toleramos tudo, exceto a intolerância.
II - O CENÁRIO:

Tiatira era um pequeno centro industrial estabelecido na estrada principal entre Pérgamo e Laodicéia.
Era operária, tinha numerosas associações comerciais. Carpinteiros, tintureiros, comerciantes, fabricantes de tecidos e outros profissionais organizaram suas associações fraternais, parecidas com nossos sindicatos. Cada associação tinha seu próprio deus.
Após o expediente, seus membros participavam dos festivais patrocinados pelas respectivas associações. Tais celebrações incluíam banquetes oferecidos aos ídolos e orgias sexuais.
Ao contrário das outras cidades, Tiatira não era centro de qualquer adoração. Ela não tinha grandes templos pagãos, embora tivesse como guardião a Apolo, o filho de Zeus. Quanto à adoração ao imperador, não constituía grande ameaça.
Esta era Tiatira: pequena, operária, rude. Neste cenário, achava-se a Igreja de Cristo.

III - O REMETENTE:

Apc 2.18 - Nesta carta, Jesus identifica-se de maneira proposital para atrair a atenção de Tiatira. Ele começa chamando a atenção desta Igreja em três pontos: - “Isto diz…:
(1) – O FILHO DE DEUS – Ou seja, Aquele que tem autoridade divina. Apesar de ter se tornado homem (qualificado a tomar o nosso lugar, levando-nos os pecados e a culpa sobre a cruz), permaneceu totalmente Deus (nunca deixou de possuir a natureza divina e seu poder, durante Seu ministério terreno).
(2) – QUE TEM SEUS OLHOS COMO CHAMA DE FOGO – Dn 10.6; Apc 1.14 – Fala da sua profunda sabedoria e justo julgamento. Os olhos do Filho de Deus estão prontos a queimar qualquer coisa que a igreja esteja fazendo de errado ou algum pecado que tente esconder. Eles esquadrinham a igreja, com zelos de infinito e ardente amor. Com olhar onisciente, vê os locais mais secretos do coração. Encontra e sonda nosso homem interior; penetra nosso ser e desmascara qualquer fingimento. Descobre nossas pretensões.
Jesus vê o que ninguém pode ver. Julga a essência de nossas atitudes. Avalia nossas motivações. Ele pesa as ambições e observa os pensamentos secretos. Tudo se acha descoberto diante dEle. Nada está oculto a Seus olhos. Este divino olhar é como a chama de fogo; a tudo devassa; consome a tudo o que toca. Todas as coisas na Igreja estão expostas diante dEle. Enganam-se, pois, os que pensam poderem esconder alguma coisa do santo e flamejante olhar de Deus.
(3) – E OS PÉS SEMELHANTES AO LATÃO RELUZENTE – Isto fala-nos não somente da resistência, mas do altar de bronze do tabernáculo (Ex 38.30) e, por extensão, do sacrifício de Cristo, pelo qual Ele triunfou sobre satanás. O Filho de Deus venceu a sua mais dura prova de fogo, cujos pés expressam a Sua vitória. O Filho de Deus não tem qualquer mistura ou contaminação. No Seu ministério aqui e no céu, Ele jamais cometeu quaisquer pecados. Portanto, tem condições de julgar o pecado. Seus veredictos não podem ser sobrepostos.
Por que Jesus se revela desta forma?
Tiatira é a Igreja profana. Sua decadência espiritual é patente em Apc 2.20, 22 e 24; tornara-se tolerante com o pecado.
É com esta Igreja que Cristo mais reafirma Sua autoridade: não tolerará o casamento de Seu povo com o mundo. Ele é o Juiz. Se a Igreja tolera o pecado, há de entender também que, além de Bom Pastor, é também Juiz. Os pés do Cristo glorificado estão firmes para julgar a igreja de Tiatira, porque ali se permitia o pecado e era tolerada uma autoridade que suplantava a do Senhor e Dono da Igreja.
Esta carta é um sério alerta à Igreja que flerta com o mundo.

IV - AS FORÇAS DE TIATIRA:

Apc 2.19 - Jesus agora elogia Tiatira. Há claras virtudes pelas quais a parabeniza. Com o Seu olhar como chama de fogo Jesus conhecia sobre a Igreja de Tiatira:
(A) - AS OBRAS – Que em nada eram inferiores às das outras igrejas. Jesus não diz que conhecia o imponente templo, os fervorosos cultos, os eloquentes sermões, os membros corretamente vestidos, mas conhecia “as suas obras”. O Senhor quer ver obras, quer ver o amor e a fé operando e produzindo fruto prático na vida cotidiano de Sua igreja.
(B) – A CARIDADE – Isto é: o amor em ação. Aqueles irmãos não perderam o primeiro amor. Pelo contrário: mostraram um tipo de fidelidade, um amor leal, que era uma resposta e um reflexo do amor de Deus demonstrado no Calvário. Eles eram canais deste amor, que resume e representa todos os outros frutos do Espírito Santo (Gl 5.22-23; II Pe 1.5-7).
(C) - O SERVIÇO – Esta palavra refere-se à expressão grega “diakonia”, traduzida também por “ministério”. É utilizada para designar:
(C.1) – O serviço dos apóstolos, profetas, diáconos e de outros líderes da igreja – At 1.17; 6.4; 20.24; II Cor 4.1; 6.3; I Tm 1.12.
(C.2) – O ministério dos dons do Espírito – II Cor 3.8.
(C.3) – A ajuda, sustento e contribuição aos necessitados, ou seja: o ministério do socorro – At. 6.1; 11.9 – Os crentes de Tiatira tinham um coração voltado aos pobres, aos humilhados, às viúvas, aos órfãos e aos estrangeiros. Seu cristianismo era evidente no viver diário.
(D) – A FÉ – Não somente conservavam a fé em Deus e em Sua Palavra, como também manifestavam o dom da fé.
(E) – A PACIÊNCIA – Aqui tem o sentido de constância, estabilidade e perseverança em meio ao labor e ao sofrimento.
(F) – AS ÚLTIMAS OBRAS, QUE ERAM MAIS DO QUE AS PRIMEIRAS – O trabalho ao Senhor havia crescido de forma progressiva desde o início. Havia uma devoção crescente para com a pessoa de Jesus e um crescimento contínuo do serviço a Ele prestado.

V - A FALHA DA TIATIRA:

Apc 2:20-21 Apc 2.20-23 – Apesar de todas as coisas boas que Jesus disse acerca da igreja de Tiatira, contudo, Ele tem outras contra.
O problema estava dentro daquela igreja. Foi iniciado e fomentado por uma mulher apóstata, membro da igreja. Tanto o pastor de Tiatira quanto os seus liderados toleravam aquela mulher, porque a consideravam profetisa. Entretanto, o Filho de Deus a chama de JEZABEL. Ela…

(A) – SE DIZIA PROFETISA

(B) – COLOCAVA SUAS PALAVRAS E ENSINAMENTOS ACIMA DOS DE CRISTO E DOS APÓSTOLOS.

Como consequencia, ela não somente ensinava que, aos olhos de Deus, era lícito cometer adultério espiritual (participar das adorações idólatras e imorais), como também seduzia, com muita perspicácia, os crentes que procuravam servir ao Senhor e que lhe eram fiéis.
Notemos que aqueles crentes fiéis são chamados por Jesus de “MEUS SERVOS” – Apc 2.20. Isto quer dizer que as boas coisas que Jesus disse da Igreja de Tiatira poderiam ser ditas sobre aqueles crentes fiéis.
Contudo, eles agora estavam sob a influência das profecias e ensinos de Jezabel. Ao darem atenção ao que Jezabel falava, tornaram-se vítimas dessa mulher. Era proeminente e influente; controlava a vida da Igreja. Era o poder demoníaco por trás do púlpito.
De alguma forma, era ela quem dirigia a Igreja. Como agente do poder, puxava as cordas nos bastidores. Ela mesma se intitulara porta-voz de Deus. Mas nem todo aquele que declara falar sobre Deus, fala por Deus. Usando sua influência como profetisa, desviava a muitos. Através de seus ensinamentos, encorajava a seus seguidores a abraçar a imoralidade e a idolatria; levava os incautos a se prostituírem e a comerem os sacrifícios da idolatria.
As falsas doutrinas sempre tem assolado a igreja através dos séculos. Às vezes, não são doutrinas totalmente falsas; são ainda piores: são adulteradas. Somente a visão do Espírito Santo pode dirigir os fiéis na separação entre a palha e o trigo.
As profecias devem ser testadas pelas Escrituras; não podem estar baseadas num único versículo, ou metade num versículo e a outra noutro lugar. As profecias devem estar de acordo com os ensinamentos da Bíblia. Os que pertencem ao corpo de Cristo devem julgá-las (I Cor 14.29). Assim, à medida que nos aprofundamos no conhecimento das Escrituras, o Senhor mesmo iluminará nossos corações e mentes, concedendo-nos Sua maravilhosa luz.

VI - O SOFRIMENTO:

Apc 2.22-23 - Pecado não confessado causa sofrimento. Na lei do universo moral de Deus, sempre colhemos o que semeamos. Esta é a lei dos céus. Eis o que o Senhor reserva a Jezabel.
Estava Jezabel conduzindo seus negócios na cama. Na Igreja havia um grupo que adulterava com ela continuamente. Por isso Jesus é categórico: EIS QUE EU A POREI NUMA CAMA. Seria punida exatamente no local de seus pecados. Qual seria sua enfermidade: Uma moléstia fatal.
“LANÇAR NUMA CAMA” é, provavelmente, o sofrimento ou a doença que levaria Jezabel à morte física.
Numa determinada versão, lemos: FERIREI SEUS FILHOS COM PESTILÊNCIA, ou seja, ENFERMIDADE ou GERMES.
Jesus é claro: - “Se insistirem em suas perversidades sexuais, eu os colocarei de cama, com enfermidades e germes” – Pv 6.27
Noutras palavras, Jesus dizia: - “Disciplinarei Tiatira para que Éfeso veja o exemplo, para que Esmirna não esqueça, para que nenhuma igreja venha a cometer semelhante erro. Disciplinarei Tiatira para que as outras igrejas se corrijam. Não posso deixar seu pecado incorrigido. Se for preciso punir com a morte, fá-lo-ei, para que o espírito de disciplina seja mantido”.
Quanto aos seguidores de Jezabel, Jesus faz duas severas advertências:
(1ª) – ATRAVESSARIAM POR GRANDE TRIBULAÇÃO – Isto significa que teriam tristeza e aflições que acarretariam angústia de coração e de alma.
(2ª) – SERIAM FERIDOS DE MORTE – Expressão hebraica de se enfatizar a certeza da morte física. Pode ser também uma referencia à segunda morte, onde perderão não somente suas vidas, mas também a salvação.
Não está implícito que Jesus queira isto. O que Ele deseja é que os tais se arrependam das obras praticadas sob a influência de falsas profecias e ensinos falsos. O Filho de Deus é paciente até mesmo com Jezabel; Ele dá a todos a oportunidade de se arrependerem.
A Igreja precisa saber com urgência, que o Senhor Jesus é mais que um gentil Salvador: Ele é também Juiz – sonda, examina, investiga os rins (considerado pelos antigos como o centro dos sentimentos) e corações, ou seja, sonda a parte mais profunda de nosso ser, nossos motivos, atitudes e sentimentos.
De fato, Ele conhece o que se acha dentro de nós, bem como o que está por detrás de nosso trabalho, obras e ações. Como Juiz imparcial, recompensará a cada um de acordo com as nossas obras, não como as vemos, mas como Ele as vê – Jo 5.22, 30.

VII - A SOLUÇÃO:

Apc 2.24-25 - Jesus agora fala aos que não se envolveram com esta demoníaca profetisa. Nas Igrejas compromissadas com o mundo, há sempre um remanescente fiel. Este era o caso em Tiatira. Eis aí o conselho de nosso Senhor aos fiéis.
Jezabel dizia que seus ensinos eram PROFUNDEZAS DE DEUS. Ou, noutras palavras, mistérios. Mas, sarcasticamente, Jesus denomina-o de PROFUNDEZAS DE SATANÁS. Segundo ela ensinava, o crente só conseguiria resistir ao pecado se primeiro o experimentasse. Parece familiar? Não se parece com a tentação de Eva no Jardim do Éden? - Gn 3.1-7.
Indubitavelmente, a falsa profetisa Jezabel dizia estar dando à Igreja de Tiatira um “ensinamento profundo”, bem como ter alcançado as profundezas das verdades divinas. Na realidade, porém, essa mulher havia conduzido o povo às profundezas do inferno.
Satanás tem as suas “PROFUNDEZAS”, mas não se comparam, nem de longe com “AS PROFUNDEZAS DE DEUS” – Leiamos I Cor 2.9-16.
Por isso, Jesus reconhece que nem todos na igreja haviam dado ouvidos às falsas profecias e aos ensinos sedutores desta Jezabel. Esses crentes estão inseridos no rol daqueles que não conhecem AS PROFUNDEZAS DE SATANÁS, mas, sim, AS PROFUNDEZAS DE DEUS, porque possuem a MENTE DE CRISTO.
Em consequencia, Jesus deixa uma palavra de conforto ao restante dos crentes: “NÃO IMPORÁ OUTRA CARGA (RESPONSABILIDADE) SOBRE ELES”.
Os que permaneciam fiéis ao verdadeiro Evangelho e a Jesus, necessitavam, agora, reter firmemente o que possuíam: A FÉ SIMPLES E A OBEDIÊNCIA, ATÉ O RETORNO DO SENHOR. Precisavam ser como os tessalonicenses que, havendo se convertido dos ídolos para Deus, serviam um Senhor que é vivo e verdadeiro, esperando dos céus a Seu Filho – I Ts 1.9-10. O serviço prestado, enquanto se espera a volta de Cristo, inclui a continuação das boas obras, a perseverança na fé e na obediência.
O conselho de Deus é: ABORRECEI O MAL E APEGAI-VOS AO BEM (Rm 12:9) - Façamos uma pós-graduação em vontade e determinação e aborreçamos o mal.

VIII - A PROMESSA:

Apc 2.26-28 - O Senhor Jesus conclui esta carta com uma palavra de conforto mui necessária. É a promessa àqueles que vencerem à influência sedutora de Jezabel: AUTORIDADE SOBRE AS NAÇÕES, ou seja, permitirá que compartilhemos de Seu poder, autoridade e governo, desfrutando plenamente de Seu triunfo, e ajudando-O a pastorear com a “vara de ferro” as nações que sobreviverem à Grande Tribulação.
A vara do pastor era usada para quebrar os ossos dos predadores do rebanho. Portanto, a profecia aqui é relacionada com as profecias do Salmo 2.8-9 e Daniel 2.34-35, 44-45. A vara de ferro esmigalhará as nações que rejeitarem a Cristo como se fossem feitas de barro – Jo 5.22.
O Salmo messiânico 2.8-9 volta-se à segunda vinda de Cristo para destruir os inimigos de Deus. Quando o Senhor retornar, estabelecerá aqui o Seu reino. Naquele dia, governaremos e reinaremos com Ele. Também participaremos de Sua vinda para julgar a terra.Naquele dia, Cristo governará as nações incrédulas com vara de ferro. Esmagá-la-ás como o oleiro quebra o vaso endurecido.
Os vasos secos, cozidos e endurecidos são frágeis. Quando atingidos, mesmo por um simples golpe, quebram-se em centenas de pedaços.
Com cetro de ferro, Jesus reduzirá os pecadores a pequenos cacos. Os perdedores serão severamente destruídos. Mas aos vencedores, é prometido o privilégio de governarem a terra e julgarem as nações com Cristo.

IX – CONSIDERAÇÕES FINAIS:


Apc 2.29 - Precisamos prestar muita atenção ao que Jesus diz. Ouvir e não obedecer é não ouvir por completo. O que o Espírito diz nesta carta? Que não podemos tolerar o pecado na Igreja ou em nossas vidas. Temos de lidar com ele de maneira severa.
Cristo precisa visitar muitas de nossas Igrejas. Precisa visitar e avivar os cultos, especialmente onde os líderes toleram a iniquidade. Há muitas “Jezabéis” em nosso meio.
Se Deus é absolutamente intolerante com o pecado, sejamo-lo também.
Se a Igreja não for pura, nada terá a dizer ao mundo. Se ouvimos, não temos desculpas; quanto aos que não a ouvirem, serão esmiuçados pelo julgamento que há de vir.

Bibliografia:

-Daniel e Apocalipse – CPAD – Antônio Gilberto
-Estudo Sobre o Apocalipse – CPAD – Armando Chaves Cohen
-A Vitória Final – CPAD – Stanley M. Horton
-A Espada Cortante – Volume Um – CPAD – Orlando Boyer
-Alerta Final - CPAD - Steven J. Lawson
-Lições Bíblicas do 2º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja; -Comentarista: Claudionor de Andrade; CPAD;
-. Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 50, p.39;
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995 por Life Publishers, Deerfield, Flórida-EUA;
-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. HORTON, S. M. Apocalipse: As coisas que brevemente devem acontecer. 2.ed., RJ: CPAD, 2001.
-. LAWSON, S. J. As Sete Igrejas do Apocalipse: O Alerta Final de Cristo para seu povo. 5.ed., RJ: CPAD;
-. BLOMBERG, C. L. Questões Cruciais do Novo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2010.
-. RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2007.
-. RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1.ed., RJ: CPAD, 2005.
 

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