20 maio 2012

Com bebidas, gays e tatuados, igreja evangélica funciona dentro de boate na famosa rua Augusta em São Paulo. Assista

Com bebidas, gays e tatuados, igreja evangélica funciona dentro de boate na famosa rua Augusta em São Paulo

 Rua Augusta, 486. Às 3h de um sábado, dezenas de pessoas se aglomeram em frente ao Clube Outs, uma das muitas casas noturnas da região.
Para entrar, é preciso enfrentar seguranças engravatados e desembolsar R$ 20. Lá dentro, flanelados, tatuados e emos dançam hits da música pop dos anos 1980 e 90.
No dia seguinte, por volta das 18h, a casa continua a mil. Mas as portas estão abertas a qualquer um. Sob a luz de holofotes, uma banda anima um público jovem. Num telão, letras de músicas sobre louvor e compaixão. No bar, as garrafas de Smirnoff e Heineken permanecem intocadas.
O show termina, e Junior Souza, 37, surge. Veste uma camiseta preta estampada com o símbolo matemático que representa o “diferente”, tem o antebraço tatuado e brinco na orelha.
Dá alguns avisos, indica o lugar onde fica a caixinha de contribuições e anuncia pelo microfone: “Agora a gente vai fazer um intervalo e já continua o culto, beleza?”.
A pausa serve para que os fiéis da Capital Augusta possam trocar ideias. A Capital, como os habitués a ela se referem, é uma igreja protestante, fundada em 2009 pelo pastor Junior. O grupo inicial era formado por músicos, designers e gente que “já vivia a vida da Augusta”, segundo o pastor, que é professor de inglês e dá aulas na Faculdade Teológica Metodista Livre.
Quando o intervalo termina, Junior, de frente para um laptop, começa a ler um versículo da Bíblia. Carismático, ele às vezes quebra a leitura e traduz um trecho sagrado para uma fala informal.
A maioria dos presentes ainda não chegou aos 30 anos. São jovens antenados, que compartilham sua fé no Facebook e no Twitter. No site da igreja, são disponibilizados podcasts religiosos.
Dono de um corpo tatuado, o skatista e publicitário Bidu Oliveira, 20, diz que sofreu preconceito em outras igrejas e ali encontrou uma comunidade. “O foco aqui é Jesus”, justifica.
A Capital permite a ingestão de bebidas alcoólicas, desde que com moderação. Sexo, melhor dentro do casamento. “O projeto ideal é a castidade, mas, se não é essa a sua realidade, vamos seguir o caminho da reparação”, aponta o pastor. Gays são bem-vindos. “Na Augusta, é natural que eles frequentem. Nosso slogan é: ‘Proibido Pessoas Perfeitas’.”
Além do culto no Outs, há reuniões semanais nas casas dos integrantes. “Ali dividimos as alegrias e frustrações da vida em SP”, diz Junior, um paranaense de Assis Chateaubriand.
Antes de chegar à capital, ele era ligado, no interior, a uma igreja Vineyard, associação criada na Califórnia dos anos 1970. Não gosta de ser chamado de evangélico. “Tenho vergonha do que esse termo se tornou no Brasil”, confessa.
O aluguel do imóvel na Augusta é bancado por 12 pessoas da liderança da Capital. O dinheiro das doações, segundo o pastor, vai para missões religiosas e outras instituições. Valentim Van der Meer, promoter da boate, diz que aceitou alugar o espaço por simpatizar com a igreja. “É o mesmo público que frequenta o Outs na balada.”
Por volta das 21h, o culto termina ao som de Metallica. Por uma coincidência irônica que só uma rua tão augusta pode permitir, a poucos metros dali, no número 501, fica o Inferno Club. “É legal ter uma igreja na porta do inferno, mas, infelizmente, ele não está acessível. Eles cobram o dobro do aluguel daqui”, diz o pastor, rindo.
Quem somos: 

"Como um ditador benevolente: amor nas ruas, becos e avenidas. Amor nas cidades e nos campos. Amor nos condomínios e nas favelas. Amor fluindo cambaleante como um bêbado, o qual desce a Rua Augusta. Uma rua cheia de bordéis e boêmios. Amor que chega aos brancos, negros, amarelos e vermelhos. Que fala todas as línguas e não conhece racismo ou preconceito. Que abraça doutores e doentes, traficantes e viciados, bancários e banqueiros, políticos e trabalhadores, prostitutas e freiras, detentos e policiais, trabalhadores que ganham pouco e vagabundos que ganham muito. Amor para todos e tudo por amor!
Somos revolucionários maltrapilhos contra o ódio, a guerra, o preconceito, a solidão, o tédio, a falta de propósito. Somos cientes de que Jesus não morreu para que fôssemos à igreja uma vez por semana para cantarmos algumas canções e fingirmos que aprendemos algumas coisas. Cremos que sua morte foi o início dessa revolução e em Sua ressurreição recebemos nossa ordem de avançar. E a ordem que recebemos é: amem, como eu amei vocês. E quando vocês amarem, então vocês viverão.
 Estarmos na Augusta não se trata de ser ou não “hype”. Lá, você pode ser exatamente quem é. Os olhares não mudarão por nada. Isso nos parece um vislumbre do Reino de Deus: a não acepção de pessoas.
Estar na Augusta é estar em família e, com certeza, das menos convencionais. Justamente por isto é uma experiência singular ao qual queremos acrescentar uma única coisa – o Amor de Deus.
Vídeo: 

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