Lição 10 - Uma igreja verdadeiramente próspera
4 de Março de 2012
TEXTO ÁUREO
“E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz* e misericórdia** sobre eles e sobre o Israel de Deus” (Gl 6.16).
*Strong 1515: - eirene: paz (literal ou figurado); (por implicação) prosperidade: - paz, quietude, repouso, + retornar à unidade. Paz, mais especificamente em sentido civil, o oposto de guerra e dissensão (Lc 14.32; At 12.20; Ap 6.4). Paz com o significado de saúde, bem-estar, prosperidade, todas as formas de bem.
**Strong 1656: - eleos: compaixão (humana ou divina, especialmente de modo ativo):-(+terna) misericórdia.
Israel de Deus. Este termo se refere a todo o povo de Deus debaixo do novo concerto, i.e., todos os salvos, tanto judeus como gentios. Isto quer dizer que todos que pela “cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” estão crucificados para o mundo (v.14) e se tornam “nova criatura” (v. 15), constituem-se no verdadeiro “Israel de Deus” (cf Rm 2.28,29; 9.7,8; Ef 2.14-22; Fp 3.3; 1Pe 2.9). [1]
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[1] Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995 por Life Publishers, Deerfield, Flórida-EUA;
Nota Textual Gálatas 6.16; p. 1804.
VERDADE PRÁTICA
A Igreja prospera quando cumpre integralmente a missão que lhe confiou o Senhor.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 2.11-13; Romanos 11.1-5.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
· Analisar alguns aspectos do povo de Deus na Velha e na Nova Aliança;
· Compreender qual é a verdadeira natureza da Igreja; e
· Conscientizar-se de que a Igreja tem como missão a adoração, a instrução, a edificação e a proclamação.
PALAVRA CHAVE
Igreja: Organismo místico composto por todos os que, pela fé, aceitaram a Jesus como único e suficiente Salvador, e têm a Palavra de Deus como única regra de fé e conduta.
COMENTÁRIO
(I. Introdução)
“O Israel de Deus”.- Essa locução pode designar o povo de Deus recentemente constituído, cuja marca distintiva é o Espírito Santo e não a circuncisão. Todos aqueles que crêem em Cristo são o Israel de Deus. Gálatas 3.29 diz que “E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa”. A Igreja é apresentada nas Escrituras como o povo de Deus (1Co 1.2; 10.32; 1Pe 2.4-10), o agrupamento dos crentes redimidos como fruto da morte de Cristo (1Pe 1.18,19). Assim como a nação de Israel, é um povo peregrino que já não pertence a esta terra (Hb 13.12-14), cujo primeiro dever é viver e cultivar uma comunhão real e pessoal com Deus (1Pe 2.5). Que fique gravado na mente e no coração de nossos alunos que a missão principal da Igreja é representar a Deus perante todos os povos com o Evangelho de Cristo. Boa aula!
(II. Desenvolvimento)
I. O POVO DE DEUS NA VELHA E NOVA ALIANÇA
1. O Israel Nação. Deus fala com Moisés no Monte Sinai e afirma que Israel seria a sua “propriedade peculiar”, “reino sacerdotal”, e “povo santo”, caso aceitasse os termos da aliança (Êx 19.5-7). Deus indica que Israel seria o seu tesouro pessoal dentre tudo o que existe (1Cr 29.3). Pela eleição divina, Israel foi separado dentre todos os povos, os quais também pertencem a Deus. Nestes versículo, o Senhor indica os objetivos que ele tem para o seu povo recém liberto do cativeiro – adoração. Não é custoso lembrar que a ênfase aqui recai sobre o relacionamento de Israel com Deus, e não sobre qualquer ministério sacerdotal às nações, mas através do relacionamento entre Israel e o Senhor seria dado testemunho ao mundo. Dessa forma, os judeus levariam o nome do Senhor a todas as nações. Logo, tanto as bênçãos decorrentes da obediência como as maldições advindas da desobediência, na Antiga Aliança (Dt 27-28), devem ser entendidas no contexto da vocação de Israel. O Senhor promete restaurar o seu povo através de uma “nova aliança” (Jr 31.31-34; Ez 36.26). Mas os judeus, devido à sua incredulidade e dureza de coração, vieram a rejeitar a Jesus como o mediador do novo concerto (Hb 9.15; 12.24; Jo 1.12). Por causa disso, o propósito de Deus de ter um povo que o representasse continuou com a Igreja de Cristo — o Israel do Novo Testamento. Isso não significa que Deus haja se esquecido do povo hebreu (Rm 11.2). Paulo se dá como exemplo do fato de que há um remanescente salvo em Israel e deixa entendido que o amor e a escolha especial e graciosa deles torna inconcebível que Deus os tenha finalmente rejeitado como um povo embora eles o tivessem ainda recentemente rejeitado, quando rejeitaram a Cristo. Pelo contrário. Afirma Paulo que “todo o Israel será salvo” (Rm 11.26). Esta expressão não deve ser entendida como que significando que cada judeu que já viveu será salvo. Paulo não ensina isso, como se pode ver em 10.2 e 3. A expressão deve ser entendida com o mesmo sentido de “a plenitude dos gentios” do versículo 25. Paulo fala num sentido coletivo, como que uma conversão em massa a Cristo. Esta é a visão dos que crêem que a declaração de Paulo “virá o Libertador”seja uma referência à volta de Cristo, quando muitos judeus, tendo ouvido e visto a verdade do Evangelho durante a Grande Tribulação, aceitarão o Messias quando ele voltar.
2. O Israel do Novo Testamento. O termo ekklesia literalmente refere-se à reunião de um povo, por convocação, que se reúne como cidadãos do reino de Deus (Ef 2.19) com o propósito de adorar a Deus. Nesse sentido, a igreja é apresentada como povo de Deus (1Co 1.2; 10.32; 1Pe 2.4-10), o agrupamento de crentes redimidos como fruto da morte de Cristo (1Pe 1.18,19). O termo grego ‘paroikos’ - ‘forasteiros’ utilizado por Paulo no texto de Ef 2.19 (formado por para ‘ao lado de’ e oikeo, ‘habitar’; denota um estrangeiro que habita como hóspede temporário em um país sem os direitos de cidadania. A mesma palavra é usada para descrever Abraão e Moisés, habitantes temporários de um país que não era o deles (At 7.6,29), e o crente está nesse mundo como um estrangeiro cuja cidadania e última residência estão no céu (1Pe 2.11) (Strong 3941). O Antigo Testamento apresenta um silêncio relativo acerca do ‘mistério de Paulo’-‘a união de judeus e gentios na igreja’ (Ef 3.5,6). Essa reunião foi prevista pelos profetas: “Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra das minhas mãos, e Israel, minha herança” (Is 19.25). Se esta idéia tivesse sido completamente desconhecida no Antigo Testamento, Paulo não poderia ter dito, como disse em Rm 4, que a aliança abraâmica compreendia todos os que fossem da fé que teve Abraão, inclusive os gentios. Paulo disse a Agripa que a sua proclamação de luz para judeus e gentios, indistintamente, não ultrapassava o que havia sido prometido por Moisés e os profetas (At 26.22,23).Paulo inicia Ef 4.e coma declaração: “há um só corpo”, enfatizando a unidade dos crentes e, de modo mais específico, que os judeus e os gentios são iguais em Cristo (Gl 6.16; Rm 2.28,29; Ef 2.14-22; Fp 3.3; 1 Pe 2.9). Em Cristo, Deus não substituiu, mas deu continuidade ao processo de auto-revelarão anteriormente iniciado no Antigo Testamento.
3. O povo único de Deus. A igreja existe em Cristo e através de Cristo e, por isso, ela é uma realidade distintiva do Novo Testamento. Ao mesmo tempo, a igreja é uma continuidade de Israel, a semente de Abraão e o povo da aliança de Deus. A nova aliança sob a qual a igreja vive (1Co 11.25; Hb 8.7-13) é uma forma de relacionamento em que Deus diz à sua comunidade escolhida: “Eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo” (Jr 7.23; 31.33; Êx 6.7). Sob a nova aliança, os sacerdotes, os sacrifícios e santuário o Antigo Testamento foram substituídos pela mediação de Jesus (Hb 1-10). Os crentes em Cristo são a semente de Abraão e o povo de Deus (Gl 3.29; 1Pe 2.4-10). A limitação da antiga aliança a uma só nação (Dt 7.6; Sl 147.19,20) é substituída pela inclusão, em Cristo, em igualdade de condições, de crentes de todas as nações (Ef 2-3; Ap 5.9,10). A descrença da maior parte dos judeus (Rm 9-11) e o fato de a maioria na igreja ser de gentios é retratada por Paulo como a poda feita por Deus dos ramos naturais de sua oliveira (a comunidade histórica da aliança) e a substituição deles pelos rebentos novos da oliveira brava (Rm 11.17-24). A nova aliança não exclui os judeus, e Paulo ensina que a rejeição da nova aliança por parte deles um dia será revertida (Rm 11.15,23-31). O Novo Testamento revela que Deus, através de Jesus, renovou a aliança com seu povo e que nesse ato, tanto judeus como gentios formam um só povo – a igreja, uma única comunidade que presta culto a Deus. Ser parte da Igreja é reconhecer Jesus como o Messias — a plenitude das promessas divinas. Essa é a verdadeira prosperidade.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A Igreja de Cristo é o “povo de Deus” formado tanto por judeus como por gentios.
II. A IGREJA E SUA NATUREZA
1. Localidade e universalidade. Em sua verdadeira realidade espiritual como a comunhão de todos os crentes genuínos, a igreja é invisível. Falando da igreja invisível, o autor de Hebreus refere-se “`a igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus”(Hb 12.23). A igreja invisível é a igreja como Deus a vê. A igreja local pode ser definida assim: "a igreja visível é a igreja como os crentes a vêem". Ela inclui todos os crentes professos. Note-se que, nesse aspecto, a igreja conta entre seus membros com crentes não genuínos. Paulo fala de Himeneu e Fileto: “o ensino deles alastra-se como câncer […] estes se desviaram da verdade [...] a alguns perverteram a fé”(2Ts 2.17,18). Mas ele confia que “o Senhor conhece quem lhe pertence” (2Tm 2.19). A Igreja é local, mas também é universal. Isto é, ela é formada por todos os crentes das mais diferentes culturas, raças e nações.
2. O ensino neotestamentário revela que a Igreja é una (Ef 4.4). Wayne Grudem vê distinção entre as metáforas para a igreja expostas por Paulo em 1Co 12 e em Ef 4. Diz ele: “Devemos reconhecer que Paulo de fato usa duas metáforas diferentes do corpo humano quando fala da igreja. Em 1Co 12 o corpo inteiro é tomado como metáfora da igreja, porque Paulo fala do 'ouvido', do 'olho' e do 'olfato'(1Co 12.16,17). Nessa metáfora, Cristo não é visto como a cabeça ligada ao corpo, porque os membros individuais são em si mesmos as partes individuais da cabeça. Cristo é nessa metáfora o Senhor que está 'fora' desse corpo que representa a igreja e é a quem a igreja representa e adora. Mas em Ef 1.22,23; 4. 15,16 e em Cl 2.19 Paulo usa uma metáfora diferente de corpo para referir-se à igreja. Nessas passagens, Paulo diz que Cristo é o cabeça e a igreja é como o restante do corpo, distinto da cabeça […]. Não devemos confundir essas duas metáforas, a de 1Co 12 e a de Ef 4, mas mantê-las distintas”. [2]
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[2] GRUDEM Wayne. Manual de Doutrinas Cristãs: teologia sistemática ao alcance de todos/wayne Grudem; editado por Jeff Purl,swell; tradução Heber Carlos de Campos. - São Paulo; Editora Vida, 2007.
3. A santidade é tanto posicional como progressiva. Strong 42: - hagiosune; processo, qualidade e condição de uma disposição sagrada e a qualidade da santidade na conduta pessoal. É o princípio que separa o crente do mundo. Hagiosune nos consagra ao ministério de Deus no corpo e na alma, encontrando realização moral e uma vida comprometida à pureza. Ela faz com que cada componente de nosso caráter seja submetido à inspeção divina e receba sua aprovação. No primeiro caso, o crente é santo porque espiritualmente encontra-se em Cristo e, assim, participa de sua natureza santa. Todavia, no seu viver diário, o crente tem sua parte a fazer, isto é, ajustar-se ao que a Palavra de Deus ensina sobre um viver de pureza e integridade (2 Co 7.10). A vida santa pede para confiar completamente em Deus para sabedoria espiritual, rejeitando a sabedoria do mundo. A santidade devota tempo e energia ao conhecimento do Senhor, escolhendo associar-se com outros crentes ao invés de ser indevidamente influenciado pelos valores do mundo. A obra da santificação é conduzida à sua plenitude gloriosa na segunda vinda do Senhor (1Ts 5.23; 1Co 1.8; Fp 1.6; 2Ts 3.3; Jd 24).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A Igreja é o corpo místico de Cristo na Terra. Ela é tanto local quanto universal.
III. A IGREJA E SUA MISSÃO
1. Adoração. (Strong 4352: proskuneo; De pros, ‘em direção a’ e kuneo, ‘beijar’. Prostrar-se, vergar-se, obedecer, mostrar reverência, homenagear, louvar, adorar. No Novo Testamento, a palavra denota principalmente a homenagem prestada a Deus e a Cristo ascendido ao céu. Todos os crentes têm um louvor unidimensional, ao único Senhor e Salvador. Não adoramos anjos, santos, santuários, relíquias, ou personagens religiosos. ‘E, servindo eles ao Senhor...’ (At 13.2). Este é o comissionamento do grande ministério apostólico de Paulo. Servindo traduz um verbo usado pelo serviço sacerdotal oficial. Aqui refere-se ao seu ministério da adoração pública. O termo grego leitourgeo pode ser traduzido como realizar atos religiosos ou de caridade, cumprir uma tarefa, realizar uma função, oficiar como sacerdote, servir a Deus com orações e jejum. A palavra descreve o sacerdócio arônico ministrando serviços levíticos (Hb 10.11). Em Rm 15.27, é usado para atender necessidades financeiras dos cristãos, realizar um serviço ao Senhor ao fazê-lo. Aqui, os cristãos de Antioquia estavam cumprindo uma tarefa e dispensando uma função normal ao ministrar ao Senhor através de jejum e orações [3]. Em sua primeira epístola aos Coríntios, Paulo dá diretrizes acerca de como deve ser o culto cristão (1 Co 14.26). Entre outras instruções, ele diz: “cada um de vós tem salmo”. Culto aceitável exige mãos limpas e coração puro (Sl 24.4), e uma disposição para expressar devoção em obras de serviço bem como em palavras de adoração. Salmo aqui é uma referência ao hinário da Igreja Primitiva, embora saibamos que havia também expressões espontâneas de louvores e cânticos espirituais entre os primeiros crentes (Ef 5.19; Cl 3.16). A adoração deve ser já a atividade principal, tanto particular como comunitária, na vida de cada crente (Cl 3.17). Diante do exposto, deve ser combatido aquilo que costumamos ouvir como ‘buscar a bênção’; ‘ser abençoado’... O culto cristão é uma misto de reverência e alegria pelo privilégio de aproximação do poderoso Criador, com radical auto-humilhação e honesta confissão de pecados.
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[3] Adaptado de Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001, Palavra-Chave, p. 1124.
2. Instrução e edificação. A parte central das últimas instruções de Jesus aos discípulos, antes de sua ascensão, foi a ordem de evangelizar o mundo e fazer novos discípulos (Mt 28.19; At 1.8). A tarefa da evangelização ainda faz parte imperativa da missão da Igreja, ela é chamada a ser uma comunidade evangelizadora [4]. Louis Berkhof em sua Teologia Sistemática falando acerca das marcas distintivas da Igreja assevera: “A fiel pregação da Palavra. Esta é a mais importante marca da Igreja. [...] A fiel pregação da Palavra é o grande meio para a manutenção da Igreja e para habilitá-la a ser a mãe dos fiéis. Que esta é uma das características da Igreja transparece em passagens como Jo 8.31, 32, 47; 14.23; 1Jo 4.1-3; 2Jo 9” [5]. A Grande Comissão foi dada pela autoridade de Cristo, posto que seu domínio é universal, o evangelho deve ir ao mundo inteiro. Cristo morreu em sacrifício vicário – no lugar de – pecadores de todas as nações. Assim, devemos avançar e conquistar novos discípulos, e isso não é uma opção, é uma obrigação de todo aquele que se diz cristão; não somos todos evangelistas no sentido formal do termo, mas todos temos recebido os dons necessários para ajudar a realizar essa que é a obra primaz da Igreja - esse imperativo de Jesus é a razão primária de ser Igreja! No mesmo texto de 1 Coríntios 14.26, o apóstolo também diz que “cada um de vós tem [...] doutrina”. A palavra grega didaché, traduzida aqui como doutrina, é uma referência à instrução que era ministrada aos crentes através da exposição da Palavra de Deus. Toda igreja verdadeiramente bíblica necessita da exposição das Sagradas Escrituras. Pedro exorta aos crentes a desejarem ardentemente o genuíno leite espiritual capaz de dar crescimento para a salvação (1 Pe 2.2). É por isso que a igreja em Antioquia possuía mestres (At 13.1). O próprio Deus colocou-os na Igreja, visando o pleno desenvolvimento dos santos (Ef 4.11,12). Paulo afirma que o propósito disso tudo é a edificação da Igreja (1 Co 14.3,26). Outro aspecto a ser observado é que, embora a Escritura mostre o lado comunal da Igreja Primitiva, o Novo Testamento não é avesso aos bens materiais desde que estes sejam usados para a glória de Deus, para a expansão de seu Reino e para o socorro dos mais necessitados (At 4.32-35). O exemplo de Barnabé é bastante significativo (At 4.36-37). Temos hoje no Brasil grandes ministérios, com suntuosos templos, bem equipados e confortáveis, mas é possível freqüentar tais lugares e voltar para casa vazios. Em nossa cultura evangélica tupiniquim, dá-se mais valor ao templo e/ou denominação a que se pertence do que a um comprometimento com o SENHOR semelhantemente como nos dias de Jeremias. Nos programas de TV, a ênfase recai mais na placa da igreja onde pertencer a esse ou aquele grupo é mais importante do que ter uma vida transformada para Deus. O que temos hoje é uma geração de crentes que depositam sua fé no templo do qual fazem parte porque já não são templos do Espírito Santo. Em 2ts 1.10, a frase 'o nosso testemunho não foi crido entre vós', se refere ao fato de que os missionários, além de proclamar as verdades do Evangelho, tinham prestado testemunho ao poder dessas verdades. Strong define o termo 'testemunho', do grego marturion, como prova, evidência, testemunho e proclamação de experiência pessoal; e o termo grego marturia como testemunho, atestado histórico, evidência, certificação judicial ou geral. Marturia descreve um testemunho baseado no que alguém viu, escutou ou sabe. O termo `martus`, de onde provém o português mártir e martírio, fala de alguém que testifica a verdade que viu, uma testemunha, alguém que tem conhecimento de um fato e pode dar informações a respeito. Disto se entende que, o crente enquanto testemunha do Reino, proclama ao mundo não regenerado sua experiência pessoal com o Evangelho e o seu poder transformador. Todo crente verdadeiro é um missionário enviado ao mundo para dar testemunho de Cristo, para alcançar os perdidos onde possam ser encontrados e conduzi-los ao Salvador. ‘E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam’ (Jo 1.5). O fato de que Jesus é a expressão eterna, definitiva de Deus, continua desconhecido da humanidade. O mundo, apesar da graça comum, é incapaz de apreender esse mistério. A função da igreja é apoiar e transmitir ao mundo a verdade que Deus revelou. É mediante o testemunho da igreja que os pecadores são alcançados pela mensagem do Evangelho, nascem de novo e passam a fazer parte do Corpo de Cristo (1Co 11.26). é interessante que, Jesus comissiona seus discípulos da mesma forma que Ele foi comissionado pelo Pai –‘Assim como o Pai me enviou, também eu envio a vós’ (Jo 20.21). Strong define o termo ‘enviou’, do grego ‘apostello’, como “comissionar, separar para um serviço especial, enviar uma mensagem através de alguém, enviar com uma missão a cumprir, equipar e despachar alguém com total apoio e autoridade de quem enviou” [7]. O evangelho de João apresenta a divindade de Jesus – o Filho de Deus. Como Deus, ele criou todas as coisas e, como Deus, ele veio para redimir a todos – trazer a totalidade do perdão. Esse aspecto de sua missão é transmitido a seus discípulos, bem como seu comissionamento: ir com o perdão. Começou aqui tanto um mandato como uma missão: ‘Eu vos envio a vós’. Precisamente, tanto como o Pai enviou o Filho para trazer a salvação como uma disponibilidade para todos os seres humanos (Jo 3.16), nós também somos enviados para garantir que a disponibilidade seja compreendida por todos [6].
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[4]. Adaptado de: HORTON, Stanley M., Teologia Sistemática – Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD, Rio de Janeiro-RJ, 10ª edição, 2006; p. 554;
[5]. BERKHOF, Louis, 1932-Teologia Sistemática, traduzido por Odayr Olivetti.-3ª edição Revisada-São Paulo-SP: Cultura Cristã 2009, p. 530;
[6]. Adaptado de Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001,Dinâmica do Reino, p.1099.
3. Proclamação. Uma igreja adoradora, instruída na Palavra e verdadeiramente próspera, tem como foco principal a proclamação do Evangelho de Cristo. O propósito do Senhor não era que a Igreja apenas existisse como finalidade em si mesma, para se tornar, por exemplo, simplesmente mais uma unidade social formada por membros de mentalidade semelhante. Pelo contrário, a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com o poder do Espírito Santo a fim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus. A parte central das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, antes de sua ascensão, foi a ordem de evangelizar o mundo e fazer novos discípulos (Mt 28.19; At 1.8). É importante frisar que Cristo não abandonou os crentes à sua própria capacidade ou técnica, mas ele comissionou-nos a ir com a sua autoridade e no poder do Espírito Santo (Mt 28.18; At 1.8). Para isso, é imperioso que se lance mão de todos os meios possíveis para difundir as boas novas do Reino, penetrar os locais inacessíveis. O The Christian Post obteve os comentários de algumas pessoas sobre o uso da Internet como ferramenta de evangelismo: ‘Marina Menezes, publicitária recém formada, afirma que já evangelizou colegas pelo MSN. “Não é difícil falar pela internet. Ainda mais quando é uma pessoa próxima. Sempre é bom falar de Jesus”, afirma. O estudante Rafael Morales também já compartilhou experiências com Deus pela ferramenta. “é uma forma legal de passar as coisas, pois é dinâmico”, ressalta; O meio chega a render até conversões, segundo Gilson de Oliveira, que lidera um grupo de jovens em uma Assembleia de Deus. “Já consegui levar uma pessoa a fazer a oração de entrega pelo MSN e ela está firme com Jesus até hoje”, declara’. Não é em vão o comentário do Pr. Rick Warren, fundador da Saddleback Church, sobre o Facebook. Para ele, se a rede fosse uma nação, hoje figuraria como a quarta maior do planeta [7]. A missão da Igreja é colocar em prática a Grande Comissão (Mt 28.19). Fomos chamados para sermos proclamadores das boas novas do Reino de Deus (1 Pe 2.9). Uma igreja que não prega e não evangeliza está longe de ser realmente próspera, por mais rica que seja.
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[7] Extraído de http://portuguese.christianpost.com/noticias/20110718/jovens-da-geracao-y-evangelismo-na-web/;
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A igreja tem como missão a adoração, a instrução, a edificação e a proclamação.
CONCLUSÃO
A Igreja é o “Israel de Deus” e, como tal, tem a missão de representá-lo nessa terra. O Reino de Deus é uma dádiva que está presente tanto na Pessoa de Jesus Cristo quanto em seu Corpo, a Igreja. Nessa perspectiva, ela tem a responsabilidade de proclamar e demonstrar as virtudes do Reino de Deus como um espelho que reflete uma imagem. Um alto padrão é exigido – exemplificar Jesus Cristo em espírito e comportamento, bem como suas palavras e deveres. Os membros do Corpo são julgados não pelo que realizam, mas pelo caráter que revelam – quem eles são diante daquilo que fazem. Homens falíveis foram escolhidos para serem discípulos de Jesus e como todos os homens, eles lutavam contra o orgulho e a ambição (Mt 20.20-23). Percebendo sua luta, Jesus toma o exemplo de uma criança, afirmando que, no Reino de Deus, os grandes devem ser como tal criança – humilde, confiante e fácil de ensinar (Mt 8.4). Em outra oportunidade, quando a preocupação deles por 'status' surgiu novamente, Jesus declara que o maior é servo de todos (Lc 22.25-27). Tudo gira em torno da maior virtude no Reino – Humildade. É a humildade que nos permite reconhecer que Deus tem o lugar principal em nossa vida, que somos mortais e falíveis. Ela é o principio da sabedoria (Pv 22.4). As verdades do Reino de Deus são somente percebidas por aqueles que são humildes (Tg 4.6; Mt 5.3). Que eu e você, possamos como espelho, refletir o exemplo de Cristo e sermos verdadeiros representantes do Reino de Deus.
Subsídio para o Professor
I - CONCEITO DA PALAVRA IGREJA
“A palavra “igreja”, no grego, ekklesia, significa “chamados para fora”. Originalmente, os cidadãos de uma cidade que eram chamados mediante o toque de uma trombeta, que os convocava para se reunirem como assembleia em determinado local, a fim de tratarem de assuntos comunitários. Da mesma forma, a Igreja é um grupo de pessoas chamadas para fora do mundo, para formar um povo seleto, especial, pertencer a Deus e serví-lo” (I Pe 2.9,10; I Ts 1.9). (Cabral, 2007, p. 5)
II - QUAL A NATUREZA DA IGREJAComo um organismo vivo, a Igreja de Cristo possui uma natureza e/ou essência. A palavra de Deus nos mostra características dessa natureza. Citaremos algumas:
- A igreja é universal e local. A igreja universal ou invisível é o conjunto de todos os salvos em Cristo. É citada no Novo Testamento no singular - “igreja” nos textos de (At 20.28; I Co 12.28; Ef 1.22; 5.27 I Tm 3.15; Hb 12.23). Já a igreja local se trata da reuniãos dos fiéis em um local específico. A Bíblia emprega o plural “igrejas”, a fim de referir-se às igrejas locais (At 9.31; 16.5; Rm 16.4; 16.19; II Co 8.1; Gl 1.2).
- A igreja é una. Apesar da igreja ser composta de vários membros (povos, tribos, línguas e nações), sua unidade tanto local como universal é retratada perfeitamente na figura de um corpo, pelo apóstolo Paulo (I Co 12.12,13; 27).
- A igreja é santa. Como vimos acima, a igreja é um povo “chamado para fora”. Isto diz respeito a separação que a igreja deve ter em relação ao mundo. Jesus Cristo, seu arquiteto, a santificou pelo seu sangue (Ef. 1.7;I Jo 1.7), por sua Palavra (Jo 17.17/Ef 5.26) e pelo seu Espírito (Tt 3.5/Rm 8.1).
- A igreja é apostólica. A igreja de Cristo está fundamentada nos seus ensinos, repassados pelos seus santos apóstolos - este é o seu fundamento (Ef 2.20). O apóstolo Paulo reconhecia este sólido ensinamento como único, ao ponto de alegar que se algum dos apóstolos ou até mesmo um anjo do céu pregasse outro evangelho, deveria ser considerado maldito (Gl 1.8,9).
É extremamente equivocada a visão dos Teólogos da Prosperidade, limitando-a apenas a obtenção de riquezas, principalmente sob o ponto de vista do Cristianismo, que prega a valorização do ser mais que do ter. No livro dos Atos dos Apóstolos encontramos evidências na igreja primitiva, que atestam a verdadeira prosperidade daquela igreja - sua saúde espiritual. Destacaremos aqui algumas características de uma igreja verdadeiramente próspera, relatadas por Lucas :
3.1 Aquela que persevera na doutrina. A palavra “doutrina” do gr. didache, denota ensinamento ou instrução. Jesus havia exortado aos seus apóstolos que ensinassem aos que se tornassem discípulos (Mt 28.19,20). Eles também haviam sido advertidos que “permanecer na palavra era a garantia de um discípulado verdadeiro” (Jo 8.31). Fazendo assim, a igreja primitiva demonstrou em seu viver diário apego ao que os apóstolos do Senhor ensinavam (At 2.42). Isto a qualificou como uma igreja próspera, que não crescia apenas em quantidade, mas em qualidade (At 2.41;47).
3.2 Aquela que persevera na comunhão. A palavra “comunhão” vem um termo grego koinonya que envolve a ideia de participação, companheirismo e contribuição. Teologicamente significa “Vínculo de unidade fraterna, mantido pelo Espírito Santo, que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Cristo Jesus” (II Co 13.13; I Jo 1.3). A comunhão também reflete a prosperidade de uma igreja, pois mostra que apesar de ser composta por pessoas distintas é coesa quanto a fé. É como um corpo que cresce de forma ajustada, pois está ligado, segundo a cooperação de cada parte (Ef 4:16).
3.3 Aquela que persevera no partir do pão. A expressão “partir do pão” diz respeito ao ritual sagrado da Ceia do Senhor, a reunião mais solene da igreja, onde os membros reunidos celebram a morte do Senhor até que venha, como ele assim ordenou (Lc 22.19). O corpo e o sangue de Cristo simbolizados no pão e no vinho deveriam ser ingeridos com temor e reverência pela comunidade cristã (I Co 11.27,28). A celebração em si deveria ser realizada em amor e comunhão, como demonstração da vida saudável da igreja.
3.4 Aquela que persevera nas orações. A prática da oração persistente e fervorosa também é a marca de uma igreja realmente próspera. Pois, a oração é um recurso eficaz (Tg 5.16); é o único meio de comunicação com Deus (Jr 33.3); e é também uma arma defensiva e ofensiva (Ef 6.18). Os cristãos primitivos demonstravam uma vida próspera porque viviam em constante oração (At 1.14; 2.42; 3.1; 4.31).
IV - A PROSPERIDADE DE ESMIRNA E A POBREZA DE LAODICÉIAA prosperidade de uma igreja não deve ser aferida e/ou avaliada pelos templos suntuosos que constrói, ou pelos caros automóveis que seus membros possuem, muito pelo contrário, a definição de uma igreja realmente próspera como já temos visto, ultrapassa o material. Vejamos sob a ótica de Cristo a definição de pobreza e riqueza, nas igrejas de Esmirna e Laodicéia.
4.1 A igreja de Esmirna:- Chamada de coroa da Ásia. Atualmente conhecida como “Izmir”;
- Seu nome significa “mirra”, que é uma substância cheirosa, porém extremamente amargosa, que por certo retrata as duas condições da igreja: aprovada (Ap 2.9), porém provada (Ap 2.10);
- Tinha obras (Ap 2.8);
- Sofria tribulação (Ap 2.8);
- Era pobre, porém rica (Ap 2.8): como podemos ver essa declaração parece uma contradição. Como pode alguém ser pobre, porém rico? Está claro que embora fossem pobres em termos materiais, esses cristãos desfrutavam de uma valiosíssima riqueza espiritual (Ap 2.9). Aqueles que ensinam que a espiritualidade obrigatoriamente deve trazer riqueza, se esquecem de mencionar que a riqueza muitas vezes produz a decadência espiritual (Mt 6.24; Lc 16.13; I Tm 6.10).
- Este nome foi dado a cidade por Antíoco II em homenagem a sua esposa Laodice;
- Tornou-se o mais saudável e importante centro comercial da região. Era principalmente conhecida por três atividades comerciais: bancária, lã e medicina;
- Tinha obras (Ap 3.14);
- Era espiritualmente morna (Ap 3.14);
- Era rica, porém pobre (Ap 3.17): como podemos perceber, a igreja de Laodicéia encontrava-se numa situação oposta a de Esmirna. O conceito dos cristãos desta igreja sobre prosperidade era equivocado aos olhos de Cristo, pois ele os adverte dizendo: “como dizes“, no entanto ouvem dele “e não sabes que és“. Percebe-se nitidamente aqui a grande diferença entre o ter e o ser. O materialismo presente na cidade afetou a igreja ao ponto dela gloriar-se no que financeiramente possuía: bancos abarrotados de dinheiro, mas era pobre; tinham lã para fabricar roupas, todavia estavam nus; e sua medicina estava tão avançada que criou um tipo de colírio, que trazia cura para algumas doenças dos olhos, entretanto eram cegos. Por fim, sua espiritualidade morna, era tão insuportável para Cristo como suas águas mornas eram para o consumo.
- CONCLUSÃO
- É necessário entender que nem a pobreza nem a riqueza caracterizam a prosperidade de uma igreja. Muito pelo contrário, a verdadeira riqueza de uma igreja, do ponto de vista divino, encontra-se numa fé verdadeira, que é mais preciosa que o ouro (I Pe 1.7); em vestes espirituais brancas (Ap 19.8); e por fim, na abertura dos olhos espirituais pela revelação da Palavra e do Espírito (Sl 19.8/Ef 1.8).
Bibliografia: - MACARTHUR. Bíblia de Estudo. CPAD.ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas: a Igreja e a sua missão. CPAD.
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