Papai e mamãe, cuidado:30% das roupas de meninas são sensuais demais, diz estudo
Em março a Ruth lançou no Mulher 7×7 o debate sobre a venda de sutiãs com enchimento para meninas de 8 anos. O item causou tanta polêmica que acabou sendoretirado do mercado.
Um estudo divulgado nesta segunda (9) confirma a preocupação dos pais com a sexualização precoce das roupas para meninas. Segundo a pesquisa, 30% das peças vendidas via internet para garotas nos Estados Unidos são consideradas sensuais demais para a idade. O levantamento, feito por Samantha Goodin sob orientação de Sarah Murnen, professora de psicologia no Kenyon College, está disponível online na publicação Sex Roles.
Elas analisaram a frequência de itens que enfatizavam partes do corpo ou tivessem inscrições com conteúdo sexual. De todas as 5666 peças analisadas em 15 sites de venda de roupa, 69% tinham só características infantis; 25% tinham características infantis e sensuais; 4% tinham apenas características sensuais e outros 4% não se enquadravam nem como infantis nem como sexy.
Um ponto importante, segundo a pesquisa, é que, quando uma peça reúne elementos infantis e sexualizados, fica mais fácil convercer os pais a comprá-las. Se uma minissaia com estampa de oncinha é pink, os pais tendem a olhá-la como infantil, embora haja elementos sexy. Faz bastante sentido, não é? Eu mesma, quando criança, lembro-me de ter minissaias, de usar meia-calça (que eu odiava!) e sei que minha irmã tinha um tamanquinho de salto (que ela amava!) aos 3 anos de idade. Nada era de oncinha, é verdade, mas às vezes é difícil estabelecer o limite da sensualidade para crianças. Não é mesmo?
Para as pesquisadoras, camisetas e vestidos com recortes que criam a aparência de seios ou calças que enfatizavam o bumbum, com bolsos e detalhes, são exemplos de peças com teor de sensualidade maior do que o recomendável. Embora os limites do que é sensual ou aceitável para meninas de 7, 8 anos varie de acordo com a cultura dos pais, a pesquisa é válida porque levanta a questão da sexualização precoce.
A questão é importante porque, mais do que alçar crianças à condição de adultas muito antes da hora, esse tipo de roupa estaria ligado a problemas de baixa autoestima mais tarde. Se as meninas aprendem desde cedo que têm que se enquadrar num padrão de aparência (no caso, o “sexy”), podem ter problemas para lidar com o próprio corpo na adolescência e na idade adulta. Se a menina pensa, desde cedo, que precisa ser atraente para ser aceita, se acha que tem que estar sempre impecável – bem vestida, bem maquiada… –, torna-se um alvo fácil para doenças a ansiedade, a depressão, a anorexia e a bulimia.
Segundo o estudo, o que para os pais pode ser só uma saia fofa pode passar uma mensagem que nenhum pai ou mãe gostaria de passar para sua menina. Você concorda?
Letícia Sorg é repórter especial de ÉPOCA em São Paulo


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